Lesão rara do meia no Real Madrid gera confusão até para médicos
A recente lesão de Jude Bellingham, estrela do Real Madrid, surpreendeu não apenas os torcedores, mas também a equipe médica do clube. A contusão, identificada em um músculo pouco conhecido e raramente lesionado, tem gerado dúvidas sobre seu tratamento e recuperação, levando especialistas a questionar a natureza incomum da lesão.
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Jéssyca Maria, fisioterapeuta esportiva associada à Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física, explica que a lesão de Bellingham afeta um músculo que, apesar de ser longo, não possui grande volume muscular, o que o torna uma parte do corpo raramente afetada em lesões esportivas.
“Essa lesão é muito rara, principalmente por ser um músculo que, apesar de longo, não tem grande volume muscular, fazendo com que ele não exerça grande função na articulação, apenas uma ajuda aos movimentos e, por isso, há poucos registros de lesão”, comenta.
A localização anatômica do músculo afetado também contribui para a complexidade do diagnóstico.
“Essa lesão é negligenciada em muitos casos, pois o músculo está colado nos principais músculos da panturrilha. Muitas vezes, uma lesão nele é confundida com uma lesão na panturrilha em geral”, explica Jéssyca Maria.
As causas dessa lesão rara estão geralmente ligadas a movimentos explosivos, como corridas rápidas e arranques, e ao estresse excessivo que o corpo de um atleta de alto desempenho sofre.
“Assim como as outras regiões do nosso corpo, o atleta está em constante estresse, e se essa região estiver enfraquecida, será um fator de risco”, explica Jéssyca.
Além disso, Flávia Magalhães, médica do esporte com mais de 20 anos de experiência, destaca a variação anatômica do músculo como outro fator que contribui para a raridade da lesão.
“A lesão é rara exatamente por sua posição anatômica, que possui variações, além de ter alterações no tamanho e também por não estar presente em 100% dos indivíduos”, disse.
A complexidade dessa lesão também se reflete no tratamento e na recuperação. Flávia Magalhães ressalta a importância de uma avaliação minuciosa para determinar o impacto da lesão no movimento e na propriocepção, a capacidade do corpo de perceber sua posição no espaço.
“Infelizmente, a literatura não nos traz informações precisas sobre o processo de tratamento e o tempo de retorno do atleta em lesões como essa. A recuperação vai se dar principalmente de acordo com os sintomas clínicos do atleta”, observa.
O processo de reabilitação de Bellingham já começou, com o jogador sendo afastado de suas atividades e iniciando a fase aguda do tratamento, focada no controle da dor e da inflamação.
“Na sequência, inicia-se a fase de recuperação da função, com introdução de exercícios mais leves, melhora do equilíbrio muscular e amplitude de movimento da articulação para um posterior retorno ao campo”, detalha a fisioterapeuta.
“Lesões simples em músculos como o plantar podem variar de quatro a seis semanas. Mas se houver uma lesão mais grave desse músculo, como um rompimento, o tempo pode aumentar”, conclui Flávia Magalhães.