Dois dias após o acidente que matou 10 jogadores das categorias de base do Flamengo no Ninho do Urubu completar um ano, Júnior falou pela primeira vez sobre a tragédia. Campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 1981, o ex-jogador se mostrou indignado em relação à demora no pagamento das indenizações às famílias envolvidas.
— Quando você vê as grandes contratações que foram feitas, o Flamengo está lidando com o problema de uma forma que parece uma grande negociação. E não é uma grande negociação, não existe valor. O processo natural é o quê? Os filhos enterrarem os pais. Os pais enterrarem os filhos é uma coisa que você não pode desejar nem para o seu pior inimigo. Muitos desses garotos eram também uma forma que as famílias tinham para poder ter uma vida melhor, de dar uma condição melhor para todo mundo.
Em seguida, Júnior recordou a morte de Geraldo, em 1976, que morreu após complicações em uma cirurgia de amígdala. Além disso, atestou que essa postura “não é a cara do Flamengo”, relembrando o período em que defendeu o Rubro-Negro.
— Eu nunca tinha falado sobre isso, é a primeira vez. Eu acho isso uma coisa tão grave, eu que vivi minha vida toda ali dentro. Eu participei de um acidente também que foi a perda do Geraldo em 1976. O cara que seria jogador de seleção brasileira. Houve um acidente, ele morreu de choque anafilático em uma operação de amígdala. Mas o clube naquele momento conseguiu resolver junto à família do Geraldo para que ficassem assistidos. Não na parte econômica, mas na parte sentimental, humana. E eu acho um absurdo que até hoje isso (a indenização às famílias das vítimas da tragédia do Ninho) não tenha sido resolvido). É muita falta de sensibilidade.
— E vou falar uma coisa: isso não é a cara dos grandes dirigentes do Flamengo. Os grandes dirigentes do Flamengo sempre tiveram um lado humano muito grande. Eu vi e presenciei durante toda minha carreira, que foi de 1973 a 1993.
Retirado de: O Dia