Na penúltima partida pós-Libertadores, o Flamengo fez um jogo modorrento no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. De interessante no empate por 2 a 2 com o Juventude somente a bonita jogada do primeiro gol e a luta dos reservas nos minutos finais.
Diante do lanterna, rebaixado com quatro rodadas de antecedência e que não vencia há 17 partidas, o Flamengo finalizou apenas nove vezes. Menos que isso o time só registrou em outras quatro partidas no Campeonato Brasileiro.
O próprio Dorival, em coletiva após o empate, afirmou que “seria impossível” manter o nível de mobilização apresentado nas decisões de outubro. E de fato o Flamengo esteve desligado na maior parte do tempo. Os gols do Juventude saíram assim.
A primeira impressão, porém, foi diferente. O gol do Flamengo, anotado aos 50 segundos de jogo, veio em jogada coletiva muito bonita. João Gomes livrou-se da marcação no meio e deu a Rodinei, que conquistou o espaço necessário para cruzar de esquerda. Cebolinha ajeitou, e Matheuzinho marcou. Toda pinta de que viria uma goleada contra uma equipe que estava rebaixada virtualmente há meses.
O bonito gol pareceu ter relaxado os jogadores, que pouco criaram. Matheus França, apesar da movimentação que somente jogadores acima da média têm, viveu de lampejos e não levou perigo. Victor Hugo esteve ainda mais apagado.
Everton Cebolinha até conseguiu algumas arrancadas na etapa inicial, mas as tabelas com Ayrton Lucas não saíram, e o Flamengo não conseguiu profundidade constante pelo lado esquerdo do ataque.
Do outro lado, Rodinei começou bem, com bonitos dribles, mas também não conseguiu fazer uma dobra ofensiva interessante com o improvisado ponta-direita Matheuzinho.
Enfim, o sistema defensivo que pouco comprometia, mas os erros vieram no fim da etapa, aos 35 e 42 minutos. No primeiro gol adversário, a zaga, com a linha bastante adiantada, foi surpreendida pelo disparo de Paulo Henrique, que em posição legal, não deu chances a Pablo e saiu na cara de Hugo para bater cruzado.
No segundo, Cebolinha não conseguiu bloquear Paulo Henrique, que cruzou. Pablo cochilou novamente, e Jadson se antecipou para cabecear. Dava para Hugo chegar, mas o goleiro também não estava com o posicionamento correto.
Banco dá um gás no final
O segundo tempo tinha tudo para ser pior. Os jogadores que estavam em campo pouco reagiam, mas os reservas que deixaram o banco acabaram por dar esperança. Não de virada num duelo de rara inspiração, mas de evolução em 2023.
Varela mais uma vez mostrou que pode ajudar muito ofensivamente. De movimentos rápidos, inteligência para tocar de primeira e ultrapassagens em velocidade, pinta como provável titular em 2023, já que Rodinei, em seu melhor momento no Flamengo, deve deixar o clube.
Werton e Kayke David ainda são franzinos, sofrem fisicamente, mas não se omitem. Rodaram bastante no setor ofensivo participando de tramas com os laterais. O primeiro, amazonense e rubro-negro de coração, conseguiu gol de persistência no final do jogo.
Cebolinha tocou para Ayrton Lucas, que errou o chute. Mateusão tentou finalizar, mas a bola sobrou limpa para Werton acertar com força no canto direito de César. Bonito gol.
Dorival pediu compreensão pelos “momentos de falta de concentração” devido a todo desgaste mental provocada pelas decisões nas Copas. O pleito parece justo em uma temporada que parecia sem perspectiva e que termina com o Flamengo tetracampeão da Copa do Brasil e tricampeão da Libertadores, mais uma vez com a possibilidade de ser campeão mundial batendo à porta.
Para domingo, porém, é preciso que esse nível de concentração suba um pouquinho. Mais uma vez um time rebaixado pela frente, porém agora com Maracanã lotado e pelo menos mais de 50 mil pessoas ansiosas para se despedirem do time com vitória.
Se o Flamengo jogar um pouquinho mais ligado e encorpado, a chance de a festa começar sábado no Maracanã e terminar somente na tarde de domingo, em desfile no Centro da Cidade, será enorme.
Retirado de: Globo Esporte