Mais um capítulo da discussão entre Eduardo Bandeira de Mello e a atual diretoria do Flamengo aconteceu nesta quarta-feira. Depois de declarações do ex-presidente de que o incêndio que matou dez jovens no Ninho do Urubu não ocorreria em sua gestão e uma resposta do clube via nota oficial, o cartola voltou a comentar o assunto.
Em entrevista ao comentarista da ESPN Jorge Nicola, em seu blog no portal “Yahoo”, Bandeira de Mello revelou que estava nos planos da sua administração levar a base para o centro de treinamento usado pelo elenco principal assim que os jogadores entrassem em férias, no começo de dezembro. A tragédia que matou dez jovens e deixou mais feridos aconteceu em 8 de fevereiro.
“De acordo com o nosso planejamento, não teria havido o incêndio pois os meninos já teriam se mudado para o CT ocupado até o dia 2 de dezembro pelos profissionais. Isso é límpido, cristalino e baseado em fatos. Os profissionais só voltariam das férias depois da Florida Cup, no fim de janeiro. Então, o CT que os profissionais ocupavam poderia ser ocupado pela base imediatamente, em dezembro”, disse o ex-presidente.
Bandeira de Mello, no entanto, evitou culpar a atual gestão do Flamengo, encabeçada por Rodolfo Landim, como culpada pelo incidente no Ninho do Urubu.
“Seria uma irresponsabilidade minha atribuir culpa a qualquer pessoa. O que eu disse é que, baseado no nosso planejamento, não teria acontecido. E falei também que, durante os seis anos em que fiquei lá, não aconteceu nada parecido. O que não significa que, acontecendo 39 dias depois que saí, alguém tenha culpa disso. Quem tem que definir o que aconteceu definitivamente é a investigação”, afirmou.
O ex-presidente, que comandou o Flamengo de 2013 a 2019, também rebateu as acusações de que o alojamento no Ninho do Urubu, onde os garotos dormiam em contêineres, era inadequado e usou exemplos para defender seu ponto.
“Não era inadequado. O alojamento não era definitivo, nós tínhamos o planejamento de transferi-los no final do ano para um alojamento de primeiro mundo, mas era um alojamento em módulos habitacionais, os quais são largamente utilizados no mundo, no Brasil. Todas as unidades de pronto-atendimento do Rio usam módulos idênticos. As Escolas do Amanhã e a Sede da Rio-216 também tinham escritórios idênticos. Até o Corpo de Bombeiros, que é a principal autoridade para avaliar risco de incêndio, usa o alojamento com módulos habitacionais idênticos ao que o Flamengo utilizava”.
Retirado de: ESPN