O Santos Futebol Clube anunciou recentemente a venda dos naming rights da Vila Belmiro para a empresa de capitalização Viva Sorte, em um contrato de dez anos no valor de R$ 150 milhões, o que equivale a R$ 15 milhões anuais. Esse movimento é mais um exemplo da crescente tendência entre os clubes brasileiros de utilizar esse tipo de acordo como uma importante fonte de receita.
O mercado de naming rights no Brasil tem apresentado valores expressivos. O maior contrato até agora foi firmado pelo Pacaembu, em São Paulo, com o Mercado Livre. O acordo, válido por 30 anos, pode alcançar R$ 1 bilhão, com uma média de R$ 33,3 milhões por ano. Outros estádios, como a Allianz Parque e a Neo Química Arena, garantiram valores de R$ 15 milhões anuais por 20 anos.
A prática de venda dos naming rights começou no Brasil em 2005, quando a Arena da Baixada, do Athletico, passou a se chamar Kyocera Arena. Contudo, foi após a Copa do Mundo de 2014, com a construção de novas arenas, que essa prática se consolidou no país.
Com a parceria entre Santos e Viva Sorte, o número de estádios brasileiros com naming rights chega a 11. Destes, seis são utilizados por clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro: Allianz Parque (Palmeiras), Neo Química Arena (Corinthians), Ligga Arena (Athletico-PR), Arena MRV (Atlético-MG), Morumbis (São Paulo) e Casa de Apostas Arena Fonte Nova (Bahia). Além disso, a Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília, também já recebeu jogos da competição.
O contrato mais antigo em vigor é o do Palmeiras com a Allianz, assinado em 2013. Em 2017, o Atlético-MG seguiu o exemplo e negociou os direitos de nome da Arena MRV antes mesmo do início da construção. Em 2020, foi a vez do Corinthians acertar o contrato com a Neo Química, seguido pelo Banco BRB, que deu nome ao Mané Garrincha em 2022. Mais recentemente, em junho de 2023, o Athletico-PR firmou acordo com a Ligga Telecom.
Outros acordos também foram fechados nos últimos meses. O São Paulo FC, por exemplo, assinou com o conglomerado multinacional Mondelez, que rebatizou o estádio tricolor como Morumbis. Já a Fonte Nova, em Salvador, agora se chama Casa de Apostas Arena, após a empresa de apostas esportivas adquirir os direitos.
A tendência de venda dos naming rights parece longe de diminuir. O Flamengo, que recentemente comprou um terreno no Gasômetro, já planeja vender o direito de nomeação de sua futura arena, prevista para ser inaugurada em 2028. Segundo o presidente do clube, Rodolfo Landim, o nome oficial do estádio dependerá de negociações futuras e não haverá espaço para ‘apelidos’ que possam desvalorizar o ativo.
Especialistas reforçam a importância de estabelecer o naming rights desde o início da construção de uma arena. Anderson Nunes, Head de Negócios da Casa de Apostas, destacou que a ausência de um ‘apelido’ facilita a criação de uma identidade forte e atrativa para potenciais investidores.
Os contratos de naming rights se mostram cada vez mais estratégicos para os clubes, oferecendo uma alternativa de receita em um cenário de constantes desafios financeiros no futebol brasileiro. À medida que mais estádios aderem a essa prática, a tendência é que os valores aumentem, consolidando o modelo como uma importante fonte de recursos para os clubes.
Valores dos principais contratos de naming rights no Brasil:
- Mercado Livre Arena Pacaembu: R$ 1 bilhão por 30 anos (R$ 33,3 milhões/ano)
- Vila Viva Sorte (Santos): R$ 150 milhões por 10 anos (R$ 15 milhões/ano)
- Allianz Parque (Palmeiras): R$ 300 milhões por 20 anos (R$ 15 milhões/ano)
- Neo Química Arena (Corinthians): R$ 300 milhões por 20 anos (R$ 15 milhões/ano)
- Ligga Arena (Athletico-PR): R$ 200 milhões por 15 anos (R$ 13,3 milhões/ano)
- Casa de Apostas Arena Fonte Nova: R$ 52 milhões por 4 anos (R$ 13 milhões/ano)
- Arena MRV (Atlético-MG): R$ 71,8 milhões por 10 anos
- Arena BRB Mané Garrincha: R$ 7,5 milhões por 3 anos (R$ 2,5 milhões/ano)
- Casa de Apostas Arena das Dunas: R$ 6 milhões por 5 anos (R$ 1,2 milhões/ano)
- Arena Nicnet (Botafogo-SP): R$ 6 milhões por 5 anos (R$ 1,2 milhões/ano)