Quatros anos da Libertadores de 2019: veja como estão os campeões daquele Flamengo inesquecível

REUTERS/Henry Romero

No memorável dia 23 de novembro de 2019, o Flamengo, sob o comando do técnico Jorge Jesus, gravou seu nome na história ao conquistar pela segunda vez a Libertadores, derrotando o poderoso River Plate. Esta vitória, ocorrida no estádio Monumental de Lima, simbolizou mais do que um troféu; marcou o ressurgimento de um gigante adormecido desde 1981.

A jornada para a glória foi pontuada por momentos de pura emoção e superação. Desde a vitória nos pênaltis contra o Emelec até o deslumbrante futebol ofensivo apresentado contra o Grêmio nas semifinais, culminando na decisiva vitória sobre o River Plate, com dois gols salvadores de Gabigol nos momentos finais.

Nesse time estelar, sete heróis da conquista de 2019 ainda envergam a camisa rubro-negra, embora enfrentem desafios diversos. Rodrigo Caio, outrora um pilar na defesa, luta contra as lesões. Filipe Luís, com uma carreira consagrada, contempla a aposentadoria. Gerson, o motor do meio-campo, retorna em grande estilo. Everton Ribeiro, o capitão, enfrenta uma fase de incertezas. Arrascaeta, a mente criativa, se mantém como um pilar indiscutível. Gabigol, apesar de sua fase técnica oscilante, permanece como um ícone. E Bruno Henrique, após uma recuperação notável, segue como um símbolo de perseverança.

As histórias pessoais desses guerreiros são tão cativantes quanto suas habilidades em campo. De Diego Alves, que superou uma paralisia facial na adolescência, a Rafinha, que venceu o preconceito por sua baixa estatura na Europa; de Rodrigo Caio, que renasceu após desafios no São Paulo, a Pablo Marí, uma contratação inesperada que se tornou essencial; e de Gerson, que retornou ao clube que o formou, a Arrascaeta, o uruguaio com uma origem inusitada, cada jogador adicionou um capítulo único a essa saga vitoriosa.

Na final, começaram jogando Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Filipe Luís, Willian Arão, Gerson, Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique.
Conheça a história e por onde andam os jogadores do Flamengo campeão da Libertadores de 2019

Diego Alves

Diego Alves em ação pelo Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Quando era adolescente, Diego engordou 20 kg por causa de um tratamento contra paralisia facial feito com o medicamento cortisona. Com a nova silhueta, ele recebeu o apelido de “X-Tudo” dos colegas. Mesmo assim, não desistiu do futebol e conseguiu trilhar uma carreira de sucesso. Hoje Diego Alves se encontra sem Clube, depois de uma rápida passagem pelo Celta de Vigo da Espanha.

Rafinha

Rafinha durante uma partida do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Rafinha passou mais de uma década na Europa e fez muito sucesso por Schalke e Bayern de Munique. No começo de sua trajetória, o lateral precisou enfrentar o preconceito por causa da baixa estatura no futebol alemão. Guardiola foi um dos técnicos que mais marcou a carreira do brasileiro. Após sair do Flamengo em 2020, teve uma breve passagem pelo Olympiacos da Grécia, aonde voltou a Brasil em 2021 para atuar pelo Grêmio. Atualmente está jogando pelo São Paulo

Rodrigo Caio

Rodrigo Caio em ação pelo Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Após enfrentar problemas no São Paulo, o zagueiro renasceu no Flamengo. Para seus ex-colegas de categoria de base, isso não foi surpresa. Rodrigo Caio sempre demonstrou grande liderança e superou uma grave fratura da rótula do joelho direito, aos 15 anos. Zagueiro titular absoluto do Flamengo de 2019 a 2021, ele perdeu espaço na temporada passada por conta das graves lesões.

Neste ano, foi pouco utilizado por Jorge Sampaoli e só voltou a ganhar minutos com Tite. Até o momento, não foi procurado para uma renovação e deve deixar o Flamengo em dezembro, quando acaba o seu contrato. Somente uma reviravolta mudará o destino do camisa 3.

Pablo Marí

Pablo Marí em ação pelo Flamengo (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)

Uma das contratações mais inesperadas do Flamengo, Marí estava há poucos meses na 2ª divisão da Espanha. Revelado pelo Mallorca, ele defendia o Nastic de Tarragona, da Catalunha, quando foi contratado pelo Manchester City, em 2016. O espanhol, porém, nunca vestiu a camisa do City, sendo emprestado ao Girona, NAC Breda, da Holanda, e La Coruña.

Em 2020 foi empresto pelo Flamengo ao Arsenal da Inglaterra, que no mesmo ano comprou seu passe. Em 2022 foi emprestado a Udinese e posteriormente ao Monza, ambos da Itália, clube este que atua até o momento

Filipe Luís

Filipe Luís em ação pelo Flamengo no Campeonato Brasileiro 2021 (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

A ideia de levar Filipe Luís ao Flamengo começou em um jantar informal entre amigos, em março deste ano, na cidade de Madri, na Espanha. O lateral-esquerdo estava em final de contrato com o Atlético de Madrid e revelou o sonho de um dia defender o time no qual torcia na infância. As negociações duraram alguns meses até que tudo fosse sacramentado.

Multicampeão pelo Flamengo, Filipe Luís foi absoluto até o fim da temporada passada, quando faturou a sua segunda Libertadores pelo time carioca. No entanto, uma lesão sofrida em Guayaquil retardou a temporada do camisa 16, que viu Ayrton Lucas ser comprado em definitivo e tomar conta da posição. Com Tite, Filipe voltou a ser titular nos últimos jogos, deu assistência, mas também tem a saída encaminhada em dezembro, quando o seu contrato também chega ao fim. Apesar de ter a idolatria da torcida e a confiança plena de Tite, o experiente lateral de 38 anos deve pendurar as chuteiras.

Willian Arão

Volante Willian Arão em ação com o uniforme do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Arão passou de um jogador contestado pela torcida a peça-chave do Flamengo nas mãos de Jorge Jesus. Com a saída de Cuéllar, ele assumiu a função de primeiro volante da equipe e até ostentou, em mais de um jogo, a faixa de capitão. Ele já teve uma rápida passagem pela Europa e chegou a ser agenciado pelo badalado Mino Raiola, que cuida da carreira de Pogba e Ibra.

Em 2022 o atleta foi vendido ao Fenerbahçe da Turquia e neste se transferiu para o Panathinaikos da Grécia, aonde vem atuando pouco.

Gerson

Gerson em ação pelo Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Um dos maiores destaque da equipe, o volante foi contratado da Roma no meio deste ano. O atleta chegou a passar um ano no futsal do Flamengo, mas saiu porque não tinha ajuda de custos e nem recebia o dinheiro para as passagens. Voltou em grande estilo e se tornou fundamental no esquema de Jorge Jesus.

Em 2021 o coringa foi vendido por uma quantia milionária para o Olympique de Marseille, aonde se destacou por duas temporadas. Em janeiro de 2023, o Flamengo anunciou o retorno de Gerson para a Gávea por cerca de cerca de 92 milhões de reais.

Éverton Ribeiro

Meia Everton Ribeiro durante uma partida do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Revelado nas categorias de base do Corinthians, o garoto fez sucesso como lateral-esquerdo até chegar ao profissional. Quando foi para o time de cima, porém, não conseguiu emplacar em um clube que vivia o pior momento de sua história. Emprestado ao São Caetano, ele virou meia pelas mãos do técnico Antônio Carlos Zago e viu sua carreira deslanchar. Chegou ao Flamengo em 2017, vindo do All-Ahli dos Emirados Árabes.

Capitão da equipe, o camisa 7 viveu seu melhor momento na temporada passada. Foi dele o passe para Gabigol garantir o tri da América diante do Athletico-PR. Absoluto até o ano passado no time titular, Everton vive momento de instabilidade no seu último ano de contrato. O vínculo com os cariocas acaba em dezembro, mas, apesar de ainda não ter chegado a um acordo, a tendência é de que o jogador fique no Flamengo. O atual técnico Tite é um grande admirador do futebol de Everton, que também é querido pela diretoria. A única discussão é o tempo de contrato, se o vínculo será de dois anos ou apenas um.

Giorgian De Arrascaeta

Giorgian De Arrascaeta em ação pelo Flamengo na partida contra o Palmeiras (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Nascido em um povoado no Uruguai, Arrascaeta poderia ter seguido outro caminho. Filho de um ex-jóquei, Giorgian recebeu seu nome em homenagem um cavalo muito importante nos tempos de corrida de seu pai. O uruguaio chegou a cogitar seguir a mesma carreira, mas desistiu para brilhar nos gramados. Chegou à Gávea vindo do Cruzeiro, na negociação mais cara da história do futebol brasileiro.

Assim como Gerson, o uruguaio é absoluto no Flamengo. A falta de um substituto para o meia é um verdadeiro tormento para as comissões técnicas que passaram pelo Ninho do Urubu desde 2019. Arrascaeta é a cabeça pensante do time do Flamengo e comprova toda a idolatria que tem com gols, passes e boas atuações. Aos 29 anos, o camisa 14 tem contrato até o fim de 2026 e deve seguir vestido a camisa rubro-negra nos próximos anos.

Gabigol

Gabigol em ação pelo Flamengo no clássico contra o Fluminense (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Principal artilheiro do Flamengo em 2019, Gabigol começou no futsal pelo São Paulo. Certa vez, ele marcou seis gols contra o Santos. Zito, que cuidava da base do clube da Vila Belmiro, estava na partida e convidou o garoto para defender o clube da Baixada. Ele marcou seu primeiro gol como profissional contra o Grêmio, quando não estava relacionado, mas foi chamado às pressas, acabou entrando em campo e foi às redes.

Grande nome da geração de 2019, o herói das duas conquistas de Libertadores vive um momento turbulento e delicado no Flamengo. Além da má fase técnica, o camisa 10, que virou reserva de Pedro, tem sido duramente criticado pela torcida por conta das atuações em campo.

Recentemente, em post feito no último dia 15, data de aniversário do Flamengo, causou polêmica ao respostar uma arte que contava com a presença de Zico. Enquanto Gabi tinha duas taças da Libertadores, Zico tinha a de 1981 em seu colo, mas sem o Mundial. A ausência da principal conquista rubro-negra rendeu um burburinho, com Andrade, eterno ídolo da geração de ouro do Flamengo, rebater Gabigol e falar para o atacante ‘estudar mais a história do clube’.

O contrato de Gabigol com o Flamengo vai até o fim de 2024. As partes chegaram a conversar por uma extensão de vínculo por cinco anos, mas as tratativas estacionaram diante do mau momento vivido pelo ídolo da torcida.

Bruno Henrique

Bruno Henrique em ação pelo Flamengo no Engenhão (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Até janeiro de 2012, Bruno dividia sua rotina entre o trabalho de recepcionista em um escritório no centro de Belo Horizonte e os campos de terra batida na várzea. Aos 21 anos, o atacante não esperava mais ser um jogador profissional, mas virou o “cara” e protagonista de grandes momentos do Flamengo na temporada.

O eterno parceiro de Gabigol comprovou o investimento de R$ 25 milhões feito em 2019 com gols, passes e títulos. Bruno Henrique se tornou ídolo da torcida e foi absoluto no período em que esteve apto para jogar. No entanto, uma grave lesão no joelho direito na temporada passada foi um grande marco na passagem do atleta pelo Rio de Janeiro.

O camisa 27 retornou aos gramados apenas no meio da atual temporada e, de forma surpreendente, nem dava mostras que havia sofrido uma contusão séria. O maior embróglio de Bruno Henrique com o Flamengo aconteceu há poucos meses. Com vínculo até dezembro, a novela por uma renovação de arrastou, já que o clube carioca queria um ano de contrato, enquanto o jogador pedia três anos.

O Palmeiras chegou a entrar na situação, ofereceu uma proposta astronômica de três anos de contrato a Bruno Henrique e fez o Flamengo acelerar. Depois de oferecer dois, o Rubro-Negro chegou aos três anos pedidos pelo atleta. As partes se acertaram e selaram a renovação. No entanto, o novo vínculo ainda não foi oficializado pelo Flamengo.

Jorge Jesus

Treinador Jorge Jesus durante uma partida do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Jorge Jesus era pouco conhecido no Brasil até conquistar o Flamengo. Fã de jogadores brasileiros, ele é famoso pelas frases espirituosas e pela cobrança excessiva com seus jogadores. Nos bastidores, porém, ele é adorado por vários atletas, sempre enaltecido por querer tirar o melhor de cada um. Em 2020 o treinador aceitou a proposta para treinar o Benfica de Portugal, aonde dirigiu o time por duas temporadas, se transferindo em 2022 para o Fenerbahçe da Turquia, aonde dirigiu o time por apenas uma temporada e após sua demissão assumiu o Al-Hilal da Arábia Saudita, aonde é o atual treinador.

Esta era de ouro, liderada por Jorge Jesus, um treinador tão adorado quanto exigente, não foi apenas sobre conquistar títulos, mas também sobre moldar histórias de resiliência, paixão e triunfo. O Flamengo de 2019 não é apenas lembrado pelos troféus conquistados, mas pela maneira como esses heróis e seu mentor transformaram adversidades em glórias inesquecíveis.