De Portugal, treinador Jorge Jesus mantém conversas com o Flamengo sobre renovação e calendário

Treinador Jorge Jesus durante uma partida do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

A viagem de Jorge Jesus para Portugal depois de ter a confirmação de teste negativo para o coronavírus não causa preocupação ao Flamengo em relação à renovação do contrato do técnico português.

Mesmo que tenha deixado o Brasil junto com integrantes de sua comissão técnica, o mister mantém conversas com o clube sobre a permanência após o vínculo que se encerra em maio, e acompanha de longe o trabalho remoto realizado com o elenco rubro-negro.

O preparador físico Márcio Sampaio foi para Portugal, mas mantém o controle à distância dos treinos dos jogadores e repassa tudo ao treinador, atento às medidas sobre o calendário brasileiro. O outro preparador físico da comissão de Jesus, Mario Monteiro, está no Rio de plantão para auxiliar os atletas.

Um cuidado que o Flamengo toma é quanto a indefinição do futebol europeu, o que poderia fazer com o clubes do Velho Continente buscassem novos treinadores. Em alta, Jesus poderia ser um alvo, mas todos os envolvidos entendem que não é o momento de trabalhar com especulações. Durante as reuniões feitas de maneira virtual, interesses de fora pouco foram citados.

Outro ponto é que, como o futebol está paralisado, há uma indefinição sobre como ficarão os vínculos dos jogadores. Caso o consenso jurídico entenda que vínculos terminados em 2020 (ou antes, como o caso de Jesus) necessitem de renovação automática, é um brecha que o Flamengo pode explorar e apresentar ao treinador.

Jesus foi “liberado” para ficar com a família em meio às discussões sobre antecipação de férias do futebol brasileiro. Mesmo assim, a diretoria segue em tratativas com o agente Bruno Macedo, que ja esteve no Rio em reunião com a cúpula do futebol por diversas ocasiões.

O empresário Giuliano Bertolucci também faz a ponte entre as partes na tentativa de se chegar a um denominador comum na parte financeira. Até agora esse é o entrave principal que impede que se pense em longo prazo, além, é claro, da quarentena provocada pela pandemia.

O cenário de indefinição sobre o futebol atrapalha a renovação não apenas pelo lado financeiro, uma vez que o clube faz contas para conter seus prejuízos pela falta de jogos, mas também pela ausência de uma perspectiva sobre quando tudo irá se normalizar.

A diretoria do Flamengo segue a postos e entende que o prazo do contrato até o fim de maio ainda é suficiente para que se chegue a um acordo de renovação com o técnico.

O vínculo, no entanto, ainda se encerraria dentro da curva de subida prevista pelo Ministério da Saúde para a disseminação do coronavírus no Brasil. Desta forma, qualquer avanço significativo nas negociações depende de um sinal sobre em que momento o futebol vai voltar ao normal em todo o mundo.

Antes da crise sanitária estourar, Jesus indicou uma pedida salarial elevada para o que o Flamengo pretendia. Na casa dos 7 milhões de euros por ano, o que daria mais de R$ 3 milhões por mês, fora a comissão técnica.

O bom trabalho e os títulos conquistados fazem o técnico entender que merece a valorização no patamar dos seus últimos contratos na Europa. O Flamengo indicou cifras inferiores e espera que o estafe do português entenda que o padrão europeu ainda não chegou por aqui.

— Estava à espera de uma decisão, estudando e cuidando do planejamento de trabalho, mas, diante do adiamento de nossa volta às atividades, quero ficar ao lado de meus familiares nesse momento difícil, de enfrentamento de uma pandemia, que preocupa a todos nós. Rezo e torço para superarmos logo essa crise e eu poder voltar ao campo o mais breve possível — declarou Jorge Jesus.

No Brasil, próprio treinador precisou passar por três testes de coronavírus na última semana, mas o resultado final foi negativo. No Flamengo, o vice-presidente de consulados e embaixadas, Maurício Gomes de Mattos, testou positivo para o vírus e está em quarentena em Brasília. O dirigente foi o único caso confirmado da delegação rubro-negra a contrair a doença.

Retirado de: O Globo