Os clubes da Série A querem participar da articulação para escolha do próximo presidente da CBF e pretendem apresentar demandas à diretoria da confederação brasileira para que o futuro chefe as priorize.
Na sexta-feira (11), cartolas da maioria dos clubes de elite se reuniram virtualmente para debater a crise na CBF. É consenso entre os dirigentes que o presidente Rogério Caboclo não voltará a exercer seu mandato, que deveria terminar em abril de 2023 —ele está afastado pelo Comitê de Ética acusado de assédio sexual por uma funcionária. As opções são a renúncia ou o afastamento definitivo.
Também é unânime o entendimento que o próximo presidente será indicado pela direção da CBF, provavelmente entre os oito vices atuais —o mais cotado, hoje, é o advogado Castellar Guimarães Neto, 38, ex-presidente da Federação Mineira e ligado ao secretário-geral, Walter Feldman.
Foram definidas três demandas para serem apresentadas como prioridade à CBF:
1) Lei do mandante: que a confederação intensifique articulação com governo federal e Congresso para que se torne lei que o clube mandante seja o dono dos direitos de transmissão de jogos de futebol no Brasil.
Em 2020, a pedido de alguns clubes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou uma Medida Provisória, chamada de MP do Mandante, que pelo período vigente, quatro meses, alterou a Lei Pelé e determinou que os mandantes dos jogos fossem os detentores dos direitos de transmissão.
A MP, entretanto, caducou em outubro sem ser votada pelo Congresso, portanto não virou lei. Como mostrou a coluna, alguns clubes culparam a CBF, e Caboclo, por falha na negociação com os congressistas.
2) Calendário: a necessidade de se parar todos os campeonatos quando a seleção joga. A CBF tem evitado nos últimos anos coincidência com algumas datas Fifa, mas as partidas nacionais são marcadas para o dia seguinte às do Brasil, o que muitas vezes faz com que um atleta viaje longas distâncias para estar em campo menos de 24 horas depois de atuar pela seleção.
Os clubes querem que os torneios só voltem no fim de semana seguinte à data Fifa, que normalmente acaba em uma terça-feira. Há preocupação especial com o calendário de 2022, que tem a Copa do Mundo entre novembro e dezembro —não será em junho e julho por causa do calor no Qatar. O Brasileirão terá de terminar no fim de outubro ou começo de novembro e os clubes temem que o aperto os obrigue a jogar até três vezes por semana.
3) Arbitragem: ponto importante de crises constantes com a CBF, clubes insistem que uma nova diretoria da CBF priorize a transparência e a capacitação dos árbitros, principalmente com relação ao uso do vídeo (VAR).
Os clubes querem que a CBF faça igual à Conmebol e divulgue publicamente o áudio de conversa entre os árbitros no dia seguinte aos jogos.
Uma reunião deve ocorrer nos próximos dias entre os presidentes de clubes e a diretoria da CBF, que tem atualmente o vice Antonio Carlos Nunes como presidente interino.
Caso haja uma nova eleição para presidente da CBF, 40 clubes, 20 da série A e 20 da B, podem votar, mas com peso 2 e 1, respectivamente, inferior ao peso 3 do voto das 27 federações estaduais. Ou seja, quem define o pleito são os presidentes das entidades filiadas à CBF, por isso é importante para os clubes articularem nos bastidores para que o nome proposto pela direção da confederação seja do agrado de todos.
Retirado de: UOL