A quem quiser ouvir, o vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, já falou internamente. Se a diretoria tiver um consenso para a troca de treinador e quiser demitir Domènec Torrent, o dirigente também seguirá o mesmo rumo.
Outro recado nos bastidores foi para o elenco. Caso algum atleta não esteja satisfeito no clube e queira ser negociado, basta informar à diretoria. Tudo isso antes mesmo da goleada de 5 a 0 para o Del Valle, no Equador.
Uma troca de comando técnico acarretaria uma reformulação no futebol difícil de acreditar nesse momento. É sabido que o vice de relações externas do clube, Luiz Eduardo Baptista, disputa o poder e as decisões do futebol com Braz.
Braz foi até a Europa buscar Dome. E Bap fez lobby a favor de Miguel Angel Ramirez, técnico do Independiente Del Valle. Os dois fazem parte do Conselho do Futebol do Flamengo, que ainda tem três integrantes. A maioria com Braz.
A saída de Dome, impensável inclusive em virtude de uma alta multa rescisória, teria que vir do presidente Rodolfo Landim. Todos esses nomes acompanharam a derrota histórica no Equador. E terão os próximos dias para dialogar sobre o respaldo e o tempo de trabalho que Torrent terá até que uma ruptura seja realidade.
Na última semana, Braz tem sofrido críticas por ser candidato a vereador no Rio, decisão que ele alega ainda não ter tomado. O dirigente admite que conciliaria as agendas políticas com as do Flamengo. O que ele já tem feito.
Para que a ala da diretoria liderada por Bap e Landim assuma o futebol, ela também terá que se submeter a críticas que normalmente estão direcionadas a quem responde pela pasta. Portanto, a guerra interna deve seguir fria.
Bap é persona non grata no Ninho do Urubu. Desde que criticou a atuação de Lincoln na final do Mundial de Clubes. O diretor Bruno Spindel, que reporta o dia a dia para a alta cúpula, não vive os bastidores do vestiário.
Cabe a Marcos Braz fazer mais esse papel. Portanto, uma mudança deixaria o Flamengo com um vácuo de diálogo entre diretoria e elenco. Hoje, quem mais faz essa função é o supervisor Gabriel Skinner.
Caso os próximos resultados da Libertadores tornem a permanência de Dome insustentável, e o ambiente interno do vestiários de jogadores indique que não há mais entendimento, a reformulação entrará de fato na pauta.
Todos trabalham no momento para evitar esse cenário. Uma vitória na terça-feira, contra o Barcelona em Guayaquil, coloca o Flamengo de volta no trilho do tri da Libertadores. E adia a terra arrasada que o clube quer tanto evitar.
Retirado de: O Globo