O Flamengo que ganhou tudo em 2019 e buscava uma hegemonia encontra uma realidade com a qual não se deparava há oito anos. Desde 2014, o clube não se aproximava tanto da zona de rebaixamento do Brasileirão. Com o empate sofrido no fim diante do Ceará, estacionou na parte de baixo da tabela, com seis pontos, e tem risco de entrar no Z4 na próxima rodada.
São quatro jogo sem vitória, a pior sequência desde novembro de 2020, quando Domènec Torrent deu lugar a Rogério Ceni. Desde 2017 o Flamengo não termina o Brasileiro fora do G-4. Na ocasião, ficou em sexto lugar, e se classificou para a Libertadores a partir daí em todos os anos. Em 2014, deu uma arrancada e terminou na décima posição após ficar na zona de rebaixamento. Em 2015, foi 12°. Em 2022, até agora, é o pior início em seis rodadas, com seis pontos apenas.
Início bom não se sustenta
A equipe recorreu às origens recentemente adotadas por Jorge Jesus para tentar reagir, mas mesmo com uma formação mais tradicional adotada por Paulo Sousa, cedeu à pressão contra o Ceará. O resultado e a atuação ainda não deixam o treinador livre de pressão, após semana de cobranças intensas também sobre a diretoria. Que promete aumentar na terça, contra a U. Catolica, no Maracanã, pela Libertadores.
Ainda que tenha iniciado o jogo de uma forma mais contundente, o time rubro-negro demonstrou novamente certa irregularidade, sobretudo na defesa, e despencou sua produtividade entre os dois tempos. Arrascaeta foi o garçom nos dois gols de cabeça de Arão e sobrou entre o quarteto, que teve Gabi, Bruno Henrique e Ribeiro em tarde apagada.
A zaga formada por Pablo e David Luiz demonstrou lentidão, e não teve proteção adequada dos laterais Isla e Ayrton Lucas, e dos volantes. Assim, Mendoza diminuiu no primeiro tempo, e Nino, de falta, igualou no final. Para piorar, o zagueiro Rodrigo Caio sentiu nova lesão no tornozelo e ficou os minutos finais no sacrifício. Mas o técnico tranquilizou e disse que foi só susto.
Instabilidade
A atuação do Flamengo foi de altos e baixos. O time começou com a marcação alta, intensidade na troca de passes, e abafou o Ceará. Logo aos 7 minutos, Arrascaeta cobrou escanteio, e Arão apareceu na primeira trave para desviar. O ímpeto ofensivo se manteve por alguns minutos, e parecia que o Flamengo viveria uma das tardes que fazem a torcida lembrar de 2019. O time se armou no 4-4-2 com o quarteto ofensivo em sua tradicional troca de posições.
Depois de abrir o placar, recuou um pouco para cadenciar o jogo e tentar aproveitar bolas longas. Só que foi o Ceará que tomou as rédeas da partida e reagiu. Após falta de Isla, o time da casa cobrou rápido e pegou a defesa desarrumada. Mendoza não foi alcançado por Pablo e tocou na saída de Hugo, que já havia evitado o empate pouco antes em chute de fora da área.
Quando o Ceará parecia melhor, nova jogada em bola parada resolveu para o Flamengo. De novo Arrascaeta para Arão desviar. No segundo tempo, Paulo Sousa optou por tirar Ayrton e lançar Matheuzinho na lateral esquerda. O Flamengo conseguiu se organizar e trocar melhor os passes no ataque. Arrascaeta criou nova jogada que terminou com cabeçada de Pablo no travessão. O controle do jogo deu lugar a um Flamengo mais recuado a partir da segunda metade da etapa final. Ao renovar o gás, o Flamengo perdeu o conjunto e apostou em uma bola.
Já o Ceará foi com tudo para cima, Nino, em falta pela esquerda, encobriu Hugo, que errou o tempo de bola após fazer boas defesas.
Retirado de: O Globo