Em um congresso virtual, na última sexta-feira, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, voltou a repetir um mantra seu recente que é incentivar o surgimento de “superclubes” pelo mundo além das fronteiras da Europa. Seu objetivo é tornar mais igual as disputas pelo globo com times que possam enfrentar os grandes europeus.
No mesmo dia, quase no mesmo horário, o técnico da seleção, Tite, convocava jogadores para as datas das eliminatórias da Copa do Mundo em outubro. Chamou jogadores do Flamengo, Palmeiras e Athletico-PR que desfalcarão seus times por quatro rodadas – além dos estrangeiros como Arrascaeta e Kaneman que também não estarão em campo.
Embora não dê para perceber diretamente, as duas cenas têm uma relação direta. No mesmo congresso, a Fifa anunciava a autorização junto com a Conmebol da volta das eliminatórias da América do Sul, em outubro. A entidade mundial se esforçou para viabilizar essas datas negociando com países onde estão os jogadores para derrubar as quarentenas por conta da pandemia do coronavírus. Dos 21 países, 19 aceitaram a demanda, menos China e Eslováquia.
Não houve por parte da Fifa uma redução das datas ou das eliminatórias da Copa do Mundo. Nenhuma adaptação por conta do calendário apertado resultado da epidemia mundial.
Diante desse cenário, a CBF completa empilhando jogos de sua seleção no meio do Brasileiro, seja em 2020 ou em 2021. E que se danem os clubes porque o que interessa é a entidade faturar com sua seleção. Ainda que as eliminatórias sul-americanas tenham 18 longas, desnecessárias e arrastadas datas. Uma enquete com qualquer grupo vai mostrar a falta de interesse do torcedor nesta competição.
Ao falar sobre o calendário, Infantino discursou: O próximo trabalho é o calendário internacional. Precisamos perguntar se todas as competições são interessantes para os fãs? Nós decidimos nos livrar da Copa das Confederações. Temos competições de mais ou não o bastante? Quantos jogos um jogadores pode jogar, quanto precisa descanso? Precisa ser um descanso real e não encher com outras atividades. Vamos debater”, analisou, e ressaltou que o futebol deve se preocupar em não perder público.
Pois bem, para além da CBF que esculhamba nosso calendário, há jogos de seleção demais quando o maior interesse está nos clubes. Confrontos de times nacionais deveriam ser exceções, eventuais, não essa série de amistosos e competições longas. Mas, para mexer nisso, Infantino precisa tirar dinheiro das federações nacionais que lucram com esses jogos. E, depois, são essas federações nacionais que o elegem.
No final das contas, o sistema da Fifa é bem parecido com o da CBF com as federações estaduais. A entidade organizadora mantém o status quo delas e, em troca, seu presidente ganha apoio político. Internacionalmente, as eliminatórias da Copa longas e amistosos fazem o papel dos Estaduais. Não há só jogos demais de seleções na América do Sul, isso ocorre também na Europa e na Ásia.
Quando fala em incentivar grandes times globais, Infantino foca mais em mudanças de legislação para transferências ou salários e no Mundial de clubes. “Temos que reduzir o gap para que 50 times nacionais possam ter chance de ser campeões mundiais, não 10. Precisamos desenvolver o futebol mundial para ter 50 clubes. Como podemos fazer? Debatendo, reforçando, olhando para as regras do jogo, reforçando as competições como Mundial de Clubes”, discursou.
Uma cota milionária do Mundial de Clubes pode ajudar um ou dois times sul-americanos, mas não vai eleva-los aos europeus. A legislação, se reforçar o poder dos clubes formados, é um bom instrumento. Mas é essencial mexer no calendário.
Com seu poder político, a Fifa poderia negociar uma legislação que obrigasse entidades como a CBF a paralisar seus campeonatos quando a seleção jogasse. Essa seria uma ação real. Como a Fifa espera que se forme um superclube no Brasil quando um time não contará com jogadores convocados por seleções em quase metade do Brasileiro-2021?
A questão é: a Fifa está disposta que suas filiadas abram mão de jogos (e portanto dinheiro) em favor dos clubes? Não é o que ela demonstrou ao aprovar uma eliminatória sul-americana igual à anterior.
Retirado de: Blog do Rodrigo Mattos
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Os clubes são desunidos e isto não permite a criação de uma Liga.
No mais seleção neste mundo globalizado , sem fronteiras e patriotismo já deu..
Estes jogos de seleçôes são um fracasso mundial, que venha um bom calendário para os clubes e basta de sustentar estas Federaçôes Parasitas que não pagam os salários dos jogadotes e só serve de " vitrine" para empresários negociarem jogadores.
As convocações são motivadas a negociações....
Presidentes de clubes são dependentes de federações.
As federações são dependentes da CBF...
A CBF é pau mandado da FIFA...
Os dirigentes de clubes nunca são unidos pra não aceitarem as imposições...nunca seremos clubes gigantes.
Sou a favor ate de acabar com estes jogos da seleção. Quem assiste isso?? cada vez mais decaindo!! o que importa sao os jogos dos clubes, isso sim tem paixao, interesse de todos.
Já cansei de falar que tem que ter uma liga independente igual na Inglaterra!