Como fica a situação de Jorge Sampaoli no Flamengo?

Sampaoli em entrevista coletiva do Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Perdido. Assim era o olhar de Sampaoli após a expulsão antes da eliminação do Flamengo na Libertadores. Durante o jogo com o Olimpia, apesar dos gestos e andanças de um lado para o outro, demonstrava a já conhecida desconexão com o grupo de jogadores. Agora, seu futuro se torna incerto.

Ainda há chance de título da Copa do Brasil, e uma improvável caça ao Botafogo no Brasileiro, mas a pergunta que fica, após a pior apresentação da equipe sob seu comando, é se o técnico argentino vai implementar um novo capítulo da reformulação que pretende, quatro meses depois de chegar.

Seu contrato vai até o fim do ano que vem, com multa alta, mas isso não tem sido um impeditivo para a diretoria interromper ciclos e gastar o dinheiro que hoje não falta em um clube sanado financeiramente. Há chance até de uma nova guinada no mercado para acelerar chegadas, ainda que seja para 2024.

Incômodo de lado a lado

Não é segredo para ninguém o incômodo de Sampaoli com a falta de opções em alguns setores. O roteiro de montagem de um elenco à sua feição também é conhecido de outros clubes. Assim como o pouco tempo até entrar em rota de colisão com os atletas por cobrar que não executem o que ele quer.

Até aqui, sustentou seu trabalho com um bom aproveitamento, mas esteve longe de entregar um Flamengo com padrão de jogo. São 30 partidas com 30 escalações diferentes. Normalmente definidas horas antes de a bola rolar, o que irrita os atletas não é de hoje.

O fato de também não expor com clareza com quem conta, tanto para o grupo como para a diretoria, mina a confiança do técnico nos bastidores. A sensação é de que Sampaoli está por ele mesmo. É profissional, faz o seu, cobra sem filtros, e vai para casa. Não houve liga no trabalho até agora.

Não por falta de competência. Os relatos internos trazem boas avaliações de métodos e postura. Mas a máxima de quem está jogando se mantém satisfeito e quem sobra torce o nariz também é vista. Nomes que custaram uma fortuna e não deram certo até aqui puxam a fila.

Everton Cebolinha virou última opção, Pedro ficou sem clima após o caso de agressão, Luis Araújo joga só alguns minutos, e Sampaoli se sustenta com alguns pilares de maior confiança. Sobretudo Gerson, Gabi e agora Bruno Henrique.

Líderes e diretoria terão papel importante

Resta saber se o padrão de comportamento do grupo vai se manter quando as coisas não dão certo. Nomes como os experientes David Luiz e Filipe Luis, que jogaram muito mal contra o Olimpia, terão papel importante, assim como o capitão Éverton Ribeiro, no dia a dia a partir de agora.

A diretoria, que normalmente observa de longe esse padrão de crise, terá que avaliar novamente se há sustentação no trabalho abaixo dela. E a cúpula do clube dificilmente vai fazer um mea-culpa para reavaliar o trabalho do departamento de futebol em termos de gestão de grupo, não de contratações a partir de uma receita milionária de um clube movido por mais de 40 milhões de torcedores.

Retirado de: O Globo