Um preparador físico capaz de mobilizar a torcida por seu retorno.
O carinho dos rubro-negros por Mário Monteiro ajuda a definir a trajetória deste português que retorna ao Flamengo após dois anos e meio com carisma incomparável, mais de três décadas de futebol e o histórico 2019 na bagagem. Será ele um dos responsáveis pelo pontapé inicial do clube na temporada 2023 nesta segunda-feira, no Ninho do Urubu.
Fiel escudeiro de Jorge Jesus ao longo de décadas, Mário está de volta ao Flamengo após o convite de outro compatriota: Vitor Pereira. Mais do que isso, retoma um caminho que admite que não devia ter sido interrompido quando o Mister e sua comissão trocaram o Rio de Janeiro pela volta a Lisboa para trabalhar no Benfica em meados de 2020.
— Apenas duas situações me fariam voltar a trabalhar: retornar ao Flamengo, clube de onde nunca devia ter saído, ou uma seleção de Portugal ou do Brasil. A expectativa é muito grande. Já tinha dito ao Jorge Jesus que na Europa eu não trabalharia mais, já tinha dado por encerrada minha carreira. Gostaria de ter terminado no Benfica de uma maneira melhor, e optei por ficar um ano sem trabalhar. Em clubes, só o Flamengo, que tinha me oferecido a permanência em 2020, mas fui leal ao meu treinador. Estou muito feliz! Volto para uma casa que gosto muito e sempre fui muito bem tratado. Tenho um carinho especial. As expectativas são elevadas.
Aos 58 anos e com uma carreira inteira de parceria com JJ, desde o Familicão em 1993 até o Benfica em 2021, passando por dez clubes, Mário inicia uma nova união. A relação próxima com Vitor Pereira é recente, teve início no ano passado, quando, em visita ao Brasil, foram apresentados para trocar experiências sobre o futebol local. À distância, porém, ambos se conhecem de outros tempos.
Mário e Vitor Pereira foram contemporâneos de universidade, assim como Rui Quinta, que chega para ser auxiliar técnico. Foram também rivais nos tempos em que o Porto de Vitor tirou a hegemonia do futebol português do Benfica de Jorge Jesus. Agora, é hora de escreverem uma nova história juntos.
— Estabelecemos contato nesta viagem ao Brasil para conversarmos sobre o futebol brasileiro e nunca mais paramos de nos falar. Nasceu uma relação, nos encontramos em São Paulo, e sempre conversamos sobre futebol e experiências de vida. Mandei fotos de minhas viagens com minha filha. Até que um dia ele me perguntou se podia me ligar para falar sobre um assunto.
O assunto era o Flamengo. Fora do futebol desde a saída do Benfica, no final de 2021, Mário Monteiro tirou um ano para compromissos pessoais. Viajar o mundo com a filha foi o principal deles, mas o telefonema de Vitor Pereira o recolocou no caminho que do mexe com seu coração.
— Dei as melhores referências possíveis. Ele estava um pouco indeciso, e falei sobre o clube, sobre a cidade, a torcida. No fim desta conversa, ele disse: “Se eu for, faço questão que você me acompanhe”.
Multicampeão pelo clube em 2019 e 2020, Mário é, sem dúvidas, o profissional que mais se aproximou do torcedor após Jorge Jesus. O carinho nas redes sociais mesmo no tempo em que esteve distante o impressionava, assim como as manifestações após o anúncio da volta:
— Nunca me aconteceu na carreira esse tipo de situação. A torcida ficava ansiosa para que eu voltasse. Recebi imensas mensagens pelas redes sociais já ao longo do ano passado. É uma coisa enorme e que não estou habituado. Sou uma pessoa de trato fácil, mas não esperava tanto apoio. Mesmo quando eu estava no Benfica, o torcedor do Flamengo demonstrava esse carinho. Mas é algo que não conquistei sozinho. É um trabalho de toda equipe técnica (da época em que passou pelo Flamengo). Todos têm a sua importância.
Com Mário Monteiro no comando das atividades ao lado do chefe do departamento médico, Márcio Tannure, o Flamengo se reapresenta na tarde desta segunda-feira, no Ninho do Urubu, para a temporada 2023. Ao todo, são sete competições previstas: Mundial, Supercopa, Recopa, Carioca, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores.
Retirado de: Globo Esporte
