Jorge Jesus estava, sim, próximo da volta ao Flamengo, mas a diretoria rubro-negra foi impaciente, não quis esperar até o dia 30, quinta-feira, dia do clássico entre Porto e Benfica pela 16ª rodada do Campeonato Português, e acelerou a contratação de Paulo Sousa diante da possibilidade de perder o Plano B para o Internacional. Essa é a conclusão de uma influente fonte do estafe do Mister com quem o blog conversou no início da tarde deste domingo. A crítica do interlocutor não é ao competente técnico Paulo Sousa, mas à reviravolta em uma negociação que, segundo ele, caminhava favoravelmente ao time brasileiro.
Segundo essa fonte, o mandatário Rodolfo Landim e o fiel escudeiro Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Conselho de Administração do clube, esticaram a corda e teriam dado ultimato ao vice de futebol Marcos Braz e ao diretor executivo Bruno Spindel para encerrar a procura por um novo treinador. Incertos quanto ao futuro de Jesus, ambos apostaram no Plano B e fecharam com Paulo Sousa.
O profissional de 51 anos segue vinculado à Polônia, mas rescindirá o contrato. A seleção do Leste Europeu está classificada para a repescagem da Copa do Mundo do Catar 2022. Para ir ao Mundial, o time do atual número 1 do mundo na premiação da Fifa, Robert Lewandowski, precisa passar pela Rússia e depois Suécia ou República Tcheca.
Na avaliação do interlocutor, o Flamengo não conseguirá fazer o que queria, ou seja, trazer Jesus de volta, porque agiu com ansiedade e precipitação. Segundo ele, faltou paciência para entender o jogo de xadrez proposto na negociação para a transação sair de graça. “Era só ter calma, tomar a decisão no tempo certo e Jesus estaria no Rio, em janeiro, para iniciar a temporada no clube carioca”, indica. Segundo ele, Landim e BAP entraram no circuito com receio de Jorge Jesus permanecer no Benfica e Paulo Sousa dizer sim ao Internacional. Os agentes do treinador deixaram claro ao Flamengo que o cliente não esperaria pelo desfecho da situação de Jesus no Benfica.
Na opinião dessa fonte, o Benfica percebeu que não há mais clima para Jesus permanecer no cargo, mas não rescinde para evitar o pagamento de multa a Jesus. O treinador não pede demissão pela mesma razão. Na visão dele, chegaria um momento em que Benfica e Jesus teriam desejo mútuo pelo fim do contrato e o Flamengo poderia ser beneficiado diante da possibilidade de um “comum acordo” entre o clube português e o treinador lusitano. Como publicado o blog antes do Natal, o Benfica havia ficado irritado com a maneira como o clube carioca conduziu o assédio a Jesus e, em represália, dificultaria ao máximo a saída do profissional. Além de mantê-lo no cargo, exigia uma indenização.
Especula-se que o Flamengo teria de pagar 6 milhões (R$ 38,52 milhões) de euros para tirar Jesus do Benfica. A multa de Paulo Sousa é muito menor para deixar a seleção da Polônia: 300 mil euros (R$ 1,9 milhão). O treinador está disposto a arcar com essa multa.
O Flamengo apostava na demissão de Jorge Jesus depois do baile que o Benfica tomou do arquirrival Porto, no Estádio do Dragão, na eliminação nas oitavas de final da Taça de Portugal. O presidente encarnado Rui Costa manteve o Mister no cargo pelo menos até o clássico de quinta-feira. Faltou curiosidade a Marcos Braz e Bruno Spindel para fazer uma pesquisa. Demissão é raro na carreira de Jesus. Só aconteceu na temporada 2000/2001, quando seus serviços foram dispensados pelo Vitória de Setúbal, ou seja, isso faz 20 anos. Depois disso, o Mister só saiu por iniciativa própria ou depois do término dos contratos.
O colega Venê Casagrande, retorista do Flamengo pelo jornal O Dia, dá detalhes do acerto do Flamengo com Paulo Sousa. O contrato foi assinado no último sábado, noite de Natal, em Fátima, cidade na Serra de Aire. Ele desembarcará no Brasil depois do réveillon com seis profissionais: Manuel Cordeiro e Victor Sanches (auxiliares), Luis Salaa e Antonio Gomes (preparadores físicos), Paulo Grilo (preparador de goleiros) e Cosimo Capagli (analista de desempenho). Em princípio, o acordo é por um ano com possibilidade de renovação por mais um.
Campeão da Champions League por Juventus e Borussia Dortmund como jogador, Paulo Sousa iniciou a carreira de técnico na base da seleção de Portugal. Comandou Queens Park Rangers, Swansea e Leicester City na Inglaterra; Videoton, na Hungria; Maccabi Tel Aviv, em Israel; Basel, na Suíça; Fiorentina, na Itália; Tianjin Quanjian, na China; e Bordeaux, na França. Ganhou o Campeonato Húngaro em 2011/2012 e a Supercopa da Hungria em 2011 e 2012, pelo Videoton; levou o Maccabi Tel Aviv ao título israelense em 2013/2014 e foi campeão suíço pelo Basel em 2014/2015.
Retirado de: Drible de corpo