O Flamengo vive um dos finais de ano mais mágicos de sua história. Campeão brasileiro e da Conmebol Libertadores, o time carioca ainda tem a chance de conquistar o bicampeonato do Mundial de Clubes da Fifa, em Catar, nos próximos dias. Mesmo com mais uma competição batendo à porta do clube, há pessoas no Flamengo que estão com a cabeça na próxima temporada.
Em longa entrevista ao diário O Dia, do Rio de Janeiro, Marcos Braz, vice-presidente de futebol do time carioca, falou sobre a possibilidade de contar com reforços para a próxima temporada e que ‘muitos nomes’ têm sido oferecidos ao clube dada a visibilidade que o Flamengo ganhou ainda mais com os títulos conquistados neste final de ano. Atletas como Thiago Maia, Jemerson e Balotelli foram especulados recentemente no Flamengo.
“Tudo tem o seu tempo. O Flamengo, naquele momento, entendia que seria uma boa contratação. Não foi possível, mas isso é desconectado para agora. Agora é zerar a pedra e vê o que está sendo oferecido. Muita coisa que está sendo oferecido diariamente. Depois que oferecido, a gente conversa. Três grandes jogadores, mas não tem nada avançado assim. Não é porque o Flamengo pensou que poderia tentar de novo. Vamos aguardar. Não tem essa agonia toda. Vamos maturar primeiro os títulos. Títulos difíceis de ganhar”.
Thiago Maia nunca escondeu o sonho de vestir a camisa do Flamengo. Atualmente no Lille, o nome campeão olímpico em 2016 disse inúmeras vezes que torce pelo time carioca e deseja abertamente vestir a camisa do clube, principalmente a partir de janeiro de 2020. O próprio atleta confirmou que houve uma negociação em junho deste ano, mas não houve evolução para um acordo final.
O dirigente do time carioca ainda foi questionado sobre reforços de dentro do futebol brasileiro. Tido como ‘concorrente direto’ do Flamengo na briga por títulos, o Palmeiras foi analisado pelo dirigente do Rubro-Negro, que aproveitou para elogiar Dudu, camisa 7 e principal nome do elenco alviverde. “Dudu é um grande jogador, como vários do Palmeiras. Acho que qualquer jogador que possa reforçar o elenco, é importante”.
“Acho que os resultados são inquestionáveis. Ganhamos o Estadual, fomos desclassificados na Copa do Brasil nos pênaltis, a gente ganhou uma Libertadores e ganhamos o Brasileiro. O Brasileiro é oito meses de disputa e é onde aparece o trabalho, onde mostra contundência no trabalho. No começo do ano, se você me perguntasse se ganharíamos isso tudo, eu falaria que o Flamengo ganharia um dos três títulos. Os resultados foram os melhores possíveis. Ainda tem o Mundial para disputar. Acho que o Flamengo não deve trazer a responsabilidade para este Mundial, mas não quer dizer que não estamos trabalhando duro para ganhar o campeonato.”
“Não tem maior erro. Não sei te falar qual foi o maior erro e o maior acerto. Em um ano você sempre erra. Eu acho que temos que analisar a conjuntura. Isso é importante e precisa ser falado. Em 38 dias de gestão, a gente teve uma tragédia no Ninho. As pessoas não se conheciam tanto. A minha relação com Bruno Spindel é totalmente diferente do era no começo do ano. A minha relação com Noval também. Eu acho que isso é geral. Eu não vou te falar qual é o maior acerto e o maior erro. Agora é ter calma para ajustar tudo.”
“Eu não vejo desta maneira. Eu vejo um ter uma relação com o outro muito reta e transparente. Isso facilita no dia a dia. No Conselho do Futebol, eu também não conhecia as pessoas e elas não me conheciam. Eu acho que 2020 poderá ser um bom ano neste sentido também.”
“Isso. Não é só o time do campo que precisa de entrosamento. O jeito das pessoas, o que as pessoas gostam. Eu acho que vamos ter um grande 2020.”
“É simples. Quem acha que vai ‘jogar’ comigo e com ele está perdendo tempo. Porque se eu falar com alguém, ele vai saber. E quem fala com ele, eu fico sabendo. Eu tenho uma relação muita boa com as pessoas do mercado. Quando você está no Flamengo, isso é grau facilitador.”
“O Pelaipe é o cara que tenho mais relação diária para mandar ou pedir demandas. Eu faço pelo Bruno também, mas tem coisas, como saber como foi o treino, recuperação de jogador. O Pelaipe fica lá de oito da manhã até oito da noite… ele executa muito essas demandas do dia a dia. Às vezes Bruno está em outras demandas e eu falo com Pelaipe. O cara que tenho mais ligação no futebol é ele.”
“Título é igual a filho. Não tem melhor. Não tem mais bonito ou mais feio. Eu tenho uma Copa do Brasil (2006) que era um outro Flamengo. Eu era diretor de futebol e fui campeão em cima do Vasco. Em 2009, eu já era mais protagonista, sendo vice presidente. Era um outro mundo no futebol. Não tinha os blogueiros, não tinha mídia social tão forte. Aí vem o de 2019. A gente consegue ganhar um Brasileiro, uma Libertadores e um Estadual. Ganhar uma Libertadores, Venê, é o sonho de criança. Ser campeão da América. A Libertadores é diferente, mas não é mais bonito que o Brasileiro de 2009. O de 2009 foi muito importante para a minha vida.”
“É o filho mais chegado (risos). Não é mais carinho, é mais chegado. Isso é um processo normal da vida. Eu não tenho menos carinho. Tenho uma relação mais próxima. Tem o Mundial aí, né. Quem sabe?!”
“A gente tem uma semifinal ainda. Um jogo que pode ser fortíssimo, caso seja o Al Hilal. O time é muito forte. Temos que passar por essa semifinal ainda. Sem clima de já ganhou. Se passarmos, a gente pensa na final.”
“Não, mas se o Jorge Jesus sai para o Emelec, eu viraria chacota. Eu quero te recordar aqui… o Flamengo sai do jogo contra o Athletico-PR, vai jogar contra o Emelec eliminado da Copa do Brasil e perde por 2 a 0. Tudo isso em um período de 20 dias. Se o jogo na volta não fosse o final que foi, eu não sei se nós teríamos vida fácil. Poderíamos ter os resultados no Brasileirão, mas mais questionado. Nesses 20 dias, se você for fazer uma pesquisa na internet, eu acho que uma parte da imprensa não deu tempo suficiente para o Jorge. Ou seja, eu ia ficar como uma pessoa que trouxe um português e mais sete pessoas e que não deu certo. Mas o final não foi esse. A gente sempre teve certeza que ele daria certo. Os times do Jorge sempre foram times que a torcida do Flamengo gostou. Jogando para cima, para dentro, com futebol bonito. Ele sempre jogou desta maneira com times inferiores e menores. A gente achava que isso poderia ser importante. Ele joga da maneira que a torcida gosta.”
“Eu acho que para você contratar Rafinha, Gabigol, Filipe Luís, Arrascaeta, que são jogadores conhecidos, é muito mais saber como contratar do que analisar outras coisas. Lógico, a gente tem um departamento muito bom que dá as informações, mas depois precisa definir como vai fazer. Tem um pouco de tudo. Um pouco de conhecimento de futebol, sorte, tem que ter tudo. A gente sempre vai procurar apontar para um jogador que se tenha mais identidade com o Flamengo. Acho que a gente teve esse cuidado. Filipe Luís, Rafinha… São jogadores que queriam jogar no Flamengo. Isso não sai no ‘scouter’ que o cara quer jogar no Flamengo. É conhecer o mercado. Saber perguntar para as pessoas certas qual foi o histórico do jogador em tal lugar. É um pouco de tudo. De fato acertamos muito, mas é mérito de todo mundo. Mérito do Landim que acreditou.”
“Eu achava que o Flamengo precisava de um jogador assim, dessa atmosfera. Não me preocupa se vou ter um pouco mais de trabalho ou não. Se eu posso ter um pouco mais de risco ou não. Falaram muita coisa. Eu não encontrei nada disso. Encontrei um jogador focado, que cumpre as determinações, os horários, treina com intensidade. Eu não tive dificuldade nenhuma. Eu gostava dele e achava que precisava de um jogador como ele. Talvez um ou outro com menos entusiasmo, mas esse sucesso é de todos e não só meu.”
“Eu acho que dão parabéns ao Flamengo e não a mim. Quem assina é o Landim. Eu acertei, então todos acertaram.”
(Um sorriso de canto antes de responder) O Adriano foi campeão brasileiro e artilheiro. Isso deve acontecer com ele também. Era outro mundo. Não dá para comparar. Mas, quando o Adriano veio, ele veio menos questionado. O Gabriel veio com 22 anos, eu tinha certeza que ia dar certo. Uma contratação que tinha certeza do sucesso. Conversei com ele antes. Conversei com os empresários dele antes. Conversei com a família. Todos estavam animados. Deu certo. Isso que vale.”
“Tem alguns ajustes ainda, mas temos esse Mundial. Agora, com esse Mundial, a gente vai tratando e vai esperando o Mundial passar. Não tem muito o que falar. Ele tem a intenção de ficar, e o Flamengo de contratar. Eu estou muito à vontade para falar deste assunto. Desde o começo de janeiro, eu sempre tratei este assunto com uma lupa e prestando atenção nas movimentações.”
“O empresário dele está viajando, chega aqui na semana que vem. Vamos ver se é possível acabar de ajustar. Mas semana que vem vamos viajar para o Mundial. Muito provavelmente isso ficará para depois do Mundial.”
O Flamengo tendo que comprar é no mínimo de quatro anos. Acho que vai ser por aí. Até pela idade e o preço que terá que pagar. O tempo é a garantia para que o retorno financeiro seja equacionado.”
“É o que está saindo por aí!”
“É o que está saindo por aí!”
“Faz a média disso.”
“Quando o empresário chegar, a gente vai continuar devagarinho. A nossa ideia é tratar esse assunto.”
“Bem encaminhadas.”
“Não, mas se tiver que ir, não tem problema.”
“Sim. Muito. Em todas as negociações eu sentei para conversar antes. Todos eu conversei e olhei no olho. Tem que tomar um cafézinho com o jogador (sorriso de canto). Até para mostrar o que é o Flamengo, qual é o pensamento da diretoria. Para os jogadores mais complicados de contratar, a gente apresenta uma saída que não fosse traumática para ninguém. Você quer contratar Rafinha e Filipe Luís, com anos de Europa, a adaptação não é certa. A gente sempre apresentou uma saída em que não fosse traumática para ninguém. Vem que vamos ajustando. Isso foi feito com Jorge Jesus também.”
“Não tem muito dos bastidores e do que contar. Eu sou português, tenho dupla nacionalidade. Em um momento pensamos se poderíamos ir por este caminho. O Abel pediu para sair… Eu já estava em Portugal vendo outras coisas, o Bruno foi me encontrar lá, conversamos com Jorge Jesus, e depois Landim sacramentou tudo (em seguida uma piscadinha).”
“Jesus tem contrato até 30 de maio de 2020. O Flamengo vai fazer sempre o possível para manter quem deu certo. A minha relação com Jorge é boa e contínua. Eu viajo com o time, estou toda hora com Jorge, é tratar com naturalidade. Eu não posso botar pressão em uma situação que todos sabem que o Flamengo quer que ele continue. Ele entregou uma Libertadores, um Brasileiro, deixa ele ir no tempo dele.”
“O Jorge Jesus tem uma cláusula que pode sair sem pagar multa. O que isso mostra? Mostra a boa intenção do Flamengo. A ideia de criar uma boa relação. Isso da cláusula, com o Mundial, ninguém vai exercer nada. Não tem o que abordar. Isso era um caso se não tivesse o Mundial. Tendo o Mundial, a coisa natural é conversar depois do Mundial ou quando Jorge entender. A minha boa relação com ele permite isso.”
“Ok. Cumprir o contrato. Eu estou falando isso. Ele tem contrato. Se ele achar que não tem que conversar agora, será respeitado isso. Mas não é tão bom para o Flamengo? O que ele entregou tem que ser respeitado. Ele entregou um Brasileiro, uma Libertadores e até o que ele não entregou. O estafe dele é muito bom. O Flamengo ganhou uma Libertadores fazendo gol em três minutos no fim do segundo tempo, se você achar que não tem trabalho na parte física, é uma injustiça. O Mário (preparador) é muito importante neste processo. Quando a gente fala de renovação de Jorge, a gente fala de uma situação ampla. O Flamengo está muito feliz com a parte física e técnica.”
“Não tem plano B. Ele tem contrato até junho. Com calma e experiência vamos conversar quando tiver que conversar.”
“Aí eu estaria falando de plano b. Eu não tenho plano b.”
“O mundo do futebol mudou. É totalmente diferente. A minha passagem pela Secretaria do Esporte me ajudou muito para crescer e evoluir. É o que te falei… não pode comparar. Era outro mundo. Não dá para comparar título.”
“Se você for ver, eu não posto muita coisa. Eu posto o mínimo necessário para crescer o número de seguidores. Muito mais para eu fazer um caminho meu, seguro, para que possa ser uma forma de me comunicar do que querer aparecer, pedir ‘like’.Eu tenho mídias sociais porque me convenceram que é importante para ter um canal de comunicação direto com os torcedores.”
*Marcos Braz costuma botar vídeos de dentro dos vestiário do Flamengo após as vitórias
“Não. Nada disso. Acho até que o meu cargo atrapalha um pouco. Lógico que o cargo dá a dimensão. Mas as minhas redes sociais são canais seguros para eu usar com a torcida. Não é comunicação institucional do Flamengo nas minhas redes. Isso eu não faço e nunca farei.”
“Não. Eu gosto de onde estou. Acho que o presidente do Flamengo tem a liturgia do cargo. Eu não penso nisso. Eu vou para onde o Landim achar que tenho que ir. Amanhã, se ele entender que eu tenho que ajudar o Flamengo em outro lugar, eu vou ajudar. O caminho que ele entender, será feito desta maneira, pelo menos para mim.”
“Eu vou fazer o que o Landim determinar. Se o Landim entender que tenho que ir para releição. Eu vou apoiar. Se o Landim entender que o candidato é A,B ou C, eu vou apoiar essa pessoa.”
“Vai ter um processo de licitação agora do Maracanã, e o Landim, o Bap, outras pessoas estão tocando isso com muita excelência. Vai ter um processo público, mas acho que o Flamengo é capaz de se armar de fazer uma conjuntura para que saia vencedor. E aí é um processo de 30 anos.”
“Não sei se volta, mas pode tirar uma parte de trás da arquibancada, o pessoal assiste de pé. Eu acho que a geral é essa.”
“Eu não tenho nenhum jogador em pauta do Palmeiras agora. Quando você quer fazer uma contratação, você precisa fazer muitas avaliações. Ir em cima de um jogador do Palmeiras, você está indo do que é mais difícil. Mas se não tiver jogador em São Paulo, tem no Sul, na Espanha, na Alemanha. Flamengo tem um bom caminho para trazer jogador. Tem estrutura, paga bem e em dia.”
“Dudu é um grande jogador, como vários do Palmeiras. Acho que qualquer jogador que possa reforçar o elenco, é importante.”
“Cruzeiro fez isso em uma época, São Paulo fez isso em outro época, e o Flamengo fez boas contratações. O que posso falar é que o Flamengo vai atrás de jogadores para reforçar o elenco. Aqui no Brasil ou lá fora.”
“Tenho, mas não vou te falar. Não posso. Atrapalha a negociação, encarece para o Flamengo, mas entendo a sua pergunta.”
“Não (risos).”
“Há chance. O cara vai lá, paga a multa e vai embora. Agora, o time que ganha uma Libertadores e um Brasileirão é porque tem um elenco acima da média, e os times procuraram jogadores assim. Não posso tratar como fantasma. Temos que contratar com naturalidade.”
“A multa rescisória é uma defesa do clube. A multa rescisória é um maneira que coloca o clube na mesa de negociação. Só sai pela multa? Não posso te falar isso. Até porque a multa rescisória dele é muito elevada. Não sei te falar quanto é, mas é bem alta.”
“Foi o possível para poder renovar. Ele só tinha mais um ano de contrato. A gente queria resolver esta situação. Não vou deixar faltar meio ano para tratar deste assunto. Foi o possível. O que posso falar é que a gente conta com o jogador. Ele fez gols importantes… Agora renovou, totalmente entrosado no profissional. Não tem menor condições de ficar na Seleção Sub-17, já está inserido no profissional e foi o que o Flamengo fez.”
“Não teve nenhuma. Nenhuma mesmo. Proposta não. Tanto que ele chegou e renovou. Mesmo se tivesse, a gente poderia não gostar da proposta.”
“Por lei, os jogadores precisam ter 30 dias de folga. É lei. A gente deve voltar do Catar no dia 23. Então, os atletas devem voltar aos trabalhos no dia 23 de janeiro. O Carioca começa antes disso, se eu não me engano no dia 22. É natural que uma parte do campeonato a gente tenha uma equipe diferente. É lei. Isso não podemos mudar.”
Adaptado de: Fox Sports e O Dia
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