As vitórias no futebol muitas vezes servem como um novo ponto de partida. E com direito a técnico novo de camarote, o Flamengo virou a chave ao vencer o Coritiba na estreia do Brasileirão e interromper a sequência de maus resultados entre Carioca, Libertadores e Copa do Brasil.
Jorge Sampaoli, que chegou ao Rio pela manhã e será apresentado hoje, acompanhou o 3 a 0 no Maracanã e viu o interino Mário Jorge barrar Pedro e escalar apenas Gabigol como titular.
A dupla marcou cada um o seu gol (Gabi, de pênalti, encerrando jejum de dez jogos), acompanhada de Ayrton Lucas, mas o placar elástico não esconde que o novo técnico terá bastante trabalho para que a equipe reencontre a melhor versão e reorganize suas peças, sobretudo a disputa Pedro x Gabi.
Ficou claro que o Flamengo que estreou no Brasileiro não foi ainda o de Sampaoli, que foi ao vestiário, mas apenas observou de longe a atuação e constatou o mesmo que os milhares de rubro-negros no Maracanã: terá muito trabalho.
— Feliz pela possibilidade e espero corresponder à toda a expectativa. Primeiro é chegar, diagnosticar e ver como estão (os jogadores). E depois propor um trabalho que seguramente dê resultados – declarou Sampaoli à “FlaTV”, no desembarque.
Na ocasião, o diretor Bruno Spindel indicou o motivo de ter trazido o argentino e também projetou como o Flamengo deverá jogar com ele, abandonando qualquer resquício de Vítor Pereira, que barrou Gabigol, e não Pedro.
— Acho que isso é o DNA do Flamengo, o que o nosso torcedor deseja e a gente para o clube. E que tem a ver com as características do nosso elenco, de aproveitar muito esse lado ofensivo, técnico, de ficar com a bola e marcar muitos gols – afirmou o dirigente.
Em campo, o time do interino Mário Jorge teve essa faceta e tentou se aproximar daquele de 2019 sob o comando de Jorge Jesus, com a volta de Éverton Ribeiro e a manutenção de Gerson. Houve mais determinação, mas ainda assim faltou intensidade e criatividade.
Coletivamente, foi pouca a melhora em relação às apresentações contra Maringá e Fluminense. O gol cedo ajudou no ambiente de incentivo da torcida, que começou com cantos de cobrança sobre os atletas e terminou com xingamentos contra o presidente Rodolfo Landim e o vice de futebol Marcos Braz.
A escalação teve nova aposta em um ataque com Matheus França e Everton Cebolinha, desta vez ao lado de Gabigol, e que mesmo assim levou pouco perigo ao Coritiba. Gerson, pelo meio, mantém a rotina de atuações apagadas, ainda que tenha sofrido o pênalti no segundo tempo. Ao menos defensivamente foi um Flamengo mais compacto, sem David Luiz e Varela, poupados.
Contra um Coritiba acovardado, a posse de bola e a saída através do zagueiro não foi pressionada, e o Flamengo chegou ao fundo com o jovem Wesley e Ayrton Lucas. Em outros momentos, combinou jogadas por dentro e arrematou à longa distância. Mesmo como referência, Gabigol não conseguiu justificar a titularidade na vaga de Pedro.
Nas poucas chances que teve, ou errou passes ou finalizou mal. No segundo tempo, depois do pênalti, o camisa 10 seguiu bastante móvel, mas sem criar perigo. Pedro precisou de 15 minutos para entrar e dar números finais ao jogo. O camisa nove não escondeu seu descontentamento, apesar da vitória e do gol, e deu entrevista que o Flamengo tentou evitar.
— Para ser sincero, respeito sempre a decisão do treinador, mas não concordei, pelo que venho fazendo no Flamengo desde o ano passado, nesse ano também venho tendo bom desempenho – afirmou Pedro, à TV Globo, depois da partida.
Segundo o treinador, a escolha foi por uma questão tática, para povoar o meio de campo do Flamengo.
— A gente foi muito vulnerável contra o Maringá, especialmente por dentro. Colocamos mais um jogador no meio para dar consistência. Colocamos o Gabriel por ele ter mais mobilidade. Então, tinha um estudo do adversário que apontava a necessidade de ter um jogador entre linhas, e o Gabriel me entrega isso – explicou o interino.
Gabigol não falou como fez quando foi barrado por Vítor Pereira. Nas redes sociais, reproduziu números que mostram que ele é o maior artilheiro do Brasileiro desde 2018, com 34 gols a mais que o vice-líder, Pedro. Vale lembrar, porém, que Gabigol voltou ao Brasil em 2019, enquanto Pedro só em 2020, ambos para o Flamengo. Agora, caberá a Sampaoli solucionar a concorrência reaberta.
Retirado de: O Globo
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