Na semana passada, o Flamengo anunciou a contratação da meia Duda. Presença constante na seleção brasileira – disputou os Jogos de Tóquo-2020 -, a jogadora deixou o São Paulo e será a nova camisa 10 da equipe rubro-negra. O movimento indica uma transformação do clube carioca, que mira se colocar como um dos principais da modalidade no país e, quem sabe, acabar com o reinado do Corinthians, que conquistou nos últimos anos três Libertadores e três Brasileiros, além de outros títulos.
Para rivalizar com as equipes paulistas, o Flamengo tem sido agressivo no mercado. O UOL Esporte conversou com agentes de jogadoras que foram procuradas pelo time carioca e ouviu que as propostas superam em muito o que as atletas ganham atualmente, em alguns casos, até cinco vezes mais do que as jogadoras estão acostumadas a receber, chegando a acenar com salários na casa dos R$ 100 mil mensais. A saída de alguns clubes tem sido oferecer mais de um ano de contrato para suas jogadoras, e assim escapar de ter de aumentar o salário, e forçar quem quiser tirar as atletas a pagar uma eventual multa pela transferência.
— Para as atletas, financeiramente claro que é ótimo. Para a modalidade, para os demais clubes, um aumento brusco assim não é bom. O problema maior de se inflacionar o mercado é a manutenção do projeto em médio e longo prazo. Se o Flamengo não conseguir conquistar o que almeja com todo esse investimento, será que ele se manterá ou o clube irá desistir? O ideal é que as coisas sejam feitas de forma gradativa e progressiva, para não ter esse tipo de preocupação e problema, relatou um agente ao UOL, sob a condição de anonimato.
No Campeonato Brasileiro de 2021, o Flamengo parou na nona posição e não avançou para o mata-mata da competição, que teve o Corinthians como campeão. Assim, além de Duda, o clube trouxe também Cris, Gisseli e Leidiane. E não é só no masculino que o Flamengo recorre a um treinador português. O comandante da equipe feminina em 2022 será Luis Andrade, português que treinava o Benfica.
Um empresário que agencia jogadoras da seleção e que atuam fora do país, também sob a condição de anonimato, mostrou otimismo com a mudança de estratégia rubro-negra.
— Eu vejo isso como desenvolvimento da modalidade. Lá fora já é normal, aqui os clubes estão sendo mais agressivos no investimento. Para ter retorno, você precisa ter boas jogadoras, é um caminho natural, afirmou.
A parceria do clube com a Marinha, que no passado era responsável também por revelar jogadoras para o time, hoje está praticamente restrita ao uso da estrutura do órgão. O CT da Marinha é avaliado pelo Flamengo como um dos três melhores da modalidade no país, com localização privilegiada.
— O futebol feminino pode e deve ser utilizado para expandir a marca dos clubes. É importante que os clubes entendam a importância de ter um departamento de futebol feminino forte. A ideia do Flamengo fazer um departamento de futebol feminino próprio demonstra que a modalidade vem ganhando importância dentro dos times brasileiros, na esfera administrativa e com a torcida, analisa Higor Maffei Bellini, advogado especialista em direito esportivo, com forte presença no futebol feminino.
Principal competição do continente, a Libertadores é o grande objetivo das equipes brasileiras. A Conmebol anunciou na semana passada que a premiação para o campeão, que foi de US$ 85 mil neste ano, subirá para US$ 1,5 milhão na próxima temporada.
O Flamengo afirmou que aumentou o investimento para 2022 e que isso estava planejado desde 2020:
— O ano de 2021 foi de reestruturação. Nós queremos montar times fortes para alcançar nossos objetivos. O primeiro é chegar na Libertadores. Depois queremos conquistar títulos, movimento natural quando se investe mais, disse o clube rubro-negro.
Retirado de: UOL