Com a possibilidade de perder Gabigol durante toda a temporada, o Flamengo foi ao mercado e acertou a contratação de Carlinhos, destaque do Nova Iguaçu no Campeonato Carioca.
O atacante concedeu entrevista ao jornal “O Globo”, onde deu fortes declarações sobre sua carreira até aqui. Carlinhos começou o relato com sua formação no Corinthians, onde foi profissionalizado.
– No Corinthians eu me perdi um pouco. Subi muito jovem, na esperança de ser um fenômeno e receber propostas. Fui na onda. Mas subi para o profissional tendo que fazer duas cirurgias. Começaram a bater as frustrações, a imprensa e a torcida criticando, e eu não sabia lidar. Nasci em Jaú-SP e estava sozinho em São Paulo, não tinha ninguém para desabafar. Eu peguei uma depressão feia. Agora estou voltando a ser feliz. Eu chorava à toa no campo, só queria ficar deitado, não tinha vontade de nada, não conseguia dormir à noite.
– A gente não cresce com maturidade. Vamos ser sinceros, a gente que é de periferia é criado pelo sistema. O que é o sistema? O sistema é ‘Carlinhos vai ganhar dinheiro, fazer bagunça, filho, e depois morrer de cirrose’. Se você não tiver uma blindagem emocional, vai de ralo. Eu precisava recomeçar. Saí do Corinthians e dei aquelas rodadas pelos clubes, para pegar bagagem.
Carlinhos falou sobre os momentos difíceis que passou quando sua mãe adoeceu. O jogador de 27 conta que interrompeu sua carreira para passar mais tempo com ela, pois os momentos com a família, em sua visão, são mais importantes do que a profissão.
– Em 2021, eu estava no Audax e meu pai me ligou, falando que minha mãe estava tendo uns desmaios. Ela tinha caído e batido o rosto. Aí meu pai falou que ela estava com um tumor do tamanho de um limão no crânio. Eu desabei. Foi a primeira vez que chorei um choro da alma. Depois da cirurgia, minha mãe só respondia apertando meu dedo. Eu decidi parar de jogar. Parei por um ano. Sei que o futebol passa rápido, mas decidi cuidar dela, porque mãe é uma só, o amor ao futebol não é superior à família. Hoje, minha mãe está melhor, falando, comendo, mas está cega. A operação tem 3 anos. São as pessoas que se importam com você de verdade, o resto é conversa.
– Voltei a jogar no ano passado e foi muito difícil, porque jogador não pode parar nem por dois dias. Fui para o Camboriú (SC) e joguei muito bem. O Nova Iguaçu me ligou e eu vim. Aqui, me trataram como ser humano. Todo dia me chamaram para conversar, perguntando como estava minha mãe. Eu trabalho mais feliz. Esse acolhimento está sendo importante.
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