Gerdau de Oliveira, torcedor ícone do Flamengo e da antiga geral do Maracanã, deixou um legado imensurável ao falecer neste domingo (24). Sua ausência será profundamente sentida, não apenas nas arquibancadas que já não frequentava, mas em cada canto onde a paixão pelo futebol ecoa. Durante os anos 1980, Gerdau se destacou pela forma única com que se comunicava com os jogadores em campo, berrando instruções que, de alguma forma, sempre pareciam acertar o tom entre o conselho e a execução perfeita.
Negro, forte e com uma voz que impunha respeito, Gerdau era mais do que um torcedor, ele era a personificação da geral do Maracanã, um espaço onde apenas figuras tão carismáticas como ele poderiam realmente brilhar. Suas interações com os jogadores iam além do suporte, era como se houvesse uma comunicação tácita, um entendimento profundo que transcende as barreiras do jogo.
Quando o Flamengo jogava, especialmente na era de Zico, Junior, Leandro e companhia, suas “ordens” pareciam guiar o time à vitória, ganhando a admiração não apenas da torcida, mas também de figuras como o radialista Washington Rodrigues, que via em Gerdau um elemento vital da cultura futebolística do Rio.
A influência de Gerdau no futebol e na cultura do Rio de Janeiro foi tão significativa que ele se tornou tema de um capítulo no livro “Maracanã – Quando a cidade era terreiro”, escrito por Luiz Antônio Simas. Nesta obra, Simas não apenas conta histórias do estádio e de seus personagens marcantes, mas também ressalta a conexão mística entre Gerdau, o Flamengo e a própria torcida. Gerdau, para Simas, não era apenas um torcedor, ele era um profeta do futebol, cujas palavras pareciam moldar o destino do jogo.
conheci a história dele via facebook, torcedor de marca maiora
— biel ☭ (@bielxcrf_) March 24, 2024
Descanse em paz 🙏 pic.twitter.com/n2npWXIUuW
Simas destaca a importância histórica de Jayme de Carvalho, fundador da primeira torcida organizada do Flamengo, mas argumenta que nenhum torcedor encarnou tão bem a essência da união entre time e torcida quanto Gerdau. Sua presença era sinônimo de paixão, dedicação e, acima de tudo, uma crença inabalável na vitória do Flamengo, qualidades que o tornaram uma lenda entre os rubro-negros.
A partida de Gerdau deixa um vazio não apenas nas arquibancadas do Maracanã, mas no coração de cada torcedor que, de uma forma ou de outra, foi tocado por sua paixão e energia. Ele será lembrado não apenas como um fã do Flamengo, mas como um ícone cuja voz e presença definiram uma era dourada do futebol carioca. A memória de Gerdau, assim como as lendas do Maracanã, permanecerá eterna, um símbolo da eterna paixão pelo futebol e pelo Flamengo.