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Análise: Flamengo reprime “amor à bola” pedido por Sampaoli, leva olé e é amassado pelo Bragantino

Sampaoli disse durante a Data Fifa que a torcida do Flamengo deveria “reprimir o jogador que não cuida da bola”. Pois seus jogadores fizeram exatamente o que mais repele: abusaram dos chutões e foram inteiramente dominados em goleada de 4 a 0 sofrida diante do Bragantino, na quinta-feira.

O time foi tão envolvido que a torcida adversária cantou “olé” no primeiro tempo, com apenas 1 a 0 no placar, e evocou a já eterna provocação “Real Madrid, pode esperar” ainda no intervalo. O Flamengo finalizou a primeira vez somente aos 33 minutos, numa raríssima trama coletiva interessante que Pedro não aproveitou – isso quando o placar ainda estava em 0 a 0. Aliás, no jogo o Bragantino finalizou o quíntuplo do Rubro-Negro: um acachapante 30 a 6.

Primeiro tempo no lucro

Como nos piores jogos da equipe numa temporada marcada por vexames antes da chegada de Jorge Sampaoli, criou-se um buraco no meio-campo tanto em termos de espaçamento quanto na questão de criatividade. Tentou marcar no 4-1-2-3 e tentou atacar no 3-1-6. Não conseguiu nem um e nem o outro.

Sem Pulgar para qualificar a saída de bola, os zagueiros começaram a forçar o jogo na velocidade de Everton Cebolinha com chutões, mas o camisa 11 dificilmente sobressaía. Não se buscava Pedro como referência para tentar amortecer esse nada criativo jogo de ligações diretas.

Não tinha saída pelos flancos, porque Wesley e Léo Pereira erravam demais. Não tinha criatividade tampouco no meio porque os jogadores mais dotados tecnicamente do setor viviam noite para esquecer. Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta estiveram irreconhecíveis.

No fim da etapa, aos 40 minutos, Eduardo Santos, de cabeça, subiu com muita liberdade às costas de Thiago Maia. Prêmio justo a um time que amassou o Flamengo impiedosamente.

A desvantagem de 1 a 0 levada para o intervalo foi muito lucro. Matheus Cunha, com grandes defesas, foi de longe a melhor figura rubro-negra na etapa. Foram 14 finalizações contra três.

“Não estamos jogando, estamos tentando cada um resolver sozinho porque um não ajuda o outro, não está aparecendo. Precisamos de mais opções para podermos jogar. Quando a gente jogou, conseguiu chegar. É acertar isso aí para ter mais a posse de bola e conseguir criar para a gente tentar virar o jogo” – alertou Everton Ribeiro no intervalo.

Pulgar entra, mas não tira time de trás

Everton, aliás, foi o jogador sacado no intervalo, e a escolha pelo substituto até foi compreensível. Jorge Sampaoli escolheu Pulgar, um dos melhores rubro-negros desde que assumiu, para qualificar a saída de bola de um time que não conseguia sair. Não deu certo.

O segundo gol foi relâmpago, marcado aos três minutos. Wesley errou passes simples, a bola sobrou para Pulgar, que também errou lance de extrema facilidade. Mosquera aproveitou, driblou Thiago Maia com impressionante facilidade e bateu de fora da área, sem chances para Matheus Cunha.

Vieram mais substituições. Léo Pereira, que não ia bem na lateral, deu lugar ao titular da posição, Ayrton Lucas. Não funcionou. Pedro, apagado, deu lugar a Bruno Henrique, e Sampaoli mudou a configuração ofensiva.

Cebolinha, que ia mal pela esquerda, foi para a direita e continuou mal. Arrascaeta, apagado jogando às costas de Pedro, sumiu de vez ao tornar-se um falso 9.

Nos últimos gols, mais situações embaraçosas. O terceiro é marcado por liberdade total do Bragantino para sair da defesa rumo à ataque com um Pulgar desamparado na perseguição. Termina com Capixaba cruzando sem ser incomodado, Lucas Evangelista antecipando-se ao alto David Luiz, e Alerrando empurrando para o gol enquanto Ayrton Lucas não acompanhava e só olhava.

No quarto, Wesley escorrega feio diante de Mosquera, que carrega, corta para fora sem ser incomodado por Fabrício Bruno e fecha o placar.

Não bastasse a goleada no placar e a supremacia no número de finalizações (30 a 6), o Flamengo ainda teve de levar para casa um chapéu de Matheus Fernandes em Thiago Maia e aturar um chute no vácuo do mesmo jogador em seu campo de defesa.

Irreconhecível e inexplicável. Se Sampaoli não teve resposta para tamanha passividade e pouco futebol, a torcida certamente também não entendeu depois de criar tanta expectativa com 10 jogos de invencibilidade e quatro vitórias consecutivas. É preciso reagir rápido, já no domingo, contra o Santos, na Vila Belmiro.

Retirado de: Globo Esporte

Leonardo Antônio

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