Maurício Souza vê controle do Flamengo na estreia, mas lamenta: “Só isso não adianta”

Maurício Souza durante partida do Flamengo (Foto: Arquivo Pessoal)

Após o empate por 0 a 0 com o Macaé, no Maracanã, na estreia do Campeonato Carioca, o técnico Maurício Souza disse, em entrevista coletiva, que os garotos do Flamengo controlaram a partida, mas fez uma ressalva: só isso não é suficiente.

— Nós tivemos o controle total da partida. Foram 19 chutes, 11 dentro da área, se não estou enganado. Mas falei para eles que só isso não adianta, que a gente precisa se defender. A proposta do Macaé foi se defender. A gente teve total controle e posse de bola, mas é preciso que a gente empurre pelo menos uma para dentro.

O técnico também falou sobre a pressão de comandar e defender o Flamengo no Campeonato Carioca – o clube vai se dividir em dois no torneio e, neste início, vai utilizar basicamente jogadores do sub-20. Ainda de férias em Lisboa, Jorge Jesus volta ao Rio na próxima segunda-feira.

— A gente sabe que para trabalhar no Flamengo, a gente tem que estar preparado para todo tipo de pressão. A gente quer dar o melhor. Não é uma coisa que me atrapalha. Estamos pensando no agora. O que vai vir depois para a garotada, não depende só da gente. Eles estão muito motivados em defender o Flamengo, hoje foi uma prova disso. E eu posso garantir que eles não estão com a cabeça no que vai acontecer depois.

Veja mais trechos da entrevista:

OPÇÃO POR MATHEUZINHO NA LATERAL DIREITA

– Trata-se de dois grandes jogadores. Vocês sabem que nós tivemos dez dias praticamente para treinar e colocar a equipe em campo. Claro que eu tive que fazer uma mescla para que a gente não perdesse nem na parte física, nem na parte técnica e tática. Nesse primeiro momento, foi uma opção pelo Matheus porque ele vinha jogando praticamente o ano inteiro. Eu passei para eles que a disputa por todas as posições estão abertas, mas a opção se deu pelo encaixe que eu percebi que ficaria melhor com a equipe que eu coloquei em campo.

VAIAS A LUCAS SILVA

– Apesar de novo, ele é um com casca, que está acostumado a sofrer pressão. Ele sabe que perdeu alguns gols que ele não costuma perder. Talvez por isso as vaias, mas trata-se de um belo jogador.

CLÁSSICO COM O VASCO JÁ NA SEGUNDA RODADA

– Creio que o Vasco saia mais para jogar do que o Macaé, mas é jogo a jogo. A gente tem nossa maneira de jogar, vai depender muito de como o Vasco vai se comportar, para que a gente também saiba como se comportar.

– Acho que a equipe está se estruturando, mas independentemente de como o Vasco venha, a gente vai estar pronto.

FALTA DE ENTROSAMENTO DA ZAGA

– Eu confesso que vi poucas vezes isso acontecer. É uma dupla de zaga que jogou pouco. A gente optou por eles com dois laterais que vem jogando o ano todo. Acho que o que aconteceu é bem comum para uma equipe que não joga muito. Foi o primeiro jogo, na verdade. Mas vamos analisar o vídeo depois, ver todos os lances, para poder qualquer tipo de erro que a gente entenda que aconteceu com recorrência. Algum momento, acontece algum erro que eles mesmo se corrigem dentro do campo. O que não pode acontecer é deixar de ter a correção.

ATAQUE NÃO FUNCIONOU, MAS MELHOROU COM WENDEL E RODRIGO MUNIZ

– Melhorou (o ataque) porque são dois grandes jogadores que entram, que têm qualidade para mudar uma partida. Além disso, o Macaé também deu uma sentida. Correu muito atrás da gente, fez basicamente uma marcação individual. Acho que o Vitor Gabriel não teve muitas chances, as que teve, não conseguiu colocar para dentro.

– Nós temos pouco tempo (para o clássico), mas o tempo que a gente tiver, a gente vai tentar ajustar isso tudo para que no jogo contra o Vasco, a gente fale de outro tema. Um time que deu 19 finalizações e não conseguiu fazer o gol, é claro que os olhares vão estar voltados para o ataque. Eu confio muito nessa molecada, posso garantir que eles estão extremamente empenhados e se hoje não entrou a bola, eles vão estar se cobrando para que ela entre no próximo jogo.

SEMELHANÇA COM JOGO DE JORGE JESUS

– Eu tenho certeza que o Mister tem deixado um legado muito grande, é um treinador de alto nível. Mas quem acompanha minhas equipes desde o início do ano (passado), sabe que eu faço não só essa mudança de estrutura, mas como outras. Hoje nós tivemos o Hugo (Moura) encaixando, o Vinícius virando volante, que é basicamente o que o Mister também faz.

– Tivemos volantes lado a lado, laterais lá dentro, lateral-volante-lateral e os pontas abertos… enfim, chamo de mudança da estrutura funcional. A gente tem que estar mudando ela para de alguma forma surpreender uma defesa tão baixa como a do Macaé. Volto a falar, é claro que ele vai deixar um legado, infelizmente falo muito menos com ele do que eu gostaria, até por conta das demandas. Lógico que ver a equipe dele jogar é um aprendizado também.

LANCE POLÊMICO NO FIM DO JOGO: A BOLA ENTROU?

– Eu vi, mas sinceramente não sei se a bola entrou, porque o que eu vi de filmagem não deu para perceber. Uns jogadores falaram que entrou, outros falaram que bateu na mão. Teve jogador que falou que não entrou. O juiz estava muito próximo do lance e eu deixo essa decisão para ele. Seria leviano da minha parte falar que a bola entrou ou não, porque eu não tenho certeza.

OPÇÃO POR HUGO MOURA E VINÍCIUS JUNTOS

– Essa foi uma dúvida que nós trouxemos na preparação. Nesse momento eu não poderia abrir mão do Hugo Moura e do Vinícius, apesar de saber que eles desempenham praticamente a mesma função. O Vinícius fez a base dele toda como segundo volante, eu o convenci a virar cinco, mas ele sabe jogar também mais adiantado. Talvez não tenha tão comportamento para jogar de segundo volante, como um oito.

– Sem dúvida, quando a gente recua o Hugo, não só a gente ganha o Pepê, como a gente ganha o Vinícius na posição dele também. É uma opção que eu tenho, de abrir mão de um dos dois e colocar o Pepê. Nós temos pouco tempo, mas vamos encontrar a melhor formação.

Retirado de: Globo Esporte