Em um desenvolvimento significativo para o futebol carioca, Flamengo e Fluminense, atuais administradores do estádio do Maracanã, anunciaram oficialmente na noite desta quinta-feira a extensão de sua gestão até o final de 2024 (leia a nota completa abaixo). A decisão vem na esteira de uma proposta conjunta apresentada ao Chamamento Público da Casa Civil, solidificando assim a associação dos dois clubes no comando do icônico estádio.
A parceria, contudo, foi ofuscada pelas críticas dirigidas ao Vasco da Gama, que retirou sua candidatura à gestão temporária do Maracanã mais cedo no mesmo dia. Flamengo e Fluminense acusaram o clube de tentar prejudicar o processo de permissão de uso do estádio, alegando que o Vasco não estaria atuando no interesse público, mas sim movido por interesses próprios. A reação vem após o Vasco desafiar a isonomia do processo e ter sua solicitação de impugnação do edital rejeitada pelo governo estadual.
A gestão do Maracanã tem sido uma questão pendente desde abril de 2019, após a rescisão do contrato com a Odebrecht. Planos para uma nova licitação foram interrompidos temporariamente devido a irregularidades apontadas no edital pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Apesar da controvérsia e do recuo do Vasco, o interesse pelo estádio permanece alto, com a Arena BSB, responsável pelo estádio Mané Garrincha, também expressando desejo em assumir a administração futura.
“O Clube de Regatas do Flamengo e o Fluminense Football Club vêm a público esclarecer que, hoje, dia 09.11.2023, compareceram ao auditório da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro (local indicado pelo Edital nº 01/2023 para entrega e abertura das propostas), para participação associada no Chamamento Público promovido pela Casa Civil, cuja finalidade era encontrar organizações desportivas interessadas em assumir, temporariamente, a Permissão Onerosa de Uso do Complexo Maracanã, pelo prazo de 1 ano (01.01.2024 até 31.12.2024), até que seja finalizada a licitação para concessão do Complexo Maracanã.
A associação composta por Flamengo e Fluminense, após ter cumprido todas as formalidades exigidas para a habilitação e qualificação no referido procedimento administrativo, sagrou-se vencedora do Chamamento Público.
Ao longo dos últimos dias, Flamengo e Fluminense reuniram seus esforços para cumprir todas as exigências previstas no Edital, com o objetivo de participarem do procedimento de forma regular e competitiva, dentro dos limites legais e respeitando, sempre, os demais eventuais interessados e o Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Importante destacar que, ao longo dos últimos meses, o Vasco da Gama (SAF) vem buscando criar diversas narrativas fantasiosas em ofícios e ações judiciais, inclusive reivindicando ao Poder Judiciário que o Estado do Rio de Janeiro fosse obrigado a realizar chamamento público antes de realizar renovações dos Termos de Permissão de Uso vigentes, o que foi devidamente atendido pelo Estado, através do Edital nº 01/2023.
Ocorre que, de forma contraditória a sua conduta, o Vasco da Gama emitiu, na manhã de hoje, poucos minutos antes do horário marcado para o Chamamento Público, uma nota oficial informando que não participaria do procedimento que tanto exigia, com argumentos novamente fantasiosos e desrespeitosos com o Poder Executivo e com seus concorrentes. Infelizmente, o Vasco da Gama optou por divulgar informações falsas e sensacionalistas à sua torcida, buscando criar uma comoção social, alegando ter sido cerceado de participar de uma concorrência, na qual sequer tentou se habilitar.
A conduta adotada pelo Vasco da Gama demonstra que seu discurso durante os últimos meses tinha por objetivo, apenas, tumultuar a permissão de uso concedida ao Flamengo e ao Fluminense, de modo a coagir o Estado do Rio de Janeiro a adotar uma modelagem da concorrência voltada a seus próprios interesses e não ao interesse público. A postura do Vasco da Gama demonstra que não pretende um “Maracanã de todos”, mas sim, um “Maracanã de ninguém”.
O Vasco da Gama se insurge, inclusive, contra o fato de o Estado do Rio de Janeiro valorizar, nas propostas, a capacidade de os interessados garantirem um maior número de jogos no Estádio, ou seja, de buscar garantir que o futuro permissionário dê ao Maracanã a destinação que lhe rendeu a alcunha de “Templo do Futebol”, ícone maior da imagem do Rio de Janeiro como sede de grandes e históricos eventos esportivos, e fim para o qual o Maracanã foi tombado.
O Estado do Rio de Janeiro, de forma cautelosa e preocupada com um de seus maiores patrimônios turísticos, não pode permitir que o Maracanã se torne um espaço destinado, prioritariamente, a shows, impondo, como se vê em diversas arenas nacionais, o deslocamento de partidas para outros estádios, para que o gestor possa lucrar com outros eventos.
De igual maneira, o Edital lançado pelo Estado do Rio de Janeiro, corretamente, exige a demonstração de competência técnica e experiência para que se possa entregar a terceiros não apenas o Estádio do Maracanã como, igualmente, o Ginásio do Maracanãzinho, que já foi palco de eventos esportivos históricos e olímpicos.
Seria irresponsável o Estado tratar o Complexo do Maracanã como se fosse um aparelho esportivo qualquer e não precisasse de expertise para a sua gestão.
Nesse particular, as reiteradas investidas judiciais do Vasco da Gama para realizar jogos no Maracanã em datas consecutivas a outras partidas demonstra que aquela organização desportiva, ou não detém experiência na manutenção de gramados ou não se importa com a qualidade do espetáculo. A final da Copa Libertadores da América 2023 deu um exemplo de como é importante a preservação do gramado, o que comprova que eventuais negativas técnicas para jogar em um gramado machucado não se trata de arbítrio, mas de necessidade gerencial.
Por outro lado, causa estranheza o Vasco da Gama alardear tanto interesse em gerir o Complexo Maracanã, composto pelo Estádio do Maracanã e pelo Maracanãzinho, enquanto: (i) alega que não teria sequer a capacidade técnica e experiência de gestão de ginásios; (ii) demonstra reiteradas dificuldades de administrar o seu próprio estádio; e, ainda, (iii) está na iminência de reformar o Estádio de São Januário, aumentando sua capacidade, por meio de recursos decorrentes de lei municipal.
Portanto, Flamengo e Fluminense lamentam que o Vasco da Gama sequer tenha comparecido à concorrência pública realizada pelo Estado do Rio de Janeiro, e que esteja utilizando de argumentações vazias e inverídicas para desmerecer o trabalho sério e comprometido dos Clubes que cumpriram todas as formalidades legais e editalícias exigidas pelo Poder Executivo Estadual, o que resultou no oferecimento da proposta vencedora em Chamamento Público regularmente realizado.
Certos de que a opinião pública não se deixará contaminar por aqueles que se autodeclararam vencidos, sem sequer competir, Flamengo e Fluminense reconhecem a escorreita atuação do Governo do Estado do Rio de Janeiro e informam que darão continuidade à bem-sucedida gestão do Complexo Maracanã, cumprindo com as obrigações assumidas e oferecendo, cada vez mais, um serviço melhor, mais seguro e com maior comodidade aos torcedores do Rio de Janeiro e aos visitantes de todo o mundo”.
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