Campeão brasileiro pelo Flamengo lembra broncas homéricas de Jorge Jesus: ‘Eu queria rir, mas não podia’

Treinador Jorge Jesus durante uma partida do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Antes de conquistar o Brasileirão e a Libertadores, Jorge Jesus marcou época nas seis temporadas que comandou o Benfica. Com seu jeito exigente, faturou vários títulos – incluindo o tricampeonato português – com um elenco recheado de jogadores sul-americanos.

Um deles era o volante Airton, que chegou ao time encarnado poucos dias depois de ter conquistado o Brasileiro pelo Flamengo.

“Assim que cheguei ele sentou e conversou comigo. Ele disse que estava me observando há tempos e que eu iria ajudar um grupo muito forte”, disse, ao portal ‘ESPN’.

A equipe tinha jogadores do calibre de Luisão, Di María, Saviola, Aimar, Cardozo, Ramires e David Luiz.

“O Saviola foi o que mais me impressionou porque tinha uma inteligência que era descomunal. Jogava demais”, elogiou.

Mesmo com tantos astros, Airton conta que Jesus não costumava dar moleza.

“Ele já gritou muito comigo (risos). Ele gritava muito, reclamava muito e eu achava engraçado o sotaque português. Eu queria rir, mas não podia porque ele é sério à beça. ‘Porra, miúdo, vamos miúdo! Acelera o passe!’ Ele cobra muito, te exige e tenta tirar ao máximo. Se você erra algo bobo, ele fala mesmo. Pede muita concentração até nos treinos para que possa executar aquilo no jogo”, recordou.

O volante diz que os times do Mister gostam de jogar de forma ofensiva e com muita posse de bola.

“O Jesus gosta de intensidade, corre com os jogadores e participa ativamente dos treinos. Ele cobrava muito posicionamento, preenchimento de espaços e cobertura. Você estando bem posicionado não precisa correr tanto, se desgasta menos. Ele sabe a característica de cada um e tenta tirar melhor para o grupo”, explicou.

“Eu era muito novo estava chegando ao país e um futebol bem diferente. Eu fui pegando aos poucos o jeito deles jogando e fui melhorando. Precisava amadurecer e evoluir. Eu cheguei a fazer uns dois jogos como lateral-direito”.

Mesmo quando a equipe vencia por goleada, o técnico tinha o costume de mostrar um vídeo para os jogadores com os erros que haviam cometido no dia anterior.

“O que mais me marcou a foi a forma como ele trabalhava e armava o time para cada adversário. Ele conseguia anular o que o rival tem de forte e explorar muito bem as deficiências deles”, afirmou.

Jesus ajudou a equipe de Lisboa a quebrar um jejum de cinco anos sem títulos do Português.

“O time jogava muito, como o Flamengo tem jogado. O título da Liga foi especial, a torcida do Benfica parece a do Flamengo. É apaixonada, lota o estádio em todos os jogos. A fresta parou Lisboa, as ruas e praças lotadas, na Europa sempre tem torcedores”, contou.

Em 2011, Airton deixou o Benfica – após disputar 34 jogos – para ser emprestado ao Flamengo.

“O Jesus me disse que eu era novo e gostaria que atuasse mais porque o grupo era muito qualificado”, afirmou o brasileiro, que defende atualmente o Amazonas FC.

Créditos do texto: Vladimir Bianchini/ESPN