Ex-meia do Flamengo ‘vira’ artilheiro em 2020 e relembra confronto contra Jorge Jesus

O êxodo de jogadores brasileiros para o futebol árabe, conhecido especialmente por seu lado financeiro, já é comum. O meio-campista Luiz Antônio, revelado pelo Flamengo e com passagens por clubes como a Chapecoense e Bahia, é mais um deles. Hoje no Baniyas, dos Emirados Árabes Unidos, também já teve passagem pelo Al-Shabab, da Arábia Saudita.

Em entrevista exclusiva ao Esporte Interativo, o brasileiro revelou que considera se naturalizar, relembrou o confronto contra o Al-Hilal de Jorge Jesus e contou sobre sua mudança de posição, depois de ter um começo “artilheiro” em 2020, marcando três gols em quatro jogos no ano.

Primariamente um volante quando surgiu no futebol profissional, Luiz Antônio também chegou a jogar pela lateral-direita em seu começo no Fla, mas se tornou um jogador mais completo nos Emirados Árabes, desempenhando a função de um meio-campista área-a-área, termo utilizado para designar aqueles jogadores que jogam por todo o campo (no inglês, box-to-box).

— 2020 começou muito bem pra mim. Foram quatro jogos e três gols. O treinador quer que eu pise na área, que eu jogue mesmo como um box-to-box. Teoricamente, estou mais ofensivo do que joguei na Arábia Saudita e nos outros anos, apesar de ter jogado como meia na Chape também. Tá sendo muito importante essa nova função de chegar mais perto da área e pegar mais esse gostinho por fazer gol.

Em seu clube anterior, o Al-Shabab, Luiz Antônio esteve frente a frente com o técnico Jorge Jesus, que comandava o Al-Hilal na época. Apesar de admitir não conhecer muito bem o atual comandante rubro-negro, o brasileiro comemorou o sucesso recente do Flamengo e indicou o que já havia visto de Jesus.

— Joguei contra o time dele na Arábia e era um time bem postado, bem dinâmico, que tinha uma linha alta e queria sempre controlar o jogo. Os jogadores da frente não tinham posição fixa, então se movimentavam muito, como se joga na Europa.

— O Flamengo está ficando em outro patamar, como o Bruno Henrique bem fala, de CT, estrutura, dentro e fora de campo. A torcida não tem o que se falar. Fico feliz de ver o clube em que eu fui criado desde pequeno estar em outro nível. Espero que esse futebol bonito e de muitos títulos continue por muitos anos.

Além disso, Luiz Antônio tentou desmistificar o rótulo de que jogadores brasileiros que vão jogar no futebol árabe o fazem motivados pelo lado financeiro e indicou que, especialmente na Arábia Saudita, o nível técnico e tático é alto.

— Realmente diziam no Brasil que os jogadores só vinham para cá pela parte financeira. E acredito que a maioria venha. Mas tem jogadores que vêm por um novo desafio. Na Arábia Saudita, o futebol é mais forte e, tática e tecnicamente, tem um estilo mais próximo do europeu. Acham que não é um futebol forte, mas é.

Por fim, o meio-campista revelou que não pretende voltar ao Brasil pelos próximos anos e considera uma naturalização como uma oportunidade a ser levada em conta para permanecer nos Emirados Árabes Unidos.

— Eu tenho 28 anos. Pretendo jogar por muito tempo ainda. Tô procurando me cuidar desde cedo. Tenho o objetivo, mais pra frente, de voltar ao Brasil, mas a princípio pretendo ficar aqui por mais uns cinco, seis anos, por conta do estudo dos meus filhos, da segurança do país. Tá acontecendo agora de muitos jogadores europeus, brasileiros, conseguirem a dupla cidadania. Quem sabe? Pode ser uma possibilidade.

A última passagem de Luiz Antônio pelo futebol brasileiro foi na Chapecoense. Em 2018, o meia deixou o clube rumo ao Al-Shabab, onde ficou por um ano. Pelo Baniyas, onde estreou na metade de 2019, acumula 12 jogos disputados, com três gols e uma assistência.

Retirado de: Esporte Interativo