O Fluminense finalmente encerrou um longo período sem vitórias em clássicos ao derrotar o Vasco por 2 a 1 neste sábado, pondo fim a uma série de 13 jogos sem vencer rivais locais, o maior jejum da história do clube nesse tipo de confronto.
Fernando Diniz, técnico do Tricolor, comentou sobre a sequência negativa, indicando que a participação em competições como a Libertadores e a Recopa influenciou diretamente no desempenho do time nos clássicos anteriores, onde o clube optou por poupar jogadores visando sucesso nas competições continentais.
Na coletiva de imprensa após o jogo, Diniz criticou severamente a cultura do “resultadismo” no futebol brasileiro, que, segundo ele, põe uma pressão excessiva sobre os técnicos baseada puramente em resultados imediatos. Ele destacou como essa mentalidade afeta negativamente a carreira dos treinadores brasileiros, citando exemplos de colegas qualificados que ficam à margem do mercado devido a essa percepção.
— Acho que nesse sentido, vocês (imprensa) são formadores de opinião, participam muito. São os que mais batem nos treinadores. Vai vir um monte de treinador estrangeiro… Aqui a moda é a seguinte: vai vir aqui, não vai ganhar e vai ser mandado embora. Quantos treinadores estrangeiros o Botafogo já teve? E o Cruzeiro? É um processo. O cara vem, perde… Acho ridículo o que aconteceu com o (Thiago) Carpini, e o que acontece com os estrangeiros também. Não é que o (técnico) brasileiro não serve, ninguém serve. Serve só se ganhar. O Abel (Ferreira) não está aí há tanto tempo porque é bom. Ele é bom mesmo, senão não ganharia o que está ganhando. Mas ele está aí porque ganhou. Quando eu falo que essa é uma análise de resultados… Tem um monte de treinador brasileiro bom, mas tem menos tempo. A gente tem uma paciência maior para mandar estrangeiro embora, começou Diniz.
— O Roger Machado, na minha opinião, é um excelente treinador e ficou um tempão aí fora do mercado. Zé Ricardo, Barroca, Vagner Mancini… Todos são bons treinadores, mas a gente acha que é bom só quem ganha. O que veio para o Botafogo, Bruno Lage, é um excelente treinador. Se você for lá na Europa perguntar, ele tem mais currículo do que muitos aqui. Mas veio para o Botafogo, entrou no meio de uma confusão, campeonato é difícil. Vai impor ideias, perde, é mandado embora. Qual treinador é bom? Jorge Jesus é bom porque ganhou um monte de coisa aqui? Quando voltou para a casa dele no Benfica teve resultados ruins, foi mandado embora, agora tá bem na Arábia. O cara precisa ganhar para mostrar que é bom, complementou ele.
— A gente não avalia conteúdo, existe um automatismo de que quem ganha é bom e quem perde é ruim. Acho que o time jogou bem hoje, assim como contra o Bragantino. Mas o fato de ganhar praticamente anula a capacidade de enxergar e aprofundar a discussão sobre futebol. Esse é um dos piores males, uma doença no futebol brasileiro. E agora os treinadores brasileiros são assim.Se você pegar um time com orçamento de 30 milhões na mão desses que falei, entre outros, e der tempo para trabalhar, ele (treinador) vai ter chance de ganhar campeonato. Quando vem um treinador estrangeiro, são bem-vindos. Uma comissão técnica, daqui a pouco vem gerente, assessor de imprensa, jornalista. Aí a gente vira país colônia, extrativista total. A gente tem que ter um pouco mais de cuidado, que infelizmente temos muito pouco. Não acredito que essa relação seja justa em relação aos treinadores brasileiros, finalizou o técnico.
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