A expulsão de Gabigol na goleada sofrida diante do Internacional e o relato do árbitro Paulo Roberto Alves Junior levarão o atacante do Flamengo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A procuradoria já enxerga um caminho para produção da denúncia contra o camisa 9 do Fla, que cumprirá suspensão automática no jogo de domingo (15) contra o Sport, em Volta Redonda.
O relato da súmula diz que a expulsão de Gabigol veio “após receber uma advertência com cartão amarelo, bater palmas de forma irônica, por diversas vezes, em direção ao árbitro”. As imagens e o registro da súmula também dão conta de que “o mesmo atleta, quando saía do campo de jogo, proferiu as seguintes palavras: ‘Isso é uma piada! Por isso que o futebol brasileiro é essa várzea!'”.
“Para a procuradoria, isso é considerado como uma forma desrespeitosa. Não chega a uma ofensa moral, que é quando chama de ladrão ou diz que está favorecendo o time contrário. O tribunal vai analisar se ele é reincidente ou não. Dependendo do caso, a pena pode ser maior ou menor”, disse ao UOL Esporte o procurador-geral do STJD, Ronaldo Botelho Piacente.
O artigo do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) que enquadra esse tipo de comportamento é o 258: “Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva”. O inciso II no segundo parágrafo cita o desrespeito ao árbitro como passível de punição. Em caso de condenação, o artigo prevê suspensão de uma a seis partidas.
A súmula do jogo ainda trouxe outro episódio dentro da partida, até mais inusitado do que Gabigol sendo expulso por reclamação. A descrição do árbitro apontou: “após o termino do primeiro tempo, observei na arquibancada, setor destinado ao staff do Flamengo, uma criança vestindo a camisa do clube citado, fazendo gestos obscenos com os dedos do meio e gritando para este arbitro: ‘Parem de roubar seus ladrões do c…’. Informo que não foi possível identificar o mesmo”.
A inserção da cena na súmula vai ao encontro do que a comissão de arbitragem orientou aos árbitros para esta temporada: um olhar mais atento para ofensas que vierem das arquibancadas, mesmo em tempos de ausência de torcida. É que, geralmente, dirigentes ou até jogadores não relacionados ocupam esses assentos. A CBF verificou excessos no comportamento e por isso permitiu aos árbitros relatar o que viram para que o fato seja, eventualmente, encaminhado ao STJD. Mas o contexto específico do que aconteceu no Maracanã torna a atuação da procuradoria um pouco mais complexa.
“A gente precisa entender melhor o que aconteceu aí, o que essa criança estava fazendo lá dentro. Isso será analisado pela procuradoria para ver se ela estaria autorizada. A questão é que é um menor, não identificado. É difícil dizer se o clube responderia por isso ou não. É uma nova questão que precisaria se estudar, analisar para ver se houve infração ou não”, completou Ronaldo Piacente.
Enquanto as questões relacionadas ao Brasileirão não se resolvem, Gabigol e o Flamengo se concentram no Olimpia, adversário de amanhã (11), às 19h15, pelas quartas de final da Libertadores. O atacante está confirmado, sobretudo por causa da lesão no tornozelo de Pedro.
Retirado de: UOL