Por: Leonardo Antônio
Na noite de quarta-feira (29), o futebol brasileiro foi palco de um evento marcante, muito além do resultado de 3 a 0 para o Atlético-MG contra o Flamengo no Maracanã. Após anos de uma rivalidade acirrada, os técnicos Tite e Luiz Felipe Scolari, conhecidos como Felipão, proporcionaram um momento de reconciliação que capturou as atenções do país.
Esta rivalidade, nascida nas tensões entre Corinthians e Palmeiras, com Tite e Felipão no comando respectivamente, estremeceu suas relações pessoais. Um episódio notório foi durante a semifinal do Campeonato Paulista de 2011, onde uma discussão acalorada entre os dois marcou o jogo que terminou em empate, levando o Corinthians à final após vencer nos pênaltis.
“Toda vez contigo, toda vez contigo. Fala muito! Fala muito!” – disse Tite durante o clássico no Paulistão de 2011.
A tensão entre os dois se prolongou por 13 anos, permeada por desentendimentos e declarações públicas afiadas. Em 2017, Felipão questionou a gratidão de Tite em uma entrevista, destacando a longa história entre eles, que remonta aos tempos de escola em Caxias do Sul.
“Esta palavra (gratidão) não existe mais. Você acha isso correto de quem conhece há 30 anos, de quem te abriu todas as portas? Quem te deu a oportunidade de ser jogador do Caxias, de começar na carreira e arranjar lugares fora do Brasil para trabalhar? Essa é a gratidão?” – questionou Felipão em entrevista à ESPN em 2017
No entanto, a atmosfera mudou no Maracanã. Antes do jogo, em um gesto que simbolizava a superação de desavenças passadas, Tite e Felipão se cumprimentaram calorosamente. O momento foi mais do que um protocolo esportivo; era um sinal de respeito e admiração mútua ressurgindo entre dois dos mais respeitados técnicos do futebol brasileiro.
“Eu falei para ele três vezes: “Muito obrigado”. No início da minha carreira, fui buscar nele informações e conhecimentos. Imaginava um dia ter o nível de Felipão, Luxa, Nelson Baptista, que são referências nacionais. Então agradeci a ele” – disse Tite.
Tite, com 63 pontos assegurando o Flamengo no G-4, não apenas demonstrou respeito esportivo, mas também pessoal. Em suas palavras, ele reconheceu a influência de Felipão no início de sua carreira. Essa troca de respeito e admiração foi um exemplo de maturidade e reconciliação.
O que a noite mostrou foi mais do que um simples aperto de mãos. Foi a redenção de uma rivalidade histórica, transformando a tensão em respeito e lembrando a todos que, no futebol, a amizade e o respeito mútuo podem superar até as disputas mais acirradas.