Três dias, duas noites, muitos questionamentos e uma missão: tornar o trabalho no Ninho do Urubu mais funcional até o fim da temporada.
O Flamengo encerra nesta sexta-feira a primeira semana após a auditoria realizada por Rodolfo Landim no centro de treinamento. Integração com a base e melhor distribuição de funções foram as medidas iniciais sugeridas e colocadas em prática para encontrar fora de campo a mesma harmonia que Rogério Ceni busca dentro dele.
Landim chegou ao Ninho na manhã da quarta-feira, dia 10, e só voltou a dormir em casa na sexta-feira. A rotina contou com “folga” nos períodos da tarde, horário marcado para os treinamentos e quando o presidente se ausentava para não interferir nas atividades. De resto, muitas reuniões e conversas com responsáveis pelos mais diversos setores e um longo bate-papo com Rogério Ceni na noite de quinta-feira para entender a metodologia e anseios do novo treinador.
A série de mudanças no departamento de futebol desde a saída de Jorge Jesus, por sinal, foi um dos fatores que motivou o presidente a passar a limpo os processos no CT e entender exatamente qual o papel de cada um, novato ou não, em suas funções. A percepção coletiva é de que há muita gente trabalhando no departamento de futebol, mas o presidente evitou criar um clima de “caça às bruxas”.
Pelo menos até o fim da temporada, demissões não fazem parte dos planos e a expectativa é de que a nova distribuição de tarefas facilite o diálogo entre as áreas e coloque em prática o tripé qualidade, atendimento e custo. O inchaço no departamento foi algo que chegou a incomodar até mesmo o próprio Ceni nos primeiros dias, mas a quantidade de pessoas observando os trabalhos no campo foi reduzindo ao longo de seu primeiro mês.
O número de profissionais no departamento médico, de preparação física e de análise de desempenho salta aos olhos, gera questionamentos, e Landim fez questão de entender o que cada um faz. Desde o início da semana, médicos, fisioterapeutas e preparadores cumprem escalas alternadas com descidas para as categorias de base.
A sugestão do Dr. Márcio Tanure, gerente de saúde e alto rendimento, soou bem para o presidente, que já achava importante uma integração maior entre o profissional e o sub-20. Com a presença cada vez mais constante de jovens na equipe principal, o desejo é reduzir o impacto neste processo de transição.
Partiu de Landim, por exemplo, a orientação para que garotos com idade participassem dos jogos das categorias de base quando não fossem relacionados para o profissional. Processo cumprido por Rodrigo Muniz, Noga, Ramon, Natan, mas que gerou desconforto com Lincoln.
Áreas como a de análise de mercado e, principalmente, a responsável pelos gramados do CT também foram esmiuçadas pelo dirigente. Com uma carreira bem-sucedida como empresário, ele quer cada vez mais implementar uma mentalidade corporativa no departamento de futebol e não se privou de questionar as razões de cada decisão.
Muito cobrado pelos torcedores pelo tema, Landim encerrou sua passagem pelo Ninho com a convicção de que o gramado apresentará condições melhores em breve.
Se o contato direto ficou praticamente restrito aos chefes de setores na semana passada, aos poucos todos começam a entender os desejos de Landim na gestão do CT. A sensação de lotação máxima dá lugar ao remanejamento de tarefas para que todo mundo fique confortável ao término da temporada, em fevereiro. Mesmo de longe, a avaliação continua.
Retirado de: Globo Esporte