Nesta quarta-feira (23), a FlaTv publicou em sua página do Facebook um vídeo do quadro “Resenha do Craque” com a presença do meia. No vídeo, o jogador analisou diversos lances do jogo e comentou as conversas dentro do campo durante as jogadas.
Ao final do vídeo, Gerson falou um pouco sobre o ocorrido com o atleta do Bahia. Sobre a situação, ele disse:
“Eu nunca sofri de alguém chegar e falar alguma coisa para mim. Olhar estranho sempre olham, mas isso eu nem ligo muito, mas quando falam, já é diferente. Como falei, a cor do sangue é a mesma, sente a mesma dor, fica alegre como eu, acho que tem de parar para pensar que todos nós somos seres humanos. Tenho sobrinhos negros, uma filha nega. Passei por isso, mas não quero que eles passem. É uma coisa chata demais. Espero que as pessoas possam pensar mais. Não só em relação ao racismo, mas também em relação a outros preconceitos. É fácil quem está de fora falar, mas só sabe quem sofreu o preconceito”, disse o meia.
O jogador também comentou sobre o impacto da situação na visão dele sobre o jogo.
“Uma noite ruim, até porque eu nunca tinha sofrido um ato racista. Quando a gente sofre, sente na pele, é pior ainda. [Racismo] Já é uma coisa ruim, mas quando sentimos na pele, é pior ainda. Um dia que não vou esquecer, mas as medidas foram tomadas. Não sei qual é a diferença que as pessoas veem entre um ser humano e outro. Você é branco [para João Mércio, repórter da FlaTV] e eu sou negro. Quando você sangra, qual a cor do seu sangue? Sente dor? Alcança um objetivo, fica feliz? Eu também fico. Não sei porque as pessoas, no mundo em que vivemos, têm dessas coisas. É muito triste, mas já tomamos todas as medidas. Espero que seja uma das vozes ativas no mundo para aquelas pessoas que, talvez, se sintam acuadas. É um caso chato, que não desejo para ninguém, mas a vida continua, bola para frente. Não cheguei ao topo, mas estou trabalhando e não vai ser esse ato que vai me parar”, continuou o atleta.
Encerrando suas declarações sobre o assunto, o camisa 8 respondeu à pergunta do entrevistador sobre sua opinião em relação às pessoas que minimizam o racismo e que tentaram relativizar seu caso.
“O Vinicius [assessor de imprensa] fica até triste comigo, que sou um dos caras que menos dá entrevista. Não gosto tanto de falar. Agora, com uma acusação grave dessa, não ia aparecer na televisão para ganhar mídia. Não sou nenhum palhaço. Eu apareço e, depois, iam provar que é mentira… E aí? Minha filha, meu familiares, me veriam como o que? Um mentiroso? Um cara que precisou ganhar mídia? Não preciso disso. Cheguei até aqui com os pés no chão, não preciso querer aparecer na mídia. Até porque, onde tenho de aparecer é no campo. E todos os jogos do Flamengo passam na televisão, não tenho o porquê querer aparecer dando entrevista. Vocês viram ali que teve um deboche. Não tenho nada a falar para eles também, não. Que Deus abençoe e tudo de bom. Vida que segue”, encerrou o jogador.