A falha de Gabriel Batista no jogo com o Bahia fez a torcida do Flamengo clamar novamente por uma chance ao também jovem Hugo Souza no gol. Sem Diego Alves e César, que testaram positivo para Covid-19, o clube revive um drama na posição, e tem duas jóias de sua base como solução.
Mas por que o Flamengo não dá uma chance a Hugo Souza e manterá Gabriel Batista contra o Fortaleza, neste sábado? A reportagem do ‘O Globo’ apurou os motivos e os analisa a seguir.
A previsão é que Diego Alves, que ainda tem uma lesão no ombro, só retorne aos treinos no dia 14, mas será testado novamente. César volta no dia 11, e passará pelo mesmo procedimento.
Experiência
Gabriel Batista, de 22 anos, é um ano mais velho que o colega Hugo Souza, de 21. Mas a experiência do primeiro se deve a sua maior vivência no profissional, tanto dentro quanto fora de campo.
Desde que subiu da base em definitivo, em 2018, são 10 jogos pelo Flamengo. Cinco em 2020. Mas o atleta convive com a equipe principal desde 2017, quando chegou a disputar estar no banco de Alex Muralha na final da Copa do Brasil. Na ocasião, o reserva imediato, Thiago, se machucou. E o titular vivia fase ruim.
Conviver naquele ambiente de pressão deu a Gabriel Batista uma personalidade mais madura, segundo relatos da comissão técnica e dos próprios jogadores. No Flamengo desde 2014, no sub-15, o jovem se notabilizou na base por uma personalidade mais forte, e sempre era uma das lideranças que cobravam mais os companheiros.
Na avaliação dos preparadores com quem trabalhou no Flamengo, como Wagner Miranda, Nielsen Elias e Thiago Eller, Hugo Souza normalmente é uma liderança mais técnica.
Parte técnica
Falando em parte técnica, o quesito é o que mais aproxima os dois goleiros. Mas ainda assim, sobretudo para o time de Domènec Torrent, Gabriel Batista leva vantagem. Dos quatro goleiros no profissional, incluindo Diego Alves, é o que tem trabalha melhor com os pés. Quem tem a batida mais ponente e com mais direção. Embora em termos de técnica para a saída de bola não esteja acima do titular, mais experiente, a potência na reposição é maior que a de Diego Alves. Inclusive com as mãos.
Nesse aspecto, Hugo Souza ainda precisa evoluir. Tanto que ele e os demais goleiros têm participado dos treinos com os jogadores de linha, para aprimorar as ações em campo. No entanto, as habilidades debaixo do gol deixam Neneca mais próximo de ter sua primeira chance. Com 1,96m, usa bem sua envergadura e força física nas saídas pelo alto, e não deixa a desejar em relação a queda lateral. Embora os mais de 100 quilos o tornem menos ágil que Gabriel Batista, com 84.
Se Jorge Jesus não gostava nem que os zagueiros recuassem para o goleiro, Dome os introduz na dinâmica de saída de bola e a velocidade de Gabriel é um fator importante. Nos treinamentos, o passe e a movimentação são cada vez mais enaltecidos para os goleiros.
Visibilidade
Todas essas habilidades ainda não foram exatamente demonstradas por Gabriel Batista nos poucos jogos do profissional. A falta de visibilidade não foi um problema recente para Hugo Souza. Convocado pela seleção brasileira para o torneio sub-17 de Toulon, em 2017, foi chamado em seguida pelo técnico Tite em 2018, para os treinos da seleção principal. A convocação rendeu maior curiosidade sobre a promessa, que esteve em todas as listas do sub-20 desde então.
No sub-20 do Flamengo, Hugo Souza fez 40 jogos em 2019 e conquistou cinco títulos, entre eles o Campeonato Brasileiro, Supercopa, Campeonato Carioca e o torneio Otávio Pinto Guimarães, o OPG.
Na base rubro-negra, Gabriel viveu os seus melhores momentos ao conquistar o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior e da Copa do Brasil Sub-20, em 2016. Em 2015, foi para o Mundial Sub-17 com a seleção brasileira.
Retirado de: O Globo