O Flamengo está avançando em seus planos de construir um estádio próprio, um sonho antigo de seus torcedores. O presidente Rodolfo Landim está conduzindo negociações para a aquisição de um terreno no Gasômetro, localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Este terreno é atualmente propriedade da Caixa Econômica Federal, e Landim tem uma reunião agendada com o novo presidente da Caixa para discutir os detalhes da compra.
“Houve a mudança de governo e não havia alguém já efetivado à frente da Caixa. Esperamos então a mudança do grupo de gestão, o novo presidente da Caixa foi empossado, fui à posse e estamos tentando uma reunião com ele para a semana que vem. Existe uma previsão de troca dos vice-presidentes da Caixa, então poderemos aprofundar as conversas, utilizando a tese do Flamengo, que é real” – disse ao blog de Mauro Cezar, no Uol.
O projeto do estádio é parte do amplo esforço de revitalização da área, conhecido como Porto Maravilha, iniciado em 2009. No entanto, o projeto Porto Maravilha enfrentou desafios financeiros, resultando em um prejuízo significativo de R$ 4,2 bilhões para o Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha, que teve o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como um dos principais investidores. Com a desvalorização da área, o Flamengo vê uma oportunidade estratégica para adquirir o terreno a um preço vantajoso.
“Exatamente (sobre o Fla explorar a necessidade do Fundo). Se eles tinham um plano de negócio, estão valorando os ativos aportados por algo muito menor, pois ninguém consegue mostrar a eles um projeto que traga o retorno que esperavam. Isso pode ser um argumento para que o Flamengo traga um projeto novo, saindo um novo valuation (análise do valor de um ativo) para aquela área, no mínimo reduzindo o enorme prejuízo” – explicou Rodolfo Landim
“A minha tese é a seguinte: existem inúmeros terrenos ali. Se o clube tiver um deles, valorizaria os demais que estão eu volta, seria a chance de fazer decolar a região, com o surgimento de todo um complexo comercial, shopping, hotéis, etc. Foi esse o argumento que comecei a utilizar nas conversas com o pessoal da Vinci Partners. Mas eles estão ali querendo maximizar o retorno e isso o Flamengo não deseja” – continou
Landim mencionou que, para financiar o estádio, o clube não descarta a formação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), inspirando-se em modelos de sucesso como o do Bayern de Munique.
“Não quero endividar. O estádio do Corinthians obteve R$ 300 milhões pelo naming rights, o mesmo ocorreu no Palmeiras. Fui ao estádio do Bayern e basicamente eles se transformaram numa SAF para ter o estádio, vendendo 24,9% da parte do futebol. Na lei alemã, se os sócios minoritários têm menos de 25%, não decidem nada.” – informou Rodolfo Landim
“Esse foi o projeto com a Allianz comprando naming rights, a Adidas ampliando o contrato com o clube em longuíssimo prazo e dando uma espécie de luvas, e a Audi, que lança todos os seus carros no Bayern (cada um dos três ficou com 8,3%, totalizando 24,9%). Portanto existem formas de levantar recursos, buscaremos parceiros comerciais de longo prazo num eventual financiamento, reduzindo o endividamento ao máximo. No Maracanã, você começa sem 5 mil ingressos de cadeiras cativas, e ainda existem as cota do governo e seus camarotes etc. Isso drena recursos do Flamengo.” – completou
Além disso, o clube está focado em garantir que o estádio seja usado exclusivamente para partidas de futebol, descartando a possibilidade de sediar shows e outros eventos, mantendo assim a integridade do gramado e a natureza do espaço como puramente esportiva.
“Será um estádio somente para futebol, com gramado natural. Se quiserem fazer shows, façam no Maracanã depois que acabar a temporada. No estádio, sim, teremos museu, restaurante, loja lá dentro…” – finalizou
Essa iniciativa do Flamengo marca um momento significativo na história do clube e do esporte brasileiro, pois representa uma grande aposta no futuro e na independência do clube, garantindo finalmente um lar próprio para seus muitos torcedores apaixonados.