Após não relacionar seis titulares para o jogo contra o América, que terminou empatado em 1 a 1, Renato Gaúcho reforçou que não estava poupando os jogadores para a semifinal da Libertadores, nesta quarta, contra o Barcelona (EQU). Os seis haviam sido titulares no jogo de ida da Copa, três dias antes, e embarcaram neste segunda para Guayaquil. Apesar do discurso do técnico do Flamengo, o padrão é o mesmo adotado no Grêmio, como nas semis de 2019.
A predileção de Renato pelas Copas já era conhecida na chegada do técnico ao Ninho do Urubu. Contudo, com um elenco mais profundo e a cobrança interna pela “conquista de tudo”, como é no atual Flamengo, houve a expectativa que a cultura do clube se estabelecesse a Renato. Não foi o caso até agora, em especial na preparação para as semifinais da Libertadores contra o Barcelona.
Diego Alves, Isla, Rodrigo Caio, David Luiz, Everton Ribeiro e Gabigol foram os seis atletas que atuaram no Maracanã, na vitória por 2 a 0 na última quarta, e não foram a Belo Horizonte. Não há nada que indique que esses jogadores não serão titulares na partida que vale um lugar na decisão da Copa Libertadores.
O time ainda deve contar com o retorno de Filipe Luís e Arrascaeta, únicos com lesões ou problemas físicos nas últimas semanas, como afirmou Bruno Spindel.
— A narrativa (de muitos lesionados) não cabe Temos dois jogadores lesionados: Filipe Luís e Arrascaeta. Se eu não me engano, nos últimos 13 jogos, o Flamengo tem 11 vitórias, um empate e uma derrota. Com muitos gols feitos no segundo tempo e no final do jogo, viramos uma série de partidas. Então acho que essa é a maior prova da qualidade do trabalho do Departamento Médico, o próprio Renato elogiou eles depois de uma partida. Eu acho que o resultado em campo é a maior prova da qualidade do Departamento Médico do Flamengo – afirmou o diretor de futebol do Flamengo, em 13 de setembro.
Renato afirma que reforçou no vestiário que não pensassem no jogo seguinte, válido pela Libertadores, antes das partidas contra Grêmio e América-MG pelo Brasileirão. Contudo, a mudança no comportamento da equipe foi visível. Na partida contra o Tricolor, que antecedeu o 2 a 0 sobre o Barcelona, não foram tantas mudanças na escalação inicial, mas a equipe teve apresentação ruim.
Contra o América, o Flamengo entrou em campo desfigurado. O entrosamento – ou a falta de – ficou clara, apesar do time ter ficado próximo da vitória até os minutos finais, quando sofreu o gol de empate no Independência. Segundo o técnico, as mudanças na equipe inicial não foram por priorizar a Libertadores.
— Não vamos deixar qualquer competição de lado. O Flamengo está disputando três competições dificílimas. O Flamengo montou um plantel forte para disputar as três competições. Esse discurso de que o Flamengo está poupando… Vou responder pela última vez. As pessoas não sabem quem pode ou não jogar. Ficaram seis jogadores no Rio. Desses seis não sei quantos não vão poder jogar na quarta – afirmou Renato Gaúcho após o jogo de domingo.
Semifinal de 2019
Ao longo do trabalho no Grêmio, foram várias as demonstrações de Renato a respeito das Copas e Brasileirão, em especial na terceira e última passagem como técnico do Tricolor, entre 2016 e 2020. O reflexo está nos títulos da Copa do Brasil, Libertadores, Recopa Sul-Americana e três Campeonatos Gaúchos.
No Brasileirão, a equipe ficou em quarto lugar em 2017, 2018 e 2019, mas jamais chegou a brigar de fato pelo título. Em 2020, terminou na sexta posição.
Além dos títulos citados acima, o Grêmio de Renato fez outras campanhas de destaque nos mata-matas. Foi vice-campeão da Copa do Brasil de 2020, para o Palmeiras, e, em 2019, perdeu nas semifinais da Libertadores para o Flamengo. Naquele duelo, o técnico deu uma mostra da predileção pelas Copas, diferentemente de Jorge Jesus, comandante rubro-negro naquela campanha.
Com o empate em 1 a 1, em Porto Alegre, e a vitória por 5 a 0 no Rio de Janeiro, o Flamengo superou o Grêmio. As respectivas escalações nas partidas que antecederam os confrontos mostraram as percepções dos técnicos a respeito das competições. Antes do jogo de ida, Jorge Jesus utilizou os 11 titulares que entraram em campo no empate sem gols com o São Paulo, pelo Brasileirão, sendo que oito iniciaram o jogo. Rafinha, Filipe Luís e Gerson saíram do banco.
Antes da volta, Mister escalou de início nove atletas que entrariam em campo contra o Grêmio e colocou Willian Arão ao longo do jogo com o Fluminense. O clássico, pelo Campeonato Brasileiro, foi vencido pelo Flamengo por 2 a 0.
Já Renato Gaúcho promoveu 11 alterações da partida contra o Fluminense, pelo Brasileirão, para a ida contra o Flamengo, pela Copa em POA. Para a volta da semi da Libertadores, foram oito mudanças em relação ao jogo anterior, contra o Fortaleza: apenas Paulo Miranda, Michel e André iniciaram os dois duelos. Os resultados no torneio nacional não foram positivos: duas derrotas por 2 a 1.
As comparações com Jorge Jesus parecem ser inevitáveis para os sucessores no cargo. Neste caso, não é verdade que o Mister não mudasse o time, mas o fazia de forma mais sutil, como uma ou duas mudanças de um jogo para o outro – com exceção para o caso de lesões. Ainda existia o fator da valorização da liga nacional, como o próprio explicou, como algo cultural no futebol da Europa.
— Depois de chegar aqui eu entendi (o valor dado à Libertadores). Achava que o mais importante fosse o campeonato (Brasileiro). Na Europa, como disse, na minha formação, o principal é ser campeão do seu país. Aqui não. Aqui é a Libertadores. Nós europeus tratamos o campeonato nacional em primeiro lugar. Depois vem a Champions – declarou Jorge Jesus, em agosto de 2019.
Retirado de: Lance