O Flamengo conquistou dois títulos importantes na temporada depois de um início conturbado dentro do campo. Os últimos dias, porém, fizeram o noticiário não se resumir apenas às taças. Com a declaração de cunho xenofóbico de Ângela Machado e os problemas com a Outsider Tours antes da Libertadores, as glórias dividiram espaço com as polêmicas.
No caso da diretora de responsabilidade social do Flamengo e esposa de Rodolfo Landim, a declaração contra nordestinos após o resultado das eleições presidenciais do Brasil foram dadas na segunda-feira (31). Com cobranças por parte da torcida, de conselheiros — um deles pediu seu afastamento — e de embaixadas, o momento de celebração dos êxitos esportivos ficou quase em segundo plano.
Siro Darlan, do grupo político Fla-Tradição, que pediu o afastamento de Ângela, mandou o requerimento para o Conselho Diretor e para o Conselho Administrativo do clube. Ainda que a tendência seja de arquivamento, o caso gerou um desgaste inesperado para o atual campeão da Copa do Brasil e da Libertadores.
Ontem (3), a história teve dois desdobramentos. Primeiramente, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito para investigar Ângela Machado por crime de xenofobia. Ela ainda será chamada para prestar esclarecimentos. Depois, a diretora se desculpou pela publicação. A mensagem foi publicada no Instagram, que era aberto no momento da ofensa, mas que agora é fechado.
O Nordeste é onde se concentra a maior quantidade de torcedores do Flamengo no país e a equipe irá disputar partidas do Campeonato Carioca de 2023 na região.
Clube se distancia
Rodrigo Dunshee, vice-presidente geral do Flamengo, disse ao Charla Podcast que não haverá pronunciamento do clube sobre a questão por entender que é um problema pessoal de Ângela. O Rubro-Negro, porém, recomendou que os funcionários evitassem publicações sobre política nos últimos tempos antes da eleição.
“Esse episódio foi uma questão pessoal da Ângela, que por acaso é esposa do Landim. Na conta privada dela. Ela pessoalmente que tem que falar. As pessoas adoram envolver o Flamengo em todos os problemas e pode raspar no clube, que não tem nada a ver com isso. Em qualquer empresa do mundo, o funcionário tem o direito de escrever em sua rede social algo que ele queira. Ela nem funcionária é, é diretora voluntária. Ela faz o bem para as pessoas, é de responsabilidade social, fez vários trabalhos na pandemia. Ela que tem que responder. Não tenho nada a ver com isso”, disse.
“Se tiver algum interesse do Flamengo em algum lugar, vou defender. Se uma pessoa vinculada ao Flamengo falar alguma coisa na sua conta privada, não tenho que me meter. Admiramos o Nordeste e os torcedores. Por respeitar a privacidade das pessoas [não haverá posicionamento do clube]. Ela que tem que falar e não temos nada a ver com isso. Foi na conta privada”, completou.
Ele seguiu a mesma linha de Rodolfo Landim, que afirmou que a postagem foi uma decisão de “foro íntimo” e que Ângela tem o direito de “agir e pensar como quiser”. Mesmo com a insatisfação dentro do clube e na torcida, a postura dos dois foi de distanciar o Flamengo de responsabilidade no caso. O estrago, no entanto, já estava feito e integrantes da ala cúpula não esconderam a irritação com o desvio de foco após dias de vitórias expressivas nos gramados.
O Flamengo se fechou para entrevistas antes das finais da Copa do Brasil e da Libertadores, cumprindo apenas os compromissos comerciais que não poderia recusar. A tendência era que, com os títulos, os jogadores ficassem novamente liberados para atender a imprensa, mas não é o que se desenha no primeiro momento após as polêmicas.
Retirado de: UOL