Para amenizar o impacto financeiro causado pela pandemia do novo coronavírus, a Adidas conseguiu a aprovação de um empréstimo sindicalizado de 3 bilhões de euros (cerca de R$ 17 bilhões na cotação atual), com apoio do governo alemão, para mitigar o efeito da quarentena em seus negócios.
De acordo com a Reuters, foi firmado um compromisso de empréstimo de 2,4 bilhões de euros (R$ 13,67 bilhões) com o banco de desenvolvimento estatal alemão (KfW) e outro de 600 milhões de euros (R$ 3,42 bilhões) com um consórcio formado por UniCredit, Bank of America, Citibank, Deutsche Bank, HSBC, MizuhoBank e Standard Chartered Bank.
Uma das condições do empréstimo sindicalizado é que a Adidas suspenda o pagamento de dividendos pela duração do empréstimo. A empresa de material esportivo já tomou medidas nesse sentindo e informou por meio de um comunicado que seu Conselho Executivo interrompeu a recompra de ações da empresa e decidiu renunciar ao seu bônus de curto e longo prazo pelo ano de 2020.
A Adidas também disse que ainda não conseguiu fornecer uma perspectiva para o ano inteiro de 2020 e que a publicação dos resultados do primeiro trimestre seria em 27 de abril de 2020. Os diretores temem outros efeitos com a crise.
O impacto da pandemia foi o cancelamento da Eurocopa e dos Jogos Olímpicos, dois eventos que a empresa alemã é parceira há anos. Além disso, todas as modalidades esportivas suspenderam competições nacionais e locais, sem qualquer previsão de retorno.
No Brasil, Flamengo e São Paulo sentiram o reflexo da crise na Adidas. Responsável pelos uniformes das duas equipes, a empresa alemã ainda não fez os pagamentos previstos para o último período.
O acordo com o clube do Morumbi contempla o pagamento de parcelas mensais de R$ 1 milhão, valor que considera apenas royalties. A Adidas já informou os cartolas tricolores que terá de renegociar o pagamento. Não pagou março e dificilmente pagará abril.
O efeito será forte. Além de ter concluído a última temporada com déficit orçamentário de R$ 180 milhões, o São Paulo não deve conseguir renovar o patrocínio master com o Banco Inter, que paga mensalmente R$ 1,5 milhão. O contrato com a empresa termina no último dia deste mês.
Já o Flamengo não recebeu R$ 9 milhões da Adidas referente à parcela do primeiro semestre. Diferentemente do clube paulistano, a equipe carioca tem um acordo semestral com a empresa alemã. O valor citado deveria ter sido pago no primeiro dia útil de abril.
A diretoria busca uma solução amigável, mas entende que a pandemia do novo coronavírus não é justificativa para o bloqueio da parcela, uma vez que ela é referente aos primeiros meses do ano e inclui bônus sobre conquistas já passadas, como Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana.
O acordo com a Adidas celebrado no início do primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello prevê reajustes anuais. O acordo chega a cerca de R$ 40 milhões por temporada, entre um valor fixo, royalties, descontos de materiais, bônus por metas e luvas.
Dos quase R$ 18 milhões brutos nas duas parcelas deste ano, o Flamengo permanece com aproximadamente R$ 15 milhões limpos em seus cofres. Verba fundamental para manter a engrenagem em funcionamento sem grandes traumas e dar fôlego em meio à crise mundial.
E a irritação com a Adidas tem motivo: ainda que considere ter gordura para queimar durante a paralisação da pandemia, o Flamengo não cogitava não receber valores de acordos já firmados, como o da Adidas.
Em nota enviada para a ESPN Brasil há uma semana, a Adidas informou “que está em conversas com seus parceiros, nas últimas semanas, para encontrar a melhor maneira de enfrentar os impactos econômicos provocados pela COVID-19”.
Retirado de: ESPN