Nesta terça-feira (20), o Supremo Tribunal Federal negou o recurso apresentado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que buscava reconhecer Flamengo e Sport como campeões brasileiros de 1987.
A CBF apresentou uma resolução da própria entidade, publicada em 2011, que reconhece os dois clubes como campeões. O ministro Flávio Dino, relator do caso, negou o recurso, alegando que questões da Confederação Brasileira de Futebol não podem ser analisadas pelo STF.
— Da análise dos autos, verifica-se que o Tribunal de origem decidiu a controvérsia com fundamento no conjunto fático-probatório dos autos e nos regulamentos dos campeonatos brasileiros de futebol, cuja análise ou reexame se revelam inviáveis em recurso extraordinário -, disse o ministro em um trecho da decisão.
Diversos recursos já foram apresentados
Em maio deste ano, o STF julgou o mais recente recurso sobre o Brasileirão de 1987. O ministro Dias Toffoli manteve a decisão que havia proferido em 2023, quando negou recurso do Flamengo sobre o mesmo assunto. Com mais uma negativa, o Sport segue como único campeão brasileiro de 1987.
Polêmica do Brasileiro de 1987
Após diversas polêmicas envolvendo a postura da CBF, em abril de 1987, foi fundado o Clube dos 13, com o intuito de formar o Campeonato Brasileiro com os times de maior torcida do país. Nesse modo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Bahia anunciaram a disputa de um torneio próprio.
Com a mobilização dos clubes, a Confederação Brasileira de Futebol anunciou que realizaria o torneio com 40 equipes, como antigamente. Os grandes, então, fizeram uma composição com a CBF, mas foi mantida a Copa União, da qual também participaram Santa Cruz, Goiás e Coritiba.
Por outro lado, a CBF elaborou um regulamento que previa um cruzamento entre o campeão e o vice da Copa União (Módulo Verde) e o campeão e o vice do Módulo Amarelo (que na época era a segunda divisão). O Clube dos 13, porém, era contra a disputa final proposta pela entidade.
Representante do Clube dos 13 e do Vasco, Eurico Miranda se reuniu com a CBF e assinou o acordo do cruzamento. Eurico foi acusado de traição pelos fundadores do bloco, que não concordavam em ceder à CBF.
O torneio foi disputado com discussões, visto que o Clube dos 13 dizia que não teria cruzamento, e a CBF afirmava que sim. Dessa forma, a Copa União (primeira divisão) era transmitida normalmente por todo o Brasil. Ao fim da competição, o Flamengo venceu o Internacional e se sagrou campeão. O presidente Márcio Braga afirmou que não haveria cruzamento.
No Módulo Amarelo (segunda divisão), Sport e Guarani fizeram uma final sem vencedores, visto que o placar foi até 11 x 11 nos pênaltis, encerrando a partida e os dois clubes considerados campeões. Chegou em 1988, a CBF organizou a tabela com o cruzamento. Sport e Guarani foram a campo para enfrentar Internacional e Flamengo, mas foram decretados vencedores por W.O, visto que os times do Clube dos 13 não jogaram.
O primeiro jogo entre Sport e Guarani terminou empatado em 1 a 1, e na volta, 1 a 0 para o Leão, que foi proclamado campeão brasileiro.
A briga pelo reconhecimento do título dura anos na justiça, mas o Flamengo não consegue ser proclamado campeão nacional. Em 2018, o STF afirmou que o Sport é o único campeão, e o Fla, vencedor “apenas” do Módulo Verde.