Os episódios de racismo e desrespeito nos estádios estão se tornando cada vez mais públicos nos últimos anos. Com isso, muito se tem cobrado das entidades esportivas em relação a punições aos autores dos crimes.
Buscando uma mudança de rumo e o endurecimento nas penas, o presidente da CBF propõe a retirada de pontos dos clubes que tiverem torcedores autores de ações discriminatórias.
Na última sexta-feira (06), Ednaldo Rodrigues, mandatário da CBF, enviou um documento à Conmebol solicitando o endurecimento das penas e propondo a retirada de pontos dos times que tiverem torcedores envolvidos em atos de racismo na Libertadores e na Sul-Americana.
— Não concordo com apenas multa financeira ao clube que tiver um torcedor racista. Não se combate a discriminação apenas aumentando a multa. Tem que ser de forma mais dura. O clube precisa sofrer uma punição esportiva. Quero que o time do torcedor identificado cometendo um ato racista perca pelo menos um ponto na tabela do campeonato. Só assim acredito que vamos pacificar os estádios.
Vale lembrar que apenas na semana passada, torcedores de Fortaleza, Palmeiras, Corinthians, Bragantino e Flamengo foram alvo de atos racistas por parte de torcedores dos adversários em jogos pela Libertadores, competição organizada pela Conmebol.
— O clube tem que ser punido por não ter conseguido educar o torcedor que entra no seu estádio. Com a punição esportiva ao clube, conseguimos envolver o torcedor nesta luta antirracista. O torcedor seria um fiscal contra o preconceito na arquibancada.
O Código Disciplinar da Conmebol prevê multa mínima de US$ 30 mil (cerca de R$ 150 mil na cotação atual) para tais infrações. Cabe destacar que os integrantes do Comitê de Disciplina, uma espécie de STJD da entidade, podem aumentar o valor da pena.
Além de sugerir a medida à Conmebol, Ednaldo Rodrigues também pretende adotar a resolução nas competições realizadas pela CBF. Como o regulamento das competições deste ano já foram aprovados, o presidente pretende implementar a regra a partir do ano que vem.
— Quero propor uma ampla discussão aqui no Brasil para a próxima temporada. Vou pedir a perda de pelo menos um ponto a partir do ano que vem. Essa discussão vai ser boa para ver quem realmente quer combater o racismo no futebol.
Na semana passada, o presidente anunciou a realização de um seminário para discutir o preconceito no futebol. Neste evento comparecerão representantes da Fifa e da Conmebol, além de dirigentes dos clubes que disputam as competições realizadas pela CBF. Por fim, o seminário ainda contará com a presença de dirigentes de federações, do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e do Ministério Público.