O dia 23 de novembro começou cedo para Gustavo Cuéllar. Se a pior sensação para o jogador de futebol é viver a expectativa de ser campeão sem poder entrar em campo, o colombiano viveu a experiência em dose dupla a partir do momento em que o despertador tocou antes mesmo das 5 horas da manhã em Saitama, no Japão. No papel de torcedor, viu o Flamengo vencer a Libertadores e o Al Hilal conquistar a Champions da Ásia.
Títulos que transformaram o volante em um dos personagens mais badalados das semanas que antecedem o Mundial de Clubes da Fifa, no Qatar. Os árabes serão os adversários dos rubro-negros em caso de vitória sobre o Esperance, da Tunísia, nas quartas de final. Obra de um destino que cruza os caminhos de Cuéllar e do Flamengo após uma separação conturbada no final de agosto:
— Na vida, temos que fazer escolhas. Não me arrependo da escolha que fiz. Fico muito feliz pelo Flamengo, pelos meus amigos que escreveram história em um clube gigantesco e isso que me interessa.
— Tive o carinho do torcedor enquanto estive no Flamengo, e isso é o mais importante. Eles me ajudaram a superar momentos de dificuldades na carreira e tive uma fortaleza para viver grandes momentos no clube.
Em três meses de Al Hilal, Cuéllar disputou sete partidas, todas pela Liga Árabe. Sem tempo para ser inscrito na Champions Asiática, esteve no Japão como convidado para a decisão contra o Urawa Red Diamonds. A vitória por 2 a 0 colocou o Al Hilal no Mundial, e garantiu a segunda festa daquele sábado para o colombiano.
Por conta do fuso-horário, a decisão entre Flamengo e River Plate teve início às 5h da manhã em solo japonês. Não foi empecilho para o ex-rubro-negro que esteve em campo em 10 das 13 partidas na Libertadores e, ao apito final, fez uma postagem parabenizando os ex-companheiros.
— O sentimento de longe foi de muita felicidade. É uma instituição que trabalhou muito para conquistar isso que está conquistando hoje. Fico muito feliz. Daqui para frente, só vai ter coisa boa para o Flamengo.
Da Arábia Saudita, Cuéllar atendeu o portal ‘Globo Esporte‘ para falar a expectativa para o Mundial de Clubes, revelar se se sente ou não campeão da América e avaliar o início no Al Hilal. Confira:
Logo que acabou o jogo, você fez uma postagem parabenizando o Flamengo. Conseguiu acompanhar o jogo?
Fiz essa postagem porque saiu do meu coração parabenizar os meus companheiros e, acima de tudo, o Flamengo. Não é fácil ser campeão da Libertadores. Ainda mais o caminho que o Flamengo percorreu e como percorreu.
— Fiquei muito feliz e alegre. Acordei cedo para ver o jogo. Sei que é o início de muitos títulos. Meus amigos vão continuar trabalhando para isso.
Você esteve em campo em dez dos 13 jogos do Flamengo na Libertadores. Se sente campeão?
Fiz parte, sim, de alguns jogos da Libertadores. Sinto que contribuí de alguma maneira para este título, mas nos jogos mais decisivos eu não estive presente. Então, é total mérito dos meus amigos. Não é fácil. Parabenizo mais uma vez ao Flamengo e a eles, que merecem demais esse título conquistado.
Ainda mantém contato com os jogadores do elenco?
Falo muito com meu parceiro, meu amigo Rodinei. Com outros, falo menos, mas tenho contato, sigo nas redes sociais e estou sempre sabendo de tudo que está acontecendo. Foi um momento muito marcante para a instituição, para os meus amigos.
Como está a adaptação ao Al Hilal?
Tem sido boa. Fui muito bem recebido pelo torcedor, pelos meus companheiros. Tem sido uma experiência muito boa. É um país tem mudado muito a cultura, isso ajuda muito na adaptação. Também tem jogadores que falam espanhol, português, e isso ajuda.
O clube foi campeão asiático, mas você não entrou em campo…
Sim. Na Champions, há um limite. Quando cheguei, tinha encerrado a inscrição para as quartas de final e para semifinal. Fica para o Mundial, se Deus quiser.
Mundial onde o Al Hilal está a uma vitória do seu reencontro com o Flamengo…
Ficaria muito feliz de encontrar meus companheiros lá, dar um abraço, falar que estou com saudades de pessoas que me ajudaram muito no Flamengo. Vai ser muito lindo. Tomara que nos encontremos na semifinal e que ganhe o melhor.
— Estou defendendo meu novo clube, vou trabalhar para o Hilal. Se o Hilal não vencer, obviamente vou torcer para o Flamengo ganhar o Mundial.
Retirado de: Globo Esporte