É indiscutível… Gerson deixa o Flamengo como ídolo. Negociado com o Olympique de Marseille, da França, por cerca de 25 milhões de euros (R$ 160 milhões) fixos, o meio-campista sai do Ninho do Urubu pela porta da frente e como símbolo de uma das eras mais vencedores do clube, que agora o vê retornar à Europa como um jogador de “nível Seleção Brasileira” e com status de estrela, além da significativa marca grifada no currículo: a polivalência.
O Coringa, como se autodenominou (quem não se lembra do “Faz o seguinte… pode me chamar de Coringa, que eu jogo em todas as posições”), chegou ao Flamengo em julho de 2019, com o clube pagando R$ 58,9 milhões por 100% dos direitos econômicos do atleta, que pertencia à Roma e estava emprestado à Fiorentina. Em seguida, ainda foram desembolsados R$ 5,9 milhões com luvas e custos da transação.
À época, Gerson falou que estava “realizando um sonho que tinha desde moleque”. Ele herdou a camisa 8, então vestida por Cuéllar, que estava de saída. E não tardou a cair na graça da torcida. Aliás, logo o seu “vapo” nas comemorações virou uma febre na torcida, disseminada futebol brasileiro afora, inclusive.
Rubro-negro de coração e alma, Gerson virou referência de ídolo pois tinha a cara da Nação em campo, jogava como “um deles”, conforme o próprio sublinhou recentemente. Raça, uma marcante dose de marra e irreverência nas celebrações compuseram a receita de seu sucesso – além do talento, claro.
Importância de Jorge Jesus
Após três temporadas de altos e baixos na Itália, onde disse até que pensou em “deixar o futebol”, Gerson chegou ao Ninho pouco depois de Jorge Jesus assumir o Flamengo. O português estimulou o fato dele se adaptar em diversas funções do meio, algo iniciado no futebol italiano, e foi um responsável direto pela sua evolução.
Na ocasião, quando Gerson já ostentava um rendimento admirável ao lado de Willian Arão, o treinador havia “antecipado” que ele iria “fácil para a Seleção Brasileira”. Jesus, aliás, teve um peso significativo para ele ser contratado:
— O Mister fez um esforço muito grande para eu estar aqui. Me ligando diariamente, falando que contava comigo aqui no Flamengo, eu estava um pouco largado na Itália, pensando até em deixar o futebol de lado. Só que depois que eu recebi a ligação dele, me passando confiança, me perguntou o que tinha acontecido lá, e eu falei: “Os caras aqui falaram que não contam comigo nesta temporada”. E ele disse: “Beleza, se eles não contam contigo aí, eu conto com você aqui”. Foi uma coisa que me deixou muito feliz. Eu vi que o cara mesmo sem nunca ter trabalhado comigo estava depositando uma confiança muito grande no meu futebol – completou, à “FlaTV”.
Passagem memorável
O resto virou história. Gerson esteve na “Seleção do Campeonato Brasileiro” das edições de 2019 e 2020, ambas conquistadas pelo Flamengo. Por falar nele e no Jorge Jesus, o Benfica tentou a contratação de Gerson assim que o Mister assumiu o clube português, no ano passado. Sem sucesso. O destino o reservou o futebol francês, onde será treinado por Jorge Sampaoli, cuja insistência, vale ressaltar, foi determinante para a transferência do Coringa ao Olympique de Marseille.
Aos 24 anos e às vésperas de disputar as Olimpíadas, Gerson ultrapassou a marca dos 100 jogos (109) com a camisa do Flamengo recentemente. Ele marcou sete gols, deu dez assistências pelo Rubro-Negro e empilhou oito taças de campeão, ao todo: conquistou os títulos do Brasileiro (2019 e 2020), da Libertadores (2019), do Carioca (2020 e 2021), da Supercopa do Brasil (2020 e 2021) e da Recopa Sul-Americana (2020).
— Não somos preparados para dizer “até logo”. Nos preparamos para viver intensamente nossos sonhos, desejos e objetivos. Uma coisa tenho certeza: eu vivi intensamente o meu sonho de ser um rubro-negro dentro de campo.
Em outra mensagem de despedida, Gerson fez questão de realçar que voltará ao clube e que sai satisfeito em ajudar o Fla, desta vez direto nos cofres, o que, pelo saldo positivo entre a compra e venda, o fez também ser uma referência de negócio certeiro (afinal, saiu com média de um título a cada 14 jogos):
— Pensamos em todos os lados (ao aceitar a proposta do OM). Estamos vivendo um momento difícil. O clube estava muito bem estruturado, acabou que essa pandemia deu uma balançada geral. Saio triste, mas sabendo que, com a minha venda, posso ajudar o Flamengo.
Retirado de: Lance