De olho na volta do Campeonato Paulista, a Globo fez uma propaganda para promoção da competição em que faz referência ao seu modelo de televisão supostamente gratuito em detrimento a outros pagos. Essa citação ocorre em momento de disputa da emissora com o Flamengo, relacionado ao Campeonato Carioca e a transmissões recentes de streaming. A questão é que a empresa também cobra pela maioria dos jogos.
O texto da propaganda da Globo diz o seguinte: “Quando seu time brilhou muito além de São Paulo, no Brasil, na América, a Globo estava lá. Para garantir sempre o melhor lugar para você. Sem cobrar nada”.
Em seguida, a emissora ressalta que seus patrocinadores garantem o acesso gratuito a esses jogos para os torcedores. Assim, contrapõe o modelo de streaming pago às suas exibições, que o telespectador assiste de graça na TV aberta.
Só que a empresa dá acesso gratuito à menor parcela dos jogos a que tem direito. A maior parte das partidas é paga, sim – seja por assinatura de canais fechados, seja em pacotes de pay-per-view.
No Paulistão, a Globo só vai exibir um jogo em TV aberta por rodada. Em algumas semanas, nem isso chegou a acontecer. Segundo levantamento do blog, cerca de 90% das partidas foram transmitidas no Sportv ou no sistema de pay-per-view. Em outras palavras, a maioria exigia pagamentos.
No Campeonato Brasileiro, outro produto que tem a maior parte dos direitos de transmissão ligados à emissora, são exibidos de dois a três jogos na TV aberta por rodada. Apenas um para São Paulo. Assim, um percentual entre 70% e 80% das partidas da Série A só pode ser visto por quem pagar, seja na TV fechada ou no pay-per-view.
Na Libertadores, há mais jogos nas TVs pagas (Sportv e Fox Sports) do que na Globo em TV aberta – esta exibe dois por rodada. O Facebook, com jogos nas quintas-feiras, também é gratuito.
Nos últimos anos, a Globo tem aumentado o número de jogos de times mais populares, como Corinthians e Flamengo, nas plataformas de pay-per-view. O objetivo é justamente incentivar um maior consumo dos pacotes pagos da emissora.
Independentemente de quem ganhar os direitos de televisão das competições no futuro, o mais provável é que o modelo pago se torne ainda mais central. Na Europa, há ainda menos jogos dos campeonatos nacionais em TV aberta do que no Brasil.
Retirado de: Blog do Rodrigo Mattos