Quando o Flamengo anunciou a escalação com reservas mesmo diante do grande rival Palmeiras, a torcida em sua maioria chiou. O empate com bons momentos no Allianz, por sua vez, reforça a capacidade de Dorival Júnior rodar elenco, mantém o time vivo no Brasileirão, e deixa os titulares descansados para as semifinais da Copa do Brasil e da Libertadores.
Ao pé da letra, Dorival apenas manteve a coerência do que vinha fazendo ao longo da competição. O time que entrou em campo é o que o torcedor está acostumado a ver no Brasileirão. A expectativa pelo confronto direto com o Palmeiras, porém, deu tom de surpresa para escalação que tinha somente Santos, David Luiz e Thiago Maia do time titular. A escolha foi justificada em coletiva:
— As pessoas não têm ideia do que é jogar na Baixada no sintético e também aqui. Fatalmente amanhã teríamos os jogadores desgastados em relação a isso. Quando trabalhamos no Athletico-PR não podíamos fazer dois trabalhos seguidos no campo sintético quando tínhamos jogos. Os jogadores (do Flamengo) não são acostumados (com a grama sintética). Não sabia que reação teríamos na segunda-feira. A maior preocupação foi isso.
Dado o argumento, o Flamengo, mesmo sem suas estrelas, encarou o Palmeiras de igual para igual em São Paulo – principalmente no primeiro tempo. Com marcação forte por dentro com Victor Hugo, João Gomes e Thiago Maia, a equipe sofria pouco e obrigava o adversário a alçar bolas na área.
Santos passou a etapa inicial inteira sem trabalhar praticamente, enquanto os rubro-negros ganhavam campo com o passar do tempo e chegavam ao ataque com ações em velocidade pelos lados. Matheuzinho e, principalmente, Ayrton Lucas eram as válvulas de escape e assim nasceu o gol.
O lateral-esquerdo deixou Marcos Rocha no chão para cruzar na medida. Victor Hugo saltou bonito, escolheu o canto e testou para fazer 1 a 0 em um primeiro tempo controlado, onde Pablo e Matheuzinho ainda desperdiçaram boas oportunidades na frente de Weverton.
A volta do intervalo já foi diferente e apresentou um Palmeiras debruçado no campo de ataque. Por mais que Lázaro e Ayrton Lucas levassem perigo a Weverton, o domínio era verde, o Flamengo não conseguia reter a bola e Dorival percebeu isso. Pedro e Ribeiro já estavam na beira do campo para entrar quando Veiga acertou pelo chute para empatar.
O Flamengo passou a ter ainda Arrascaeta, Vidal e Gabriel em campo e o jogo voltou a ficar equilibrado. Com domínio do meio de campo, o time carioca tentava criar por dentro, mas o Palmeiras se defendia bem.
Os 20 minutos finais foram de trocação com marcação forte, como se espera em duelos deste nível. Arrascaeta levou perigo em chute da entrada da área após tabela com Pedro, o Palmeiras assustou no jogo aéreo, e a partida terminou empatada.
É inegável que o gol de Raphael Veiga já com Ribeiro e Pedro para entrarem em campo mudou o rumo do jogo previsto por Dorival. Fica o questionamento se não era necessário colocar as estrelas em campo antes para conter um Palmeiras dominante no início do segundo tempo.
Pergunta que ficará sem resposta. Mas que não anula o fato de o Flamengo ter entrado em campo com um risco calculado e ter saído ainda vivo nas três competições.
Retirado de: Globo Esporte
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