Andreas vai de “até nunca mais” a “valeu pela saideira” no Flamengo

Bruno Henrique, Andreas e Arrascaeta em jogo do Flamengo no Maracanã (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Foi uma noite incomum, quase suis generis, para o Flamengo em Ibagué. Escalação inicial bizarra de um Dorival Júnior que nem pôde ficar à beira do campo, por conta de suspensão da Conmebol ainda dos tempos de Ceará na Sul-Americana.

Com as ausências de João Gomes, suspenso, e Willian Arão, que testou positivo para Covid, Diego Ribas iniciou centralizado à frente da defesa em um 4-3-3 que protegia mal a última linha defensiva. Depois o camisa dez e capitão foi para o lado esquerdo, para transformar o setor, com Filipe Luís, no “mapa da mina” do Tolima. O time colombiano atacava forte com Riascos, mesmo sem a dupla titular Marulanda e Plata.

Na frente, Everton Ribeiro não conseguia dar sequência às jogadas e o lado direito passou a depender fundamentalmente de Rodinei. Sim, o contestado lateral que novamente foi o grande escape em uma equipe sem profundidade desde a grave lesão de Bruno Henrique. De novo com Gabigol praticamente nulo, sem finalizar na direção da meta do inseguro Domínguez.

Para piorar, a falta de inspiração de Arrascaeta, mais uma vez muito inconstante e errando demais tecnicamente para o seu alto nível. Assim coube a um personagem controverso ser o protagonista, justo em sua despedida do clube.

Andreas Pereira foi o mais regular e efetivo do meio-campo, ajudando na recomposição, fechando o meio e também auxiliando o lateral, ainda aparecendo na frente. Assim marcou o belo gol da vitória, em chute que deixou o goleiro adversário imóvel. Também chegou a driblar Domínguez, mas aí comprovou sua inconstância errando a assistência de forma até grotesca.

Um retrato da passagem que chega ao fim com o encerramento do empréstimo e o Flamengo roendo a corda de um acordo alinhado com o Manchester United em fevereiro para pagar dez milhões de euros pelo meio-campista. Andreas não vale isso, porque na maior parte do tempo foi um jogador até útil, mas nunca decisivo. Pior: sua intervenção mais memorável foi traumática, em Montevidéu na final da Libertadores do ano passado.

Pelo menos a última imagem foi positiva, antes de voltar e provavelmente partir para o Fullham. Boas atuações nos jogos mais recentes e um gol em vitória fundamental. Completando a “Família Pereira” de protagonistas inesperados com o zagueiro Léo, que carregou a “Família Luís(iz)” – David e Filipe – nas costas. Ainda salvou em cima da linha a saída de bola desastrosa do goleiro Santos, que compensou sendo importante em outros momentos com boas defesas.

O Flamengo construiu vantagem importante para a volta no Maracanã e o retorno com fôlego renovado de João Gomes, suspenso também no Brasileiro e fora do jogo contra o Santos, sábado na Vila Belmiro, será fundamental. Mas não há nada decidido. O Tolima venceu o Atlético no Mineirão na fase de grupos e provavelmente virá ao Rio de Janeiro mais completo e menos traumatizado pela perda do título colombiano em circunstâncias inacreditáveis.

E Dorival não terá Andreas, que foi de “até nunca mais” a “valeu pela saideira”, pelo menos com a parte mais tolerante da torcida. Por incrível que possa parecer, o meio-campista que os rubro-negros queriam ver pelas costas vai fazer falta até o setor ser reforçado e os contratados estiverem regularizados, a partir do dia 18 de julho. Mais um problema para a equipe que segue viva em três frentes, mas sofre com a irregularidade.

Justamente a marca da trajetória de Andreas Pereira no Flamengo.

Retirado de: UOL – André Rocha