Ao final da temporada, construtora MRV deixou de patrocinar São Paulo e Flamengo, e o Banco Inter também saiu da camisa do Tricolor do Morumbi. Em comum, são todas empresas que têm como principal acionista a família de Rubens Menin, mecenas do futebol do Atlético-MG. A construtora explica que se trata de uma mudança na estratégia de investimento, focando em outros esportes e clubes.
Na última temporada, a MRV tinha presença nas camisas de Flamengo, São Paulo, América-MG, Atlético-MG e Fortaleza. Decidiu sair dos três primeiros e manteve o contrato com o Galo que é mais longo. Há uma negociação para renovação com o time cearense. O Banco Inter era o patrocinador máster são-paulino desde 2017: pagava R$ 12 milhões por ano.
“Em números, esses contratos não geram o benefício. Estamos buscando outros clubes e outras oportunidades de patrocínio. Um exemplo é a Fórmula E que tem energia renovável que utilizamos em nossos empreendimentos. E estamos patrocinando 13 mulheres que vão para a Olimpíada. O Esporte está no nosso DNA”, explicou o diretor de comunicação e negócios da MRV, Rodrigo Rezende.
Ele explicou que os Menin dão insights para tomada de decisões sobre patrocínios, mas que a estratégia da MRV é bem diferente da pessoal deles. A empresa segue uma lógica própria.
A MRV tem como principal acionista Rubens Menin, com 35% das ações. Por meio de uma empresa, a família Menin também detém essa fatia do Banco Inter. O restante é de sócios ou negociado em bolsa.
Durante o ano, a família Menin, atleticana, passou a investir pessoalmente em contratações no Atlético-MG. Houve um total de R$ 230 milhões investido em jogadores para formar o time. Rafael Menin atua como gestor do clube. Coincidentemente, Flamengo e São Paulo foram rivais do Galo na disputa pelo título brasileiro.
Ao final da temporada, o Flamengo pediu um reajuste no valor do espaço nas costas de sua camisa para renovar para a temporada 2021. A MRV não fez nem contraproposta, em versão confirmada pelos dois lados.
A diretoria do Flamengo, internamente, entende que pesou para isso o valor alto cobrado, possíveis perdas da MRV no mercado e a atuação da família Menin no Galo. A ligação dos Menin com o clube mineiro é chamada de visceral. Agora, o time carioca está no mercado à procura de patrocinadores para esse e outros espaços nos uniformes.
“Tivemos um período glorioso no Flamengo. Em 2017, quando entramos, era uma nova gestão, estavam começando a colher os frutos. Entramos em um clube que estava em baixa, não digo em baixa, mas em reestruturação. E colhemos os frutos juntos com o título da Libertadores. Pelo peso do Flamengo, não faz sentido para a agente gastar esse valor agora. Para outras marcas, deve fazer sentido”, explicou Rezende.
No caso do São Paulo, o Banco Inter já tinha cortado o patrocínio do clube de R$ 18 milhões para R$ 12 milhões por ano. A nova proposta para renovação era de R$ 7 milhões. O São Paulo não aceitou o valor.
Rezende explicou que a MRV saiu juntamente com o banco porque são “empresas amigas”, embora não tenham o mesmo controlador. Menin tem empresas diferentes para gerir cada um.
Isso não significa que o dinheiro retirado de Flamengo e São Paulo será aplicado no Galo. O contrato atleticano deve ser mantido como está e só avaliado no final. Mas a empresa investiu no naming rights do estádio atleticano em construção.
“O contrato do Atlético-MG não vence nesse ano. Não sei ainda se vamos renovar com o Atlético-MG. Mas não quer dizer que esse dinheiro que sai dos outros clubes será direcionado para o Atlético-MG. O que tem Atlético-MG já está do tamanho”, disse Rezende.
O foco será, sim, na Olimpíada com 13 atletas mulheres que devem disputar a competição. O diretor da MRV destaca que a ligação da empresa com o esporte vem desde 1996 e há mudanças nos planos durante o tempo.
Retirado de: UOL