O futuro de Jorge Jesus — que tem contrato com o Flamengo apenas até maio de 2020 — só deverá ser conhecido após o Mundial de Clubes, no fim do mês. Mas o português afirma que o resultado do torneio não influenciará sua decisão de permanecer ou não na Gávea.
— (Significaria) terminar a temporada com mais um título, tão importante como foi a Libertadores. Mas a minha decisão não vai ser tomada em função desse jogo. Até porque eu tenho contrato com o Flamengo até maio, apesar de haver alguma especulação em torno do meu futuro — disse o treinador em entrevista ao “Correio da Manhã”.
Embora reforce que seu vínculo com o Flamengo se estende até maio, há uma cláusula que permite a Jorge Jesus deixar o Rubro-Negro ao fim deste ano sem que precise pagar multa. Nesse contexto, volta à tona o desejo do português de retornar à Europa e disputar a Liga dos Campeões.
Jesus reconhece que hoje apenas “6 ou 7 equipes” proporcionam a possibilidade de conquistar o principal torneio de clubes do Velho Continente. Na última temporada, os ingleses foram mais longe na Champions, com o título do Liverpool sobre o Tottenham. Mas trabalhar na Terra da Rainha não é a prioridade do português:
— Sou mais fã de dois campeonatos, que não são os preferidos da maioria das pessoas. Sou mais fã dos campeonatos espanhol e italiano do que do inglês. Todos querem treinar na Inglaterra, mas, se der, (minha) prioridade é a Espanha. Talvez também pela língua, porque estou muito habituado a falar com jogadores que falam espanhol. Por isso, seria mais fácil para mim. Mas não quero fazer previsões, até porque estou muito feliz no Flamengo.
Caso não realize o sonho de treinar na Espanha, Jesus considera retornar a Portugal, onde as portas “estarão sempre abertas”. A hora de voltar para casa, porém, não está clara na cabeça do treinador rubro-negro:
— Seguramente, vou voltar ao Campeonato Português. Quando, não sei. Quando saí, estava seguro de que, passado um ano, ia regressar. Agora, não estou tão seguro, ponho mais obstáculos a essa hipótese. Mas não quer dizer que não possa acontecer. Tudo tem a ver com o que me podem oferecer a nível desportivo. Se for para lutar para ser campeão em Portugal, são três equipes (com chances). Se for para olhar para fora, só uma é que dá essa hipótese. Uma ou duas. E, mesmo assim, essas podem não dar.
Antes de pensar em 2020, Jesus tem um ambicioso objetivo à frente: conquistar o Mundial de Clubes com o Flamengo. Embora reconheça que esse desafio “é o mais difícil”, o técnico não adota postura pessimista, fruto da confiança em um trabalho que em poucos meses rendeu os titulos do Brasileirão e da Libertadores.
— Aqui no Flamengo, conseguimos tudo isto com o trabalho de muita gente. Este é um clube com uma estrutura muito bem organizada. Se sonhava com estes objetivos? Sonhava. Foi por isso que fui para o Brasil, fui à procura destes títulos. Cada vez mais tenho a consciência de que, para conquistar estes dois títulos, tens de ter muito talento e os teus jogadores têm de ter esse mesmo talento — afirmou.
Embora seja um admirador do futebol brasileiro, Jesus admite que foi “surpreendido pela qualidade do campeonato” local e “pela paixão e pelo entusiasmo” dos torcedores. De fato, os rubro-negros não escondem a empolgação com o trabalho do técnico — os gritos de “olê, olê, olê, Mister, Mister” são a prova disso.
— Nunca fui acarinhado como tenho sido aqui no Flamengo. Não há comparação possível — reconhece Jesus. — Eles também são muitos, o país tem 220 milhões de pessoas, e 40 milhões são adeptos do Flamengo. Mas os brasileiros são diferentes de nós, são mais carinhosos. Hoje percebo-os melhor e percebo melhor aquelas canções brasileiras de amor que ouvia em Portugal.
Retirado de: Extra
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