Domènec Torrent faz Flamengo funcionar e encantar ao seu estilo

Domènec Torrent orienta jogadores do Flamengo durante um treinamento no estádio George Capwell, em Guayaquil (Foto: Reprodução/Twitter/@Flamengo)

O Flamengo completou o quinto jogo em 12 dias pelo Brasileiro — média de uma partida a cada 57 horas — e se manteve na briga pela liderança com uma atuação consistente diante do Corinthians, neste domingo, em Itaquera. Se nos último compromisso em meio a uma maratona passou a impressão de dosar as energias no início, desta vez conseguiu se impor os noventa minutos. A qualidade do gramado do estádio ajudou no desempenho técnico da equipe de Domènec Torrent, que goleou o adversário por 5 a 1, o maior placar da história do confronto na Arena. Com isso, o Flamengo chegou aos 34 pontos e só não se isolou no topo da tabela porque o Inter derrotou o Vasco. O time gaúcho é o adversário no duelo dos líderes no próximo domingo, no Beira-Rio.

A vitória rubro-negra foi incontestável, embora o adversário tenha finalizado mais (19 a 9), colocado duas bolas na trave e obrigado o jovem Hugo Neneca a realizar defesas difíceis, sobretudo no segundo tempo. A equipe de Dome dá sinais de que, mesmo ainda em evolução, consegue exercer os movimentos minimamente treinados de forma mais automatizada, e a maior qualidade técnica facilita a fluidez de um jogo tático que ganha corpo. Ou seja, Dome consegue fazer o time funcionar e encantar ao seu estilo. Falta ainda regularidade. Se o excesso de jogos obrigou a um rodízio de jogadores e gerou queda de rendimento físico, há um lado bom. Promove maior entrosamento. Que só o tempo de trabalho pode dar. E que gera menos desgaste nos jogos.

“Há 2 dias empatamos o jogo e também tinha a cara do Dome. É melhorar muitas coisas, a bola parada, os minutos que desconectam”, disse o técnico após a goleada.

Mesmo com as ausências de Arrascaeta e Gabigol, o Flamengo se impôs com maior posse de bola e uma troca de passes que envolveu o Corinthians de Vagner Mancini, com participação fundamental dos laterais. No meio, a trinca formada por Gerson, Thiago Maia e Éverton Ribeiro fazia a equipe dominar as ações e parecer que atuava no Maracanã. O jogo franco e bom de se ver se desenhou com um controle progressivo por parte do Flamengo. Na sua fase ofensiva, a equipe exibiu o já tradicional esquema 4-2-3-1 com Vitinho ao lado de Pedro, por dentro do ataque, na função que o uruguaio tem atuado bem.

Dessa forma, o Flamengo incomodou o Corinthians desde o início e atacou de forma eficiente. Sem a pressão na saída de bola a todo momento, mas se posicionando de forma mais adiantada do que de costume. Embora tenha tomado as rédeas do jogo cedo, o primeiro gol saiu apenas aos 31 minutos. Filipe Luis, que retornou de suspensão no empate com o Bragantino, acertou passe na cabeça de Éverton Ribeiro, que finalizou com precisão. Característica que faltou no chute de Camacho no travessão, chance mais clara dos donos da casa na etapa inicial. Com o lateral-esquerdo titular em campo, é notório o melhor entendimento do jogo que quer Domènec.

Regido também por Éverton Ribeiro do meio para frente, o Flamengo voltou avassalador no segundo tempo. O armador, que atuou mais solto, teve um de seus dias inspirados após voltar da seleção brasileira. Primeiro, fez jogada da direita para o centro, serviu Vitinho na entrada da área, e ele bateu de esquerda, seco, no canto, para marcar o segundo gol. Minutos depois, Ribeiro cobrou escanteio, e Natan subiu para fazer o terceiro.

O Corinthians diminuiu com Gil, em falha de Hugo Souza na saída pelo alto. Mas logo o Flamengo retomou o ritmo, marcando o quarto gol com Bruno Henrique e o quinto com Diego, em saídas rápidas ao ataque. No quarto gol, Éverton aparece construindo do lado esquerdo. Toca para Vitinho, que está centralizado novamente. E este serve Isla, que sobe bem ao ataque e dá um passe rasteiro na medida. Bruno Henrique, escalado aberto do lado esquerdo, fecha na área como um segundo atacante para concluir.

O fato de Pedro não ter aparecido tanto no jogo, apesar do gol anulado no início, não o tira de um sistema coletivo que funcionou como poucas vezes. O centroavante ainda poderia ter marcado o gol na bola que resvalou em seu pé e sobrou para Bruno Henrique. O encaixe do Flamengo, que já oscilou por questões técnicas, físicas e também táticas com Dome, parece cada vez mais perto do ideal.

Retirado de: O Globo