Análise: Flamengo mostra que a busca por vilões só distancia o clube do título brasileiro

É fácil buscar vilões após derrotas. Após a eliminação na Libertadores, dois alvos foram escolhidos pela torcida do Flamengo: o zagueiro Gustavo Henrqiue e o atacante Vitinho. É normal que eles sejam criticados, afinal não tiveram boas atuações diante do Racing. O problema é achar que retirá-los do clube será a solução para todos os problemas.

Até mesmo o Flamengo de Jorge Jesus tinha falhas individuais. A diferença é que outros setores da equipe ajudavam esses erros a não interferirem no resultado. Obviamente isso não é uma comparação entre um técnico multicampeão com alguém que acabou de chegar, mas é uma forma de mostrar que análises não podem se basear apenas em individualidades.

O mesmo Gustavo Henrique que falhou diante do Racing foi expulso contra o Botafogo. Desta vez, porém, um cartão vermelho providencial para evitar o empate — aliás, em lance onde não houve uma falha de posicionamento do defensor. Até mesmo o técnico Rogério Ceni reconheceu a atuação e explicou os motivos para a sua titularidade.

— A escolha é porque eu acompanho os treinamentos, vejo o dia a dia do jogador. Pedro Raul tem mais de 1,90, por isso também resolvemos usar. Ele fez uma boa partida — declarou Rogério Ceni.

Vitinho, alvo pelos gols perdidos no Maracanã, fez boa partida na Argentina. Diante do Botafogo, poucos minutos que não podem ser avaliados. Até mesmo Everton Ribeiro, que chegou a ser convocado para a seleção brasileira, está sendo criticado por supostamente ‘sumir em jogos grandes’. O camisa 7 caiu de desempenho, mas tratá-lo como vilão é o caminho correto?

Willian Arão é o jogador mais regular do Flamengo e já conviveu com isso. Diego Alves também. Renê, que está longe de ser o horror que acham, também. Posso citar outros exemplos, mas o texto se alongaria mais do que o necessário.

O importante é esclarecer: o Flamengo sofreu duas quebras de trabalho duras em menos de seis meses. A equipe de Jorge Jesus brilhou em tão pouco tempo? Não, precisou de alguns meses para isso. Então, a de Rogério Ceni fará isso tão rápido?

A vitória diante do Botafogo é importante para manter o Flamengo na briga pelo título brasileiro. E só. A atuação não foi muito boa, o ataque continua perdendo chances e a defesa segue irregular. Mas, ao menos, os três pontos vieram.

No momento de crise, o Flamengo precisa de união. E não será procurando vilões que as coisas voltarão ao normal.

Retirado de: O Globo