A segunda derrota consecutiva do Flamengo na era Domènec expôs as dificuldades no início do trabalho do treinador e gerou incômodo entre o espanhol, o seu estafe e os profissionais que já estavam no clube.
Ao dizer que os jogadores precisam melhorar a forma física, Torrent verbalizou uma insatisfação que ronda há dias o seu trabalho. As declarações, no entanto, foram mal digeridas por integrantes do departamento médico e da preparação física, que se sentiram expostos pelo treinador. Houve ainda integrantes da cúpula do clube que trataram as declarações como desculpas.
Fato é que as críticas públicas surtiram algum efeito prático e a promessa de Dome é cobrar duramente uma melhor performance neste aspecto. O técnico indicou que irá fiscalizar de muito perto questões como a pesagem dos atletas, por exemplo. Em Goiânia (GO), ele convocou uma reunião para aparar arestas e buscar soluções conjuntas a curto prazo com o elenco. O tom foi amistoso, mas um problema se impôs logo após a troca de ideias: inclinado a aceitar a oferta do Olympiacos (GRE), Rafinha está com um pé fora do Flamengo.
Se a saída de um dos principais nomes do elenco é iminente, o cenário encontrado pelo novo comandante não é muito diferente daquele que Jorge Jesus enfrentou em seus primeiros dias de Ninho do Urubu. Não foram poucos os embates e discussões sobre metodologia que o Mister e seus colaboradores travaram com os responsáveis pela preparação e recuperação até que as partes chegassem a um consenso para azeitar a máquina rubro-negra.
Coincidência ou não, a queda de rendimento (físico e técnico) do time caminha lado a lado com o início dos rumores da saída do Mister. Adorado pelos atletas, o português deixou o clube e causou uma sensação coletiva de “fim de um ciclo”. Durante a busca da cúpula por um substituto, o Rubro-Negro teve o dia a dia tocado por Maurício Souza, técnico do sub-20, e pelo preparador físico Betinho.
Embora não tenha havido nenhum caso de insubordinação neste período, a ausência de Jesus e de sua comissão deixou o elenco órfão e fez com que o nível de intensidade no dia a dia baixasse. Como consequência, Dome chegou e foi apresentado a um grupo que estava desnivelado.
Some-se a isso o fato de que o Mister tinha controle absoluto do ambiente e das atividades no Ninho do Urubu, e reprimia com veemência questões como jogadores acima do peso, por exemplo. Em pleno processo de adaptação, Torrent pisa em ovos e tenta se ajustar ao novo ambiente.
“Eu preciso de tempo, os jogadores precisam de tempo. Não para jogar com Dome como técnico, mas para estarem melhor fisicamente, jogarem mais jogos e voltarem a vencer”, disse ele, em entrevista após o revés por 3 a 0 para o Atlético-GO.
Na lanterna do Campeonato Brasileiro, o Fla tem um jogo chave no sábado diante do Coritiba, às 19h30, no Couto Pereira. Um novo tropeço aumentaria a temperatura nos bastidores e dificultaria ainda mais o trabalho do novo comandante, que já encara críticas da torcida.
Retirado de: UOL