Pelo quarto jogo seguido no comando do Flamengo, Domènec Torrent não utilizou as cinco substituições permitidas. Questionado sobre o assunto após o empate em 1 a 1 com o Grêmio, o técnico afirmou que não julgou necessário efetuar todas as alterações, porque estava feliz com os atletas em campo. Foram apenas três mudanças no time, uma delas devido a um problema físico de João Lucas.
— Acho que não é obrigatório mudar cinco jogadores, especialmente quando estou feliz com os jogadores que estão jogando. Quando mudamos foi porque João teve um problema na perna. Depois, foi tudo muito rápido e eu só queria trocar dois ou três jogadores no máximo.
— Eu entendo isso, mas quando as pessoas perguntam isso, eu posso perguntar: que mudanças vai fazer? Porque eu estava contente com os zagueiros, com os volantes, queria jogar com dois pontas abertos, e jogamos com Vitinho e Bruno abertos. Arrascaeta no meio, ele não é tão defensivo quanto o Gerson, mas tem o último passe muito bom. Queria jogar desta maneira. Claro que posso fazer cinco mudanças, mas muitas vezes você não precisa – justificou.
Para Dome, o maior problema neste início de trabalho tem sido a falta de tempo para treinar. Ele citou o fato de ter jogado duas partidas fora recentemente, o que diminuiu ainda mais a agenda para atividades.
— Futebol não é acender e apagar luz. Precisamos de tempo e de treino. Estivemos voando por cinco dias. O treino é recuperação, um pouco tático, e jogo. Não é fácil compreender tudo isso. Mas precisamos de tempo.
— Na competição você joga a cada dois, três dias. Precisamos treinar fisicamente, tecnicamente bem. Não sei dizer com exatidão quando vamos jogar perfeitamente. Quero jogar perfeitamente no próximo jogo, mas estamos jogando uma competição que não é normal. Não só aqui no Brasil, mas no mundo. Temos uma torcida especial, uma das melhores do mundo. Com a torcida somos muito mais fortes. A torcida, só por ela, ganha sete, oito pontos por ano. Esta temporada é muito especial para todos. Não posso dizer com segurança que vamos jogar muito bem em 10 dias, porque precisamos de tempo. Não é desculpa, mas é uma realidade. Não estamos treinando.
Coletiva de Domènec:
Estratégia contra o Grêmio
— Tivemos muitos problemas. Mas nós preparamos um jogo distinto. Eles marcam de forma individual, sabíamos disso. Queríamos fazer muitos movimentos e não jogar no pé. Preparamos um jogo para deixar Gabi e Bruno dentro para atacar espaços. Arrascaeta e Everton jogando de fora para dentro e fazendo movimentos para criar espaços. Jogamos muito ao pé.
— Precisamos jogar com mais mobilidade. Talvez as pessoas confundam o jogo de posição. Não gosto de tocar a bola por tocar. Quero que em cada área do campo haja jogadores, mas que tenham mobilidade e ataquem espaços. Nós preparamos isso, mas não é fácil. Eles se defenderam muito bem, mas temos que melhorar. Não gosto quando atacamos do lado direito e terminamos do lado direito. Temos que fazer muito mais movimentos e vamos trabalhar para isso.
Saída de Everton Ribeiro
— Ele estava bem. Mas eu precisava abrir o campo. Para abrir o campo prefiro jogar com jogadores rápidos. Everton joga bem entre linhas, mas quando se quer jogar com 4-2-4, as qualidades de Vitinho e Bruno são outras. Estou muito feliz com Everton, mas você precisa fazer uma mudança tática e mudar rapidamente e decidir rapidamente que jogadores são melhores para nós. Estava feliz com Everton e Arrasca, mas quando você quer fazer uma variante tática, estamos buscando jogadores desta qualidade. Bruno pode jogar aberto, Vitinho também.
Como avalia o Michael?
— Eu não posso jogar com 20 jogadores. Joguei com Michael o primeiro jogo, poderia jogar com Michael e não Vitinho. Mas quando isso acontece as pessoas peguntam por que jogou Michael e não Vitinho. Eu entendo isso. Quando joga um jogador e você não ganha, perguntam por que não jogou o outro. Tenho que decidir rapidamente no jogo. Se jogo com Michael, talvez não possa jogar com Vitinho. E não posso fazer cinco mudanças sempre porque muitas vezes não precisa, porque se desordena o time quando se faz muitas mudanças.
— Isso aconteceu no primeiro jogo. Contra o Atlético-MG, jogamos com cinco atacantes, e as pessoas perguntaram o porquê. Você tem que tentar melhorar o jogo. Muitas vezes é impossível, porque o adversário também joga, e joga bem. Quando pensamos em melhorar a equipe, fazemos as mudanças que acreditamos que são os corretos.
Má fase de Bruno Henrique e Gabigol é técnica ou ainda não compreenderam o que pede a comissão?
— Eu não sei. Talvez seja problema da comissão técnica. Mas estes jogadores precisam de tempo. Eu preciso, mas eles também. Treinamos pouco e jogamos cinco jogos em 15 dias. Os atletas precisam de tempo. Tenho muita confiança nestes jogadores, porque são nossos artilheiros. Estou completamente com segurança de que farão muitos gols.
— Hoje Gabi já fez gol. Artilheiros precisam de muita confiança, porque são jogadores especiais. Quando começam a fazer gols, não param. Todos precisamos de tempo. Não é fácil jogar sem torcida, pandemia, muitas coisas… Mas todas as equipes são iguais. Precisamos de mais treinos, estar melhores fisicamente. É tudo isso. Quando você está melhor em todos os aspectos, físicos, mentais, táticos, tem mais chance de fazer gol.
Clássico contra o Botafogo
— Sempre é importante ganhar o próximo jogo. Para recuperar a confiança. Sei que o Botafogo é um clássico muito importante aqui, mas precisamos ganhar, seja o Botafogo ou outro adversário. Vamos tentar ganhar o jogo, mas não será fácil, porque todas as equipes têm qualidades. É normal. Neste ano todo mundo quer vencer o Flamengo. O mais importante não é ganhar: é ganhar novamente. Primeiro, todas as pessoas querem ganhar do Flamengo. Segundo, precisamos de tempo para todos fazermos uma equipe forte novamente. Quando isso acontecer de ganhar dois jogos consecutivos, tudo será mais fácil.
Retirado de: Globo Esporte