Na manhã de 2 de junho de 2013, o jornal Folha de S. Paulo previa que o Maracanã ficaria lotado por fãs saudosos, mas muitos críticos olhavam mesmo para os custos e a corrupção. A reforma do velho maior do mundo custou R$ 1,2 bilhão, o que ajudou, anos mais tarde, a levar o governador Sérgio Cabral para a prisão. Com os portões abertos para a reinauguração, na tarde daquele domingo, o Maracanã mostrou o mesmo carisma.
O Brasil empatou por 2 x 2 com a Inglaterra. Presente à festa da reabertura, ouvi cada colega carioca para saber quem se incomodava com a mudança e quem queria mesmo pisar de novo no palco histórico. Foi quase unânime que a saudade falava mais alto, mas o depoimento mais emocionante foi do jornalista João Máximo. Presente na inauguração, em 1950, e também na reabertura, em 2013, João desprendeu-se do passado e disse que gostava do que via.
“Você não sente como se tivessem te tirado o velho Marcanã?”, perguntei. Ao que João Máximo respondeu: “Não. É como se eu tivesse ganhado um novo irmão.” O velho palco deixava memórias e novo trazia novas ideias e emoções, era o que João me dizia.
Ele é o Máximo.
O Maracanã também. Sete anos depois de ser dilapidado por críticas, o Maracanã conseguiu mostrar nos últimos dois anos que mantém o mesmo carisma, mesmo sem a geral, mesmo sem arquibaldos e geraldinos. A alma do estádio está no povo que presente em suas cadeiras ou que assiste a tudo de pé, atrás dos gols, no meio das torcidas uniformizadas, que seguem ali e se recusam a se sentar quando seu time está em campo.
A seleção viveu festas inesquecíveis depois de 2013, no Maracanã, contra a Espanha nos 3 x 0 da Copa das Confederações, na final olímpica vencida contra a Alemanha, nos pênaltis, ou na decisão da Copa América, 3 x 1 na seleção peruana. Vascaínos e botafoguenses foram campeões lá dentro e tiveram dias inesquecíveis, tricolores colecionaram vitórias, mas o Flamengo especialmente deu o colorido do estádio lotado e mostrou que, sim, a alma está estampada no sorriso.
Só não percebeu isso ainda que vai pouco ao Maracanã. No ano passado, o Flamengo registou lá dentro a maior média de público do país nos últimos 36 anos. Foram 52 mil pessoas por jogo no ano inteiro e 55 mil no Brasileirão. O estádio precisará de investimento, manutenção e evolução constante. Não dá para ficar contente com o que se tem, porque o velho país do futebol pode fazer mais.
Mais torcida, mais sorrisos, mais gente de todas as camadas sociais, mais dinheiro para os clubes vindo das bilheterias e das lojas.
Daqui a duas semanas, o Maraca completará 70 anos. Seu destino não é mais ser o maior do mundo, mas o melhor. O estádio mais carismático, na cidade mais bonita, do povo mais alegre, no país do futebol.
Abaixo, a ficha do jogo da reinauguração
02-jun-2013
BRASIL 2 x 2 INGLATERRA
Local: Maracanã (Rio de Janeiro); Juiz: Wilmar Roldán (Colômbia); Eduardo Diaz, Wilson Berrio; Gols: Fred 13, Chamberlain 22, Rooney 33, Paulinho 36 do 2º; Cartão amarelo: Hulk (17), Phil Jones (76)
BRASIL: 12. Júlio César (6,5), 2. Daniel Alves (5,5), 3. Thiago Silva (5), 4. David Luiz (7) e 14. Filipe Luís (5,5) (6. Marcelo, intervalo (5,5)); 17. Luiz Gustavo (6) (8. Hernanes, intervalo (7)) e 18. Paulinho (7) (20. Bernard 37 do 2º (sem nota)); 11. Oscar (6) (7. Lucas 10 do 2º (6,5)), 10. Neymar (5) e 19. Hulk (5,5) (5. Fernando 27 do 2º (6)); 9. Fred (6,5) (21. Leandro Damião 33 do 2º (5)). Técnico: Luiz Felipe
Banco: 1. Jefferson, 22. Diego Cavalieri, 5. Fernando, 8. Hernanes, 23. Jádson, 13. Jean, 15. Dante, 21. Leandro Damião, 7. Lucas, 6. Marcelo, 16. Rever, 20. Bernard
INGLATERRA: 1. Hart (6,5), 2. Johnson (6,5) (16. Chamberlain 16 do 2º (7)), 5. Cahill (5,5), 6. Jagielka (5,5) e 3. Baines (5) (12. Ashley Cole 30 do 1º (6)); 7. Jones (6); 9. Walcott (6,5) (15. Rodwell 37 do 2o (sem nota)), 4. Carrick (6), 8. Lampard (6,5) e 11. Milner (7,5); 10. Rooney (7). Técnico: Roy Hodgson
Banco: 13. Forster, 18. Alex McCarthy, 16. Chamberlain, 12. Ashley Cole,Welbeck, 15. Rodwell, 17. Defoe, 14. Lescott
Retirado de: Blog do PVC – Globo Esporte