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Narradora da Rede Globo faz desabafo sobre críticas devido a erros

Renata Silveira se tornou a primeira mulher a narrar uma Copa do Mundo e se despediu do mundial, sendo muito elogiada pelo público. Em entrevista ao Splash Vê TV, a narradora falou das críticas que recebeu, do assédio que mulheres já sofreram no trabalho, além de revelar táticas que utilizou durante os jogos e a possibilidade de substituir Galvão Bueno no último jogo do Brasil.

Questionada pela apresentadora Larissa Martins sobre qual o seu maior desafio, a narradora falou ser o ato de precisar provar para o público do que é capaz.

— Eu acho que a gente meio que vai educando, normalizando e acostumando as pessoas com a narração feminina e agora quando vem na Globo parece que eu preciso voltar e fazer tudo de novo. Olha gente, eu tô aqui, eu consigo fazer isso, eu posso fazer também. Me dá uma chance, me escuta aí. É um trabalho árduo, a gente tem que se provar o tempo todo, não temos tempo para errar, afirmou.

Renata Silveira

Renata disse que por ser mulher precisa estudar um pouco mais para não cometer erros e receber críticas:

— Eu sempre gostei muito de estudar, sempre fui muito estudiosa e com os jogos não é diferente. E simplesmente pelo fato de ser mulher, eu preciso estudar mais. Parece até bobeira falar isso porque todo mundo erra, mas se o cara que está lá narrando ele erra, é engraçado, faz parte, ele se enganou. Agora vai a mulher errar: ela é burra, ela não sabe, ela não tinha que tá ali, olha que sem noção. É bem complicado, a gente tem que tá pronta 20 vezes mais e encarar tantos leões por dia porque ainda a gente tem que provar tanta coisa infelizmente, declarou Renata Silveira.

Marcelle Carvalho perguntou sobre o peso em ser a primeira mulher a narrar uma Copa e as possíveis referências para outras mulheres seguirem o mesmo caminho.

— Chega a ser um pouco cansativo também. Eu até brinco com isso porque daqui a pouco eu não vou ter mais adrenalina no corpo, porque toda hora é aquela experiência, aquele desafio novo, o friozinho na barriga. Eu não queria estar sendo a primeira a fazer tudo isso, mas já que estou aqui, vamos fazer direito isso, vamos abrir essa porta para que outras mulheres venham depois como narradoras, comentaristas, iniciou.

Em outro momento, Renata contou que foi criticada ao narrar o primeiro gol da Alemanha contra o Japão — que venceu a seleção alemã por 2×1, na primeira fase dos grupos na Copa do Mundo.

— As pessoas que estão falando: ‘Ah, péssimo, não sabe narrar’. Tenho certeza que nunca viram uma transmissão minha. A gente vê muito isso, as pessoas generalizando: ‘Ah, é mulher não sabe narrar, a voz feminina não combina com futebol’. Então é sempre isso, não é a Renata Silveira que narrou aquele jogo e eu vou criticar ela, não, eu abrir isso aqui, vi uma mulher narrando e falo: ‘Horrível você’. E é por aí.

Tática para identificar jogadores durante narração

A narradora Renata Silveira disse que o jogo mais difícil que narrou foi o da Alemanha contra o Japão, pela dificuldade que sentiu em memorizar e falar corretamente o nome dos jogadores japoneses. Ela, então, revelou algumas táticas que utiliza na hora dos jogos.

— Esse jogo não era um jogo para eu fazer, era do Luís Roberto. Ele teve uma sinusite, eu tive que narrar e tive poucas horas para estudar sobre as seleções. A Alemanha eu já conhecia praticamente todos os jogadores porque eu narrei muito futebol alemão quando eu era da Fox. O Japão eu sempre tive muito medo e esse medo caiu na Copa, iniciou.

Renata contou as dificuldades que teve ao longo dos jogos e o que fez para conseguir identificar corretamente os jogadores.

— Eu percebi que a seleção do Japão é muito mais fácil, por exemplo, que a seleção do Irã. Eu achei a do Irã e da Arabia Saudita as mais difíceis das seleções que narrei em relação à pronúncia e identificar os jogadores. E aí na hora que a bola rola, a gente vai procurar um cabelo diferente, cor. Tá tudo mundo de cabelo preto, mas tem um loiro aí já sabe que é aquele lá, e ai eu já vou nas minhas anotações. É um cara que tem uma tatuagem específica em algum lugar do corpo, é uma chuteira colorida, enfim. Primeiro tem essa diferencias físicas, que a gente tenta identificar pra ser uma coisa que vai ajudar durante a transmissão e quando é competição, Fifa é outro patamar. As imagens facilitam muito nosso trabalho.

Galvão Bueno no jogo do Brasil

Larissa Martins perguntou como foi para a narradora Renata saber da eliminação do Brasil na Copa do Mundo para Croácia e ela revelou que estava de stand by para, se precisasse, substituir Galvão Bueno.

— É inacreditável, né? Eu estava trabalhando, de stand by do Galvão Bueno. Se acontecesse alguma coisa no jogo, eu entraria ali. Que loucura. Eu até filmei e postei no meu Instagram depois as reações da gente ali acompanhando o jogo e tal. Ah, gente, doloroso demais. Faltou um pouquinho de calma ali na prorrogação. Difícil acreditar que a gente passou por isso. O futebol brasileiro tem que evoluir muito aí pra gente brigar de frente com essas seleções, contou.

Assédio no trabalho

Ao ser questiona por Cristina Padiglione se ela já sofreu algum tipo de assédio no trabalho por ser mulher e estar em um universo predominantemente masculino, Renata negou.

— No ambiente do trabalho, não. Já sofri assédio na arquibancada do estádio, como torcedora. O meu pai sempre me levava para a pelada com um monte de homem. Tava lá, eu e minha irmã no meio de um monte de homem. Eu já ouvi isso das meninas terem um comportamento diferente na redação para serem aceitas ali. Eu nunca passei por isso, acredito pelo fato de sempre achar o futebol normal pra mim, afirmou.

— Graças a Deus nunca sofri assédio dentro da empresa e acho que hoje a gente tem um suporte pra isso, mas sim, por mais que não seja a minha realidade, sei que é de muitas mulheres dentro das redações, mulheres que trabalham com o jornalismo esportivo, acrescentou.

Retirado de: UOL

Equipe Gávea News

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