A saída de Renê do Sport para o Flamengo, em 2017, ainda é assunto entre os departamentos jurídicos dos dois clubes mesmo depois de três anos. Tudo porque quando o Rubro-Negro carioca contratou o jogador, o Leão havia feito um acordo, em 2014, com uma empresa chamada MP Eventos de cessão de direitos econômicos do atleta.
Nesse contrato, chamado “Instrumento Particular Compartilhamento de Resultado Financeiro advindo de Transferência de Direitos Federativos e Econômicos de Atleta Profissional de Futebol e Outras Avenças”, firmado antes da proibição da Fifa de participação de terceiros nos chamados “direitos econômicos” de atletas, o time da Ilha do Retiro se comprometeu que, se Renê fosse vendido no futuro, o dinheiro seria repassado a MP Eventos, o que acabou não sendo feito quando o lateral-esquerdo se transferiu para o Flamengo. Na ocasião, a diretoria decidiu ficar com todo o valor da negociação (R$3,5 milhões) e a MP Eventos continuou com 50% dos direitos, ao invés de cedido R$ 1.750 à empresa e terem dividido com 25% cada um.
Então, na renovação de contrato de Renê com o Flamengo no fim de 2019 – novo vínculo vai até dezembro de 2022 -, o Rubro-Negro carioca decidiu adquirir mais 25% dos direitos econômicos do jogador que estavam vinculados ao Sport, mas, por um acordo feito anteriormente, como citado acima, foram cedidos à MP Eventos. Com isso, o valor de R$5.626.000,00 terá que ser pago à companhia, segundo um documento assinado por Sport, empresa e jogador, como está sendo feito pela diretoria do time carioca.
A imagem abaixo, do Balanço divulgado pelo Flamengo, mostra o valor que o clube deve pagar pelos 25% dos direitos econômicos do lateral-esquerdo Renê. O nome do Sport e da MP eventos aparecem como credores. Com isso, o Sport, no dia 22 de abril, entrou com uma notificação extrajudicial cobrando esclarecimentos aos cariocas, no prazo de 15 dias, a contar do dia recebido, “solicitando o real valor negociado para a contratação do lateral-esquerdo Renê, montante pago, datas de pagamentos e a quem e onde foram quitados tal cifras”. A reportagem entrou em contato com o presidente do clube, Milton Bivar, que confirmou a informação e disse que ainda aguarda uma resposta dos cariocas. O departamento jurídico do Leão também foi procurado, mas garantiu ao jornal O Dia que esse assunto está sendo conduzido por Bivar.
Uma fonte da reportagem no Sport garante que a atual gestão do Leão não estava sabendo dos acordos feitos nos anos anteriores pelo antigo presidente, Arnaldo José de Barros e Silva Júnior. O Flamengo não se manifestou a respeito do assunto, mas o departamento jurídico do clube ainda está no prazo para responder ao Leão, o que deve ser feito nos próximos dias, e entende que tal atitude da equipe pernambucana não passa de uma forma de a nova gestão se atualizar do que foi feito anterioormente então mandatário, quem assinou toda a documentação à época. A reportagem apurou, inclusive, que o Rubro-Negro carioca está respaldado com documentos para eclarecer todas as dúvidas do processo.
Em resumo: atualmente, o Flamengo é dono de 75% dos direitos econômicos de Renê e o restante pertence à MP Eventos, conforme acordo feito em 2014 e ratificado pelo Sport, jogador e empresa, no documento “Instrumento Particular Compartilhamento de Resultado Financeiro advindo de Transferência de Direitos Federativos e Econômicos de Atleta Profissional de Futebol e Outras Avenças”, assinado em fevereiro de 2017.
Retirado de: O Dia